Almejando uma retomada já nos primeiros meses de 2021, o setor calçadista foi pego de surpresa pelo acirramento da crise da Covid-19, especialmente diante da explosão de casos em grandes centros e a consequente necessidade de fechamento do comércio por mais tempo do que o previsto. Com a maior parte das vendas no mercado interno, onde comercializa mais de 85% da sua produção total, a indústria calçadista nacional chegou a criar 18,6 mil postos de trabalho nos dois primeiros meses do ano, na onda do otimismo da retomada do consumo. Nos dois meses seguintes, com o recrudescimento da Covid-19 e a volta das restrições ao comércio físico, o setor perdeu mais de mais de 10,5 mil empregos. Atualmente, o setor calçadista emprega 255 mil pessoas de forma direta em todo o Brasil.

O presidente-executivo da Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados), Haroldo Ferreira, destaca que a queda deve arrefecer com a possibilidade de redução de jornada e suspensão de contratos de trabalho, proporcionada pela reedição do Benefício Emergencial de Manutenção do Emprego e da Renda (BEm). “Como o benefício foi reeditado somente no final de abril, não houve tempo para estancar uma perda maior de postos. Em maio teremos um reflexo importante”, projeta o dirigente.

Postos poupados
Levantamento da Abicalçados aponta que desde a reedição do BEm, no final de abril, foram realizados mais de 60 mil acordos no âmbito da indústria calçadista, 56,6 mil deles só em maio. “Podemos dizer que boa parte desses 60 mil acordos salvaram milhares de empregos que seriam perdidos na indústria calçadista”, acrescenta.

Para Ferreira, uma possível recuperação só poderá ser sentida a partir de julho, com o avanço da vacinação em massa e a normalização das atividades do comércio físico de calçados em grandes centros de consumo. “Devemos encerrar o ano com crescimento de 12% na produção de calçados, o que deve ter impacto positivo no emprego”, conclui o executivo.

Criado no ano passado, o BEm permite que empresas reduzam jornada ou suspendam contratos de trabalho, sendo que o Governo Federal paga complemento salarial para o trabalhador durante o período do acordo, gerando fôlego para a empresa e evitando demissões.