A adoção da tecnologia digital vem aumentando na indústria química, com cada vez mais empresas reconhecendo seus benefícios nas áreas financeira e operacional, segundo o novo estudo da Accenture (NYSE: ACN) “Digital Technology in Chemical Plant Operations”. Mas as tecnologias digitais ainda estão nos primeiros estágios de implantação nos chãos de fábrica.

Contudo, esse cenário pode estar mudando. As entrevistas com 360 executivos da indústria química em 12 países revelam que 80% dos respondentes estão investindo mais, ou significativamente mais, em tecnologias digitais para suas fábricas e 85% esperam aumentar esse tipo de investimento ao longo dos próximos três anos. Além disso, 92% dos executivos do setor químico estão satisfeitos com os resultados obtidos como consequência de seus investimentos digitais, sendo a gestão efetiva da fábrica o item mais citado, seguido pela maior qualidade dos produtos.

Um número avassalador de entrevistados (95%) também enxerga o valor financeiro tangível do uso de tecnologias digitais em suas operações. Pouco menos de um terço (31%) viram um aumento nos lucros operacionais nas áreas de produção / fabricação de 10% a 20%, enquanto outros 20% relataram ganhos entre 20 e 40%. Esses dados são reforçados pelo recente estudo Industry X.0, que mostra que a combinação de tecnologias como realidade aumentada / realidade virtual, veículos autônomos, Big Data Analytics e Digital Twin para aumentar a eficiência operacional pode gerar economias iniciais superiores a US$ 90 mil por funcionário, em uma empresa do setor químico.

Ainda que muitas empresas do setor tenham lançado programas piloto em suas operações, a implantação total de tecnologias digitais permanece limitada. Menos de um terço dos entrevistados confirmou o uso amplo de tecnologias mais conhecidas, como computação em nuvem, robótica, inteligência artificial, mobilidade/wearables e cibersegurança.

Quando o assunto são os programas-piloto, Analytics é a tecnologia que vem recebendo mais investimentos por parte das empresas químicas e foi citada por 43% dos entrevistados. Pouco menos da metade (46%) coloca analytics entre as três áreas que receberão mais investimentos ao longo dos próximos três anos, uma vez que essa tecnologia oferece uma maneira de impulsionar mais valor a partir de grandes quantidades de dados. Na verdade, metade (51%) enxerga Analytics como uma das três tecnologias com o maior potencial de retorno sobre investimento para os próximos 12 meses, acima de outras tecnologias. Desse grupo de executivos do setor químico, um em cada três planeja investir entre 21% e 40% do orçamento para digital em Analytics.

“Há um entendimento crescente na indústria química sobre o potencial da reinvenção digital do setor – ou a Indústria X.0 – com empresas usando tecnologias digitais avançadas para transformar suas operações centrais, experiências de funcionários e clientes, além dos seus modelos de negócios”, afirma Tracey Countryman, diretora executiva e líder da prática Industry X.0 na Accenture Resources. “Ao alavancar essa reinvenção, as empresas do setor químico podem liberar valores presos em suas operações e alcançar maior eficiência por meio do uso de ativos conectados inteligentes.”

Mas à medida que as operações do setor químico estão cada vez mais conectadas, aumenta a ameaça de ciberataques. Nos últimos 12 meses, 73% dos entrevistados registraram mais de 30 tentativas de ataques em suas fábricas, 54% indicaram que mais de 30 ataques foram bem-sucedidos e 50% precisaram de vários dias, semanas e até meses, para serem detectados.

Ainda assim, ao se depararem com esse tipo de adversidade, as empresas do setor químico ainda sofrem para identificar, gerenciar e responder às ameaças. Atualmente, apenas 42% conseguem gerenciar os riscos financeiros decorrentes de ameaças cibernéticas dirigidas a suas fábricas, ou pelo menos diminuir o seu impacto. Menos ainda (39%) são capazes de identificar as causas das violações e apenas 33% conseguem fazer o monitoramento preventivo dessas violações.

Os impactos de ciberataques bem-sucedidos podem ser consideráveis. “Consequências comerciais” foram o item mais citado por 16% dos entrevistados, entre as principais ameaças de cibersegurança às operações nas fábricas. Isso inclui perdas na produção e violações de contratos de fornecimento a clientes, mostrando que ciberataques bem-sucedidos podem ter um grande impacto. Riscos para meio ambiente, saúde e segurança (15%) e confiabilidade operacional (14%) ficaram em segundo e terceiro lugares, respectivamente. O primeiro sugere que os ciberataques nas operações das fábricas podem apresentar riscos à segurança e à saúde dos funcionários e do público em geral.

As empresas do setor químico precisam investir urgentemente para aumentar a sua resiliência a ciberataques e as capacidades de resposta para suas operações de fábrica”, diz Robert Boyce, diretora executiva e líder de cibersegurança para a prática de Chemicals & Natural Resources na Accenture. Como as fábricas do setor geralmente possuem sistemas operacionais ultrapassados, a tecnologia das unidades não costuma ser padronizada e existem brechas em seus controles de segurança, deixando-as expostas. São necessárias capacidades ágeis e adaptáveis para garantir reações e intervenções efetivas para os casos de ameaças cibernéticas, a fim de proteger as operações do setor.”

Metodologia

A Accenture conduziu uma pesquisa online com 360 executivos de média e alta gestão e liderança funcional dentro da indústria química. O estudo focou as empresas químicas com