* Karoline Saori Kutomi é engenheira técnico-comercial da Master Polymers

Devido à falta de matéria-prima, as indústrias de polímeros do Brasil têm passado por algumas dificuldades. Não tem sido fácil, entretanto uma das soluções é buscar alternativas, e dentre os materiais do portfólio da Master Polymers, a policetona (PK) vem se destacando no mercado para substituir a poliamida 6 (PA6) e 66 (PA66).

O PK é um polímero termoplástico de alta performance semicristalino produzido pela empresa Hyosung Polyketone, com a sede localizada na Coréia do Sul. Este material apresenta na sua cadeia principal apenas os carbonos, permitindo uma simetria molecular.

Essa simetria molecular, juntamente com a flexibilidade da cadeia em consequência do grupo cetona que é responsável por criar uma forte atração entre as cadeias poliméricas, aumentam a cristalização, promovendo algumas propriedades como:

 

  • Excelente resistência à hidrólise
  • Excelente resistência ao impacto
  • Excelente resistência ao desgaste
  • Excelente resistência química
  • Excelente resistência térmica
  • Alto nível de ductilidade
  • Boa propriedade de barreira
  • Baixa absorção de umidade

 

A policetona possui aprovação para contato com água potável e alimentos, com certificações FDA e NSF, e possui versões antichama listados na UL Prospector.

 

O PA 6 e 66, também são polímeros termoplásticos semicristalinos, sendo a principal diferença: a poliamida 66 é extremamente rígida e resistente até 180ºC sob condição de trabalho intermitente e a poliamida 6 é mais flexível e não resiste a temperaturas de trabalho superiores a 130ºC. No geral, eles apresentam as seguintes propriedades:

 

  • Alta rigidez
  • Boa flexibilidade
  • Boa resistência ao impacto
  • Boa resistência ao desgaste
  • Boa resistência química
  • Boa propriedade de barreira

 

Comparando as propriedades do PA e PK, pode-se observar que há uma semelhança. No entanto, o PK performa de forma superior em alguns pontos, como no caso da resistência química,

 

  PK PA 66
Hidrocarbonetos + +
Cetonas + +
Éster/Éter + +
Aldeídos + o
Água + o
Ácidos Fracos + o
Bases Fracas + o
Ácidos Fortes o o
Bases Fortes o o

* + (resistente), o (não resistente).

Analisando a tabela e o gráfico acima, pode-se observar que a poliamida tem uma certa resistência química, porém a policetona consegue resistir a mais compostos químicos, como fluidos automotivos, solventes de hidrocarbonetos, sais, ácidos e bases fracos. E que a resistência à tração do PK não é tão afetada mesmo se entrar em contato com produtos químicos após alguns dias, ao contrário do PA.

Em relação a absorção de água, a poliamida não é a melhor referência, como mostrado nos gráficos e tabela abaixo,

Os polímeros PK não são suscetíveis à hidrólise. Eles exibem resistência à hidrólise em uma ampla faixa de ambiente aquoso e absorvem pequenas quantidades de água, resultando em quase nenhum efeito na resistência e permite uma ótima estabilidade dimensional. Da tabela, é possível observar que a resistência ao impacto dos polímeros PK é excepcionalmente alta (mais que o dobro).

Uma outra propriedade em que o PK se destaca é a excelente resistência ao desgaste. No gráfico a seguir, pode-se notar que o PA 6 e 66 perdem mais massa do que o PK, resultado das revoluções de engrenagens, ou seja, as peças feitas em PK apresentaram uma durabilidade maior em contato com o agente abrasivo do que o PA 6 e 66, ou mesmo o POM (poliacetal), material conhecido por ter boa resistência a abrasão.

Em vista dos fatos apresentados, pode-se dizer que as policetonas são polímeros muito versáteis, com excelentes propriedades mecânicas e várias vantagens, competindo diretamente com outros plásticos de engenharia, como as poliamidas. As linhas de PK podem ser aplicados em diversas áreas como industrial, automotivos, embalagens, eletro e eletrônicos.