* Mauricio Aballo, CEO Euro Colchões
O mercado de maneira geral e todos os seus segmentos foram e ainda estão sendo impactados de alguma forma pela pandemia do coronavírus e a economia segue sentindo as variações provocadas pelo isolamento social, uma medida imposta pelo poder público para conter a propagação da doença.
Os momentos que todos nós passamos ao longo da pandemia, com os números alarmantes de óbitos e toda a insegurança e apreensão com relação à doença, fizeram com que boa parte das pessoas passassem a dar prioridade para o bem-estar, a qualidade de vida e uma rotina mais saudável. Começamos a Ficar em casa por mais tempo, e nosso teto se transformou no lugar mais importante para nos mantermos seguros. Com isso, os itens voltados para reforma e melhoria no conforto do lar, como é o caso dos colchões, ganharam maior atenção e tiveram um aumento expressivo nas vendas.
Alguns segmentos cresceram e ganharam forma, como é o caso do e-commerce, que se tornou a principal maneira das empresas se manterem ativas e não fecharem as portas na crise. A pandemia influenciou um maior número de compras online para produtos destinados para casa. No mercado de colchões essa influência não foi diferente. Temos registros do setor que, somente no ano passado, tiveram aumento de 200% nas vendas online. Vale lembrar que o colchão em si sempre foi um produto comprado fisicamente, o que fez com que as marcas tivessem que se adaptar buscando recursos tecnológicos para viabilizar e facilitar a compra online para o consumidor.
Falando especificamente sobre o mercado de colchões, posso afirmar que houve uma intensa mudança no comportamento do consumidor. Se antes da pandemia a prioridade era o preço, hoje o consumidor busca máxima qualidade do produto, seus diferenciais e, claro, informações sobre como aquele item vai impactar na melhora do seu sono e na sua qualidade de vida. Um exemplo dessa mudança de comportamento é o aumento nas vendas de colchões king e queen, com medidas maiores.
Nunca a venda de colchões king e queen foi tão grande. Segundo dados de uma rede de franquias do setor, a comercialização desses modelos aumentou 26,9% no último ano.
O aumento da demanda fez com que as fábricas enfrentassem a falta de insumos para produção. Caiu, muito, a oferta de materiais básicos, como tecidos de revestimento, aço para a composição da estrutura e, principalmente, o TDI – Tolueno Diisocianato, matéria-prima essencial para a fabricação de Poliuretanos, usados na composição de espumas flexíveis para a confecção de colchões, interior automotivo, entre outros. Grande parte desse material é importado, principalmente da China que, reajustou os preços.
Segundo a ABICOL (Associação Brasileira das Indústria de Colchões), nunca vivemos um momento tão crítico para o mercado colchoeiro. A pandemia fez com que a falta de insumos atingisse quase todos os setores da economia, e para as compras destinadas a itens para casa não foi diferente.
De acordo com os dados da Conjuntura de Móveis, relatório idealizado pela Associação Brasileira das Indústrias do Mobiliário (Abimóvel) em parceria com o Iemi (Inteligência de Mercado), as exportações de móveis e colchões fecharam o ano de 2020 com um crescimento de 5,1% em volume em relação ao resultado do acumulado de 2019. Em termos de valores exportados, US$ 628,2 milhões, houve recuo de 2,5%, também comparado com o ano anterior. Para 2021, dentro de um contexto ainda desconhecido para todos, a expectativa é que o mercado de colchões consiga se manter.