Vice-Presidente da Subsea 7 no Brasil, Marcelo Xavier: Brasil ganha destaque por conta das oportunidades que oferece

O Brasil terá um papel de destaque nos próximos anos dentro do planejamento estratégico da Subsea 7, que atua há mais de 35 anos no país em áreas como subsea, serviços, manutenção, entre outras. Muito desse enfoque no mercado brasileiro se dará, claro, em virtude dos novos desenvolvimentos de campos do pré-sal previstos ao longo desta década. No curto prazo, uma das grandes expectativas da empresa é a decisão final de investimento da Equinor no campo de Bacalhau, na Bacia de Santos. A Subsea 7, como se sabe, fez a Engenharia de Pré-Detalhamento (FEED) das instalações submarinas do empreendimento e agora espera pela assinatura do contrato de engenharia, suprimentos, construção e instalação (EPCI). “Este contrato está para ser sancionado nos próximos meses”, projetou o diretor de vendas e marketing da empresa no Brasil, Daniel Hiller. Olhando mais adiante, a companhia demonstra claro interesse em buscar negócios em novos desenvolvimentos da Petrobrás no pré-sal, em áreas como Mero e Búzios, além de estar de olho projetos das petroleiras internacionais. “Monitoramos todos esses projetos [da Petrobrás] com bastante atenção. Nós, claro, queremos ter uma participação sempre relevante nesses desenvolvimentos. Além dos projetos que também monitoramos e participamos de forma ativa junto com as empresas internacionais, que enxergam o Brasil como uma área de crescimento“, revelou o vice-presidente da Subsea 7 no Brasil, Marcelo Xavier. Os executivos também comentaram sobre as expectativas relação ao mercado de energia renováveis no Brasil.

Antes de falar de futuro, gostaria de começar nossa entrevista relembrando o resultado da empresa no ano passado, que teve números positivos. Poderia compartilhar conosco ao que se deve esse desempenho?

Marcelo – Oficializamos recentemente a entrega do ano de 2020 com a publicação de nossos resultados para nossos investidores. Consolidamos de forma positiva um aumento na nossa carteira de trabalho, que ficou 20% maior em comparação com o ano anterior. Foi um resultado bastante positivo em um ano que o setor passou por uma combinação de fatores bastante particular – a pandemia do coronavírus, a recessão mundial e a diminuição de demanda por combustíveis. Em paralelo, existiu ainda uma discussão acelerada sobre a transição energética. Então, esses elementos acabaram compondo um cenário de bastante pressão para o segmento de óleo e gás.

Mas mesmo diante de um cenário desafiador como esse, a Subsea 7 soube tomar algumas ações decisivas, logo no início dessa crise. Antes de mais nada, o principal trabalho feito foi o de cuidar de nossas pessoas e ter a certeza de continuar nossas operações, mesmo diante de um cenário de pandemia.

Ainda no primeiro trimestre de 2020, anunciamos uma série de medidas internas dentro do grupo da Subsea 7, que passou por uma otimização de recursos e ativos. Ter tomado ações decisivas de forma célere foi importante para proteger nossa sólida posição. A empresa se posicionou para a demanda que cresce e para as oportunidades que continuam acontecendo, principalmente em mercados bastante resilientes. E também se posicionou para um mercado que começa a acelerar e ganhar mais projetos, que é o de renováveis. Então, acho que esse foi o fator fundamental para vencermos 2020 de uma forma positiva.

E quanto ao projeto de Bacalhau? Pode nos atualizar sobre o andamento do contrato com a Equinor envolvendo o FEED do campo?

Diretor de vendas e marketing da empresa no Brasil, Daniel Hiller: expectativa com assinatura do contrato de EPCI em Bacalhau

Daniel – A história de Bacalhau começou há vários anos atrás. É uma história que embarca o conceito de engajamento antecipado, que a Subsea 7 vem promovendo como grande viabilizador de criação de valor para o planejamento do desenvolvimento do campo de forma antecipada e mais próxima aos nossos clientes. Bacalhau é uma área especial para a Equinor fora da Noruega, com algumas características específicas do seu óleo. Trabalhamos junto com a Equinor nesse modelo antecipado.

