O número de unidades vendidas às montadoras teve queda de 19,7% em quantidade nos primeiros sete meses do ano, enquanto a tonelagem teve redução de 30,7%, devido à grande diminuição das vendas de pneus de carga
O setor de pneus viveu nos primeiros sete meses do ano duas realidades distintas. A redução na venda de pneus de carga (para ônibus e caminhões) em todos os segmentos de mercado, incluindo montadoras (-44,5%), reposição (-5,3%) e exportações (-30,5%), foi compensada parcialmente pelo aumento na comercialização de pneus de passeio e industriais alavancado pela demanda do segmento de reposição. De modo geral houve redução nos números de fornecimento à indústria nacional, incluindo todos os tipos de pneus: passeio, camionetas, carga, duas rodas, industriais, agrícolas e OTR. “Os dados mostram a extensão do problema enfrentado atualmente pelo segmento, resultado direto da queda na produção automotiva. No setor de caminhões, por exemplo, números da NTC& Logística mostram que há mais de 100 mil destes veículos parados, o equivalente a 13,5% da frota”, afirma Alberto Mayer, presidente executivo da ANIP.
A indústria de pneus completou sete meses com queda de 19,7% no volume entregue às montadoras de todos os tipos de veículos, passando de 11,003 milhões para 8,831 milhões de unidades quando comparado com o período de janeiro a julho de 2014. Já em toneladas, a redução alcançou 30,7% refletindo a menor venda de veículos de carga (caminhões e ônibus) cujos pneus têm peso e valor superior.
As vendas totais de pneus pelas indústrias do país fecharam os primeiros sete meses com queda de 0,6%, passando de 43,313 milhões de unidades em 2014 para 43,046 milhões no mesmo período em 2015.
Balança Comercial
A indústria nacional de pneus reunida na ANIP continua a manter um saldo comercial positivo na balança, que atingiu US$ 392,9 milhões nos primeiros sete meses de 2015.
“Estamos buscando novos clientes e mercados para os pneus brasileiros, cuja qualidade é internacional. No momento participamos ativamente das tratativas do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio para realizar acordos comerciais com outros países e vemos boas perspectivas de aumentar as vendas para vizinhos como Peru e Colômbia, com os quais há negociações em andamento”, comenta Alberto Mayer.
Apesar do desempenho favorável da indústria a balança comercial geral de pneus continua apresentando déficit, que chegou a US$ 18,4 milhões nos primeiros sete meses, pelas importações realizadas por terceiros, num montante de US$ 411,3 milhões. “Houve uma redução de 27,3% no total de pneus importados em relação a 2014, refletindo a desaceleração econômica e também a oscilação do câmbio”, acrescenta o executivo.
Para Mayer a importação de produtos, desde que seja feita de forma correta, sem dumping ou outra forma de fugir à legislação é parte dos negócios de qualquer setor. O que afeta negativamente a indústria são os procedimentos irregulares na importação e o não cumprimento da obrigação de recolher os pneus inservíveis, o que pode criar condições para um cenário de competição desleal. Nos últimos cinco anos os fabricantes recolheram 104,5% do da quantidade de inservíveis definida pelo IBAMA, enquanto os importadores se limitaram a 76,6%, o que, além de reduzir seus custos, deixou no meio ambiente um passivo equivalente a mais de 43,8 milhões de pneus de carro de passeio”, finaliza Alberto Mayer.
Quadro – Vendas globais dos fabricantes por categoria
(em milhões de unidades – de 2014 para 2015)
· Carga – redução de 5,211 para 4,248 (-18,5%)
· Camioneta – de 5,791 para 5,597 (-3,4%)
· Passeio – de 20,945 para 22,240 (+6,2%)
· Duas rodas – de 9,516 para 9,051 (-4,9%)
· Agrícola – de 0,521 para 0,464 (-10,9%)
· OTR – de 0,094 para 0,078 (-16,7%)
· Industrial – de 1,234 para 1,368 (+10,8%)
Produção brasileira
A produção de pneus no país teve um leve crescimento, de 2,6%, nos primeiros sete meses de 2015, chegando a 41,53 milhões de unidades ante 40,48 milhões no mesmo período de 2014. A redução das vendas de pneus de carga diminuiu bastante a rentabilidade do negócio, uma vez que são os de maior valor agregado, além de ter levado à interrupção de linhas de fabricação em várias unidades.