Pesquisadores desenvolveram um método para reciclar e remodelar produtos de espuma de poliuretano existentes, incorporando um catalisador à base de zircônio no material

Fonte: Universidade Northwestern

As aplicações do polímero poliuretano são onipresentes: principalmente na forma de espuma com diferentes graus de rigidez, ele é usado em todos os lugares, desde colchões até sapatos. Mas quando estes produtos deixam de ser usados, estes materiais inundam aterros sanitários e oceanos em todo o mundo.

Recentemente, um grupo de pesquisadores da Universidade Northwestern, nos Estados Unidos, desenvolveu um novo método de reciclagem para espumas de poliuretano, que utiliza catalisadores não tóxicos e mais ecológicos, conforme descrito em artigo publicado na revista científica Macromolecules.

O processo envolve reações químicas que simultaneamente reprocessam e ‘reespumam’ o poliuretano após o aquecimento na presença de um catalisador à base de zircônio e a introdução de um agente espumante. A espuma reciclada manteve sua durabilidade e integridade estrutural e química. O processo em si foi descrito em um artigo relacionado publicado no início do mês de agosto na revista científica Advanced Materials.

Dr. William Dichtel, professor de Química da Universidade Northwestern, liderou a equipe de pesquisa e classificou a descoberta como um ‘grande passo’ [na reciclagem de materiais]. Quando os plásticos com um ciclo de vida circular são produzidos, tornam-se uma parte importante da economia do futuro.

“Os tipos de polímeros que exigem essa abordagem catalítica são chamados de termofixos, ou polímeros reticulados”, disse o Dr. William Dichtel, que é professor afiliado do Instituto de Sustentabilidade e Energia da Universidade Northwestern. “Os [plásticos] termofixos são importantes devido à sua durabilidade e estabilidade superiores, mas essas propriedades prejudicam a reciclabilidade. Novos métodos para reciclar termofixos reduzirão as emissões de gases de efeito estufa, economizarão energia e diminuirão o uso de aterros sanitários”, destacou o professor.

Este ‘ciclo de vida circular’ refere-se a materiais que são reprocessados ou remanufaturados com perda mínima de qualidade e valor, em vez de serem usados uma vez e descartados ou destruídos.

A reciclagem tradicional de polímeros plásticos envolve derreter o plástico e depois moldá-lo para um novo uso. Mas os plásticos mais duráveis – como os poliuretanos usados em isolamentos térmicos e acústicos, interiores de automóveis e tipos de vestuário – não derretem devido à sua estrutura reticulada.

O professor Dichtel e sua equipe desenvolveram um método para reciclar e remodelar produtos de espuma de poliuretano existentes, incorporando um catalisador à base de zircônio no material depois de misturado em pedaços menores usando um liquidificador simples. Anteriormente, eles dependiam de catalisadores à base de estanho para este processo, mas esses catalisadores são tóxicos demais para serem usados.

Quando o poliuretano é aquecido, o catalisador de zircônio reorganiza suas ligações e permite que o material seja remodelado. Ao mesmo tempo, uma substância chamada ‘agente espumante’ gera novas bolhas de gás, que ficam presas no plástico. Desta forma, a velha espuma de poliuretano, normalmente usada apenas uma vez, é transformada numa espuma nova e remodelada.

A descoberta baseia-se na pesquisa anterior do Dr. William Dichtel, que estabeleceu uma forma de reciclar espuma de poliuretano em plásticos sólidos. Estes resultados foram um passo importante em direção à economia circular do poliuretano; no entanto, os produtos plásticos sólidos produzidos no estudo não são utilizados comercialmente. A capacidade de reciclar uma espuma em outro produto de espuma é muito mais importante e foi possibilitada por uma colaboração importante com cientistas da BASF, um grande produtor de poliuretano.

As implicações da nova técnica são globais, de acordo com o estudo. A descoberta poderia ser aplicada a produtos de espuma de poliuretano pós-consumo ou a resíduos plásticos industriais não utilizados. “Estamos entusiasmados em trabalhar com nossos parceiros da BASF, um dos produtores de poliuretano mais importantes e inovadores do mundo, para continuar nossa busca para tornar o poliuretano mais circular e sustentável”, concluiu o professor William Dichtel. (Win Reynolds, Universidade Northwestern. Imagem: Pixabay.- ambiental t4h)