A auditoria internacional RSM presente em mais de 112 países e que no Brasil conta com escritórios em São Paulo, Paraná e Rio de Janeiro, divulga os levantamentos feitos no primeiro semestre de 2015 sobre a situação das indústrias de manufaturas no mundo todo, onde foram ouvidos 1660 CEOs e diretores.

Batizada de Monitor, a pesquisa visa entender a dinâmica do setor de manufatura e de distribuição mundo afora. “Acreditamos que o impacto da manufatura tanto sobre o emprego como sobre o PIB dos países é provavelmente o elemento mais relevante das economias, principalmente as mais desenvolvidas” explica Wesley Figueira, Senior Partner da RSM no Brasil.

São quatro os temas levantados:

·        Visão Geral da Economia sob o ponto de vista da indústria;

·        Inovação e Crescimento: como a inovação está sendo usada para atingir o crescimento e ganhos de produtividade propostos;

·        Globalização: as tendências globais são os fatores que, no longo prazo, mais contribuem para decisões estratégicas de “capital deployment” pelas indústrias, que agem sempre no médio e longo prazos;

·        Tecnologia da Informação: como a indústria tem-se utilizado de TI para cumprir suas metas.

Visão Econômica

O Monitor apontou o percentual de empresas que se define como “Capital Intensive” (22,3%) e Labor Intensive (25,4%) em todo o mundo, e como essa visão é basicamente a mesma em todo o mundo – é a típica “indústria” apontando como principal responsável por manter as populações ativas economicamente e fonte de geração de renda.

 Inovação

Apenas 15% das indústrias se consideram “Focadas em Inovação”, sendo que as que se consideram mais “inovadoras” estão localizadas fora dos EUA.

No resto do mundo, as preocupações com inovação não têm sido tão aparentes, recentemente – reflexo da recente crise, principalmente na Europa.

Há um certo relaxamento na manutenção e suporte a processos criativos e inovadores. A indústria, porém, entende que apenas novos produtos, novas ideias, vão recoloca-la na posição de destaque que sempre teve. É inegável, porém, que inovação não tem sido o aspecto que mais incomoda os líderes da indústria, nos últimos tempos.

“De novo, talvez efeito da crise – quando deveria ser o contrário, aparentemente. A pesquisa demonstra claramente que houve encolhimento nas verbas para inovação, e disposição para assumir riscos de criação e lançamento de produtos novos” explica Figueira.

TI

Na área de TI as indústrias, principalmente as brasileiras, se consideram moderadamente confiantes em sua capacidade de combater/evitar fraudes, invasões e ameaças do gênero. Essa afirmação é baseada também na alegação das empresas de que “jamais tiveram brechas em seus sistemas” (65% Globalmente e 85% no Brasil).

“Hoje em dia, na era da tecnologia em que os hackers invadem muitos sistemas este resultado é um pouco discrepante. É possível que os participantes tenham ficado com medo, ou mesmo vergonha, de responder com 100% de honestidade. Entendemos que os casos que vemos diuturnamente não sancionam uma visão tão “rosada” da segurança em TI”, argumenta Figueira.

O Brasil aparece atrás, na área de TI, na implantação de sistemas de armazenamento de dados em nuvem (Cloud Data). 50% das empresas não pretendem investir nessa área, mesmo sendo uma área crescente em todo o mundo, e que tem se mostrado uma ótima solução de segurança e espaço, no lugar dos antigos (e não raras vezes caros e desprotegidos) servidores.

Enquanto no resto do mundo os números são bem mais equilibrados. O setor industrial já investe nessa tecnologia há algum tempo, com bons resultados em termos de redução de custos e ganhos de confiabilidade e segurança.

Outro ponto surpreendente vem da chamada “CyberSecurity”, fraude de colaboradores e responsabilidade sobre produtos: existem poucos investimentos na área, e pouquíssima intenção de investimento. No Brasil 54% (Fraudes e prevenção de riscos) e 60% (cybersecurity) dos entrevistados não pretendem investir nessas áreas.  Há uma vulnerabilidade importante aqui, e de difícil detecção, se o assunto for deixado tão somente dentro da província do pessoal ligado a TI – dificilmente, exceto em caso de roubo com consequências imediatas, haverá uma autodenúncia sobre brechas importantes. Isso cabe, então, à alta gestão impor e implantar.

O advento da Lei Anticorrupção no Brasil não fez com que as indústrias passassem a pensar mais seriamente em Compliance (63,9%).  Globalmente o número empresas preocupadas com Compliance tende a ser menor porque a maioria das indústrias já possui Programas de Compliance implantados, já que a lei da maior parte dos países da OCDE exige isso há mais tempo.

“As indústrias precisam perceber a necessidade de investir em segurança em TI. Elas precisam conhecer suas vulnerabilidades. A impressão obtida é que algo mais ou menos trágico precisará ocorrer para que os investimentos em segurança da informação comecem a ser prioridade” avalia Figueira. 

Globalização

As indústrias brasileiras mantem 80% de sua receita em Real e apenas 20% em Dólar e outras moedas. Elas têm poucos negócios internacionais ao contrário do resto do mundo. O nível de internacionalização da indústria brasileira, pela amostra tomada, reflete o que já se sabe no país e que é muitas vezes desprezado pelo Governo, como política – a necessidade da internacionalização da base de receita das indústrias nacionais, através do estímulo a que essas empresas se lancem na conquista de mercados internacionais.

Isso é um “hedge” natural do Brasil contra sacolejos mais fortes da economia. Para as empresas, é uma segurança de sobrevivência de mais longo prazo. Contrariamente, o regime tributário ofertado a quem tem participação em sociedades estrangeiras é mais severo do que para aquelas com atuação somente no mercado nacional.

Os dados mostram que a indústria brasileira exporta um pouco menos do que as indústrias do restante do mundo, mesmo com a recente desvalorização do Real. Nota-se, porém, que existe a intenção de se lançar, ou retornar ao mercado internacional, por parte das indústrias brasileiras. A pesquisa indica que as indústrias formalizaram novos produtos para ter crescimento e mudanças na área de inovação (65% no Brasil alegaram sua estratégia baseada em novos produtos).

A indústria brasileira, pela amostra apresentada, se mostra bem confiante na sua capacidade de competir com concorrentes internacionais (rigorosos programas de inteligência competitiva, novas tecnologias, planejamento diferenciado e força de trabalho são os pontos apontados como mais importantes para vencer a competição pelo mercado).

A manutenção de um real desvalorizado, ou mais ajustado à realidade do país, certamente é um papel importante aqui, mas nota-se que, com a desoneração de folha (ainda um tema sob definição) somada aos efeitos da Lei Kandir, ao real desvalorizado e à relativa abundância de mão de obra, pós “choque de desemprego”, poderá, por vias indiretas, dar mais competitividade aos produtos nacionais no mercado internacional.

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