Relatório mostra que número de cidades com políticas de substituição de matriz fóssil quintuplicou em 2020; no Brasil fenômeno é mais lento.
O número de cidades do mundo que passaram a impor proibições parciais ou totais aos combustíveis fósseis aumentou cinco vezes em 2020. Esta foi a conclusão da edição de 2021 do Relatório de Status Global de Energias Renováveis nas Cidades da REN21, levantamento anual que reúne os esforços globais de transição energética. O documento da REN21, comunidade global com representantes da ciência, de ONGs, governos e indústria, mostra que 1 bilhão de pessoas já vivem em cidades com alguma meta ou política de energia renovável.
Para o relatório, as cidades brasileiras, apesar de o etanol substituir 48% da gasolina na matriz de transporte do país, estão defasadas nessas políticas. Apenas 13 cidades tinham metas ou políticas de energia renovável, de um total global de mais de 1300 cidades avaliadas. Porém, os autores destacam que essas cidades cobrem 51,6 milhões de pessoas, 28% da população urbana do Brasil.
Mesmo com o baixo número de cidades brasileiras, há dois estudos de caso de ações tomadas no Brasil. O primeiro é em Recife (PE), a única cidade brasileira a ter decretado emergência climática (1852 cidades fizeram essa declaração em todo o mundo em 2020); e outro sobre Palmas (TO), que tem uma política consistente de incentivo à energia solar distribuída.
Entre as cidades brasileiras com metas, os destaques são Belo Horizonte (MG), que estabeleceu uma meta de emissão zero em 2020; Cáceres (MT) e Itu (SP), que atingiram 100% de suas metas para energias renováveis em prédios e operações municipais. Além disso, São Paulo é destacada por ter estabelecido ações para energia solar e eletrificação de transporte público e também Uberlândia (MG), que quase triplicou a geração distribuída de energia solar entre 2019 e 2020.
Como recomendação, a partir de modelos das cidades com políticas mais avançadas, como San Francisco (EUA), Hamburgo (Alemanha) e Xangai (China), o relatório orienta as cidades a adotar códigos de construção rigorosos e obrigações de uso de energia renovável, impondo metas para descontinuação da matriz fóssil (gás, petróleo e carvão). (FotoVolt)