A Subsea 7 participou do processo de engajamento e competição de projeto, onde fomos selecionados pela Equinor como a melhor solução para uma etapa seguinte, que é um FEED atrelado a um contrato de construção EPCI. Este contrato está para ser sancionado nos próximos meses. Com esse tipo de approach, conseguimos acelerar o desenvolvimento desse campo.

Estamos em fase bastante avançada, já com compra de itens de longo prazo, engenharia bastante encaminhada e preços fechados com nossos clientes e parceiros para todo o desenvolvimento. Acho que isso é uma prova viva de como dá certo essa estratégia de parcerias, engajamento antecipado e embarque de tecnologias especiais para tubos resistentes à corrosão e outros equipamentos específicos que dão um desempenho maior ao sistema submarino.

A Equinor está bem otimista e satisfeita. Tem sido vocal em nossas conversas que a empresa está muito satisfeita com o resultado e com o andamento do projeto até agora.

Marcelo, o senhor mencionou o relatório anual da empresa, que foi apresentando recentemente. Lendo o documento, é possível notar uma perspectiva positiva da empresa em relação ao Brasil. Pode então falar um pouco da expectativa da Subsea 7 para o país nos próximos anos?

Marcelo – Nós encaramos com destaque a posição do Brasil, por conta das oportunidades que existem por aqui.  A Subsea 7 opera no país há mais de 35 anos e conseguimos construir uma história de bastante sucesso vinculada à evolução do setor aqui no Brasil. Vemos com muito otimismo o cenário de futuro. Há uma carteira de portfólio de projetos com muita demanda de novos empreendimentos, que visam a viabilização de uma tendência de crescimento na produção. Hoje, o Brasil está perto da faixa dos 3 milhões de barris por dia, com expectativa de continuar subindo esse valor nos próximos anos, mesmo diante de um cenário onde o pico de óleo começa a ser discutido de uma forma mais antecipada.

A competitividade dos reservatórios brasileiros é destaque. O nível de custo para extração desses recursos consegue competir hoje com as melhores reservas do mundo. O pré-sal é o foco absoluto da Petrobrás e também das principais empresas de energia do mundo, que olham para oportunidade de adquirir esses blocos e ativos. Então, o Brasil tem um cenário de mercado demandante, com o foco da Petrobrás em ativos de alta performance, junto com a atração de empresas internacionais.

Me permita também falar de uma arena que nós entendemos ser de valor e oportunidade também para a prosperidade no setor local. Me refiro aos campos maduros, que entram no processo de desinvestimentos. A Petrobrás está focando sua atua atuação em ativos de primeira classe e busca fazer desinvestimentos em ativos que podem ser operados por empresas menores. Então, vemos aqui outra arena de oportunidades, com empresas já comprando campos que são desinvestidos pela Petrobrás. Isso também reforça uma outra demanda que também se mostra claramente resiliente, mesmo em um cenário de preço que vivemos hoje.

E qual será a estratégia da Subsea 7 para o Brasil?

Marcelo – Estamos evoluindo em uma estratégia que vem maturando nos últimos anos em função da dinâmica do mercado local, buscando uma posição de liderança no setor através de criação de valor. A Subsea 7 no Brasil tem uma agenda estratégica muito clara, procurando trazer elementos diferenciadores: tecnologia e aceleração para os desenvolvimentos dos operadores. Através desse valor diferenciado, queremos oferecer soluções comercialmente competitivas e tecnicamente adequadas para entregar o melhor retorno.

Estamos direcionados para uma multiplicidade de clientes. Isto é, a busca de valor entendendo que existem arenas e clientes com perfis e metas diferentes. Um norte direcionador para nossa equipe é ter a capacidade de estabelecer essa estratégia que entrega valor para a Petrobrás e também para os demais clientes que estão chegando ao Brasil.

Daniel – A nossa estratégia é de crescimento de forma sustentável. Isso implica em garantir aos nossos clientes a confiabilidade das nossas entregas. Isso é importante em um momento de crescimento e é um ponto que prezamos muito.

Além disso, entendemos que esse crescimento acontecerá em cima das reservas do pré-sal. Mas também estamos com uma proposta de customizar as nossas soluções para todos os tipos de clientes e desenvolvimentos. Ou seja, temos essa capacidade de customização das soluções, atendendo vários tipos de desenvolvimentos, desde as águas profundas e pré-sal até os brownfields e projetos de tiebacks pequenos. A estratégia de customização passa por entender as necessidades de cada desenvolvimento e oferecer uma solução específica.

E por último, queremos continuar destravando novos mercados, criar soluções e ajudar na regulamentação de novos mercados. Já  mencionei a questão dos tiebacks e brownfields, mas também olhando para o mercado de gás natural e o mercado de renováveis. Estamos com uma agenda de participação proativa para ajudar a modelagem do mercado e na parte regulatória. Queremos participar dessas discussões e nos preparar para o que vem pela frente.

Falando especificamente de novas oportunidades de negócios, gostaria de conhecer quais são as licitações ou projetos no Brasil que despertam interesse da Subsea 7.

Marcelo – Sabemos que existe uma quantidade importante de novos projetos que são, de certa forma, públicos dentro do plano estratégico da Petrobrás. Monitoramos todos esses projetos com bastante atenção. Nós, claro, queremos ter uma participação sempre relevante nesses desenvolvimentos. Além dos projetos que também monitoramos e participamos de forma ativa junto com as empresas internacionais, que enxergam o Brasil como uma área de crescimento.

Então, continuamos monitorando os projetos de Mero. Também iniciamos agora uma participação dentro do programa de Búzios, que entendemos também será, assim como Mero, um programa longo e de múltiplos projetos em sequência.

Além disso, há uma série de outras oportunidades vinculadas à Petrobrás para alocação de ativos e de entrega de serviços destacados em águas ultraprofundas. Aqui, faço destaque também aos próprios PLSVs, já que a Petrobrás volta ao mercado, após muitos anos sem fazer contratação de embarcações para este tipo de atendimento. Nós também continuamos monitorando todo o tipo de desenvolvimento tecnológico da Petrobrás e soluções submarinas de gerenciamento de conteúdo de gás natural em alguns campos, que devem também destravar algumas oportunidades. Tentamos discutir também oportunidades que fazem parte de uma agenda sustentável, junto com descomissionamento. Uma série de ativos antigos que a Petrobrás precisará, em algum momento, dar algum tipo de destino.

E em relação aos projetos das petroleiras internacionais?

Marcelo – Os projetos internacionais também são conhecidos. A Equinor entra em uma fase de continuar desenvolvendo o bloco BM-C-33 e existe a expectativa de Bacalhau fase 2 dentro do portfólio da empresa. A Total também tem um portfólio no Brasil, visando crescimento de expansão no campo de Lapa em outras fases. Já fizemos uma série de trabalhos para a Shell no Brasil, em operações no pós-sal, no passado. Entendemos que existem desenvolvimentos por vir em Gato do Mato e em outros campos da empresa.

Faço também uma menção à ExxonMobil, que fez uma aquisição de blocos e deve ter uma participação bastante protagonista em um cenário de exploração de sucesso nos anos que virão. Esses blocos devem se converter em grandes projetos também. Entendemos que pode ser algo parecido com que eles vêm desenvolvendo em Guiana.

Daniel – Gostaria de acrescentar algo sobre o timing que estamos vendo após o choque repentino que ocorreu no passado. Houve esse impacto, que realmente desacelerou as atividades. Agora está havendo um retorno das atividades de licitações, puxado pela Petrobrás, mas também acompanhada pelas petroleiras internacionais. Isso faz com que esse ano de 2021 seja de bastante atividade de propostas. É bem interessante ver a resiliência do setor de óleo e gás brasileiro. As perspectivas são bastante positivas para o Brasil.

Para encerrar nossa conversa, eu pediria que nos contassem também um pouco sobre os planos e perspectivas da Subsea 7 com o mercado de renováveis no Brasil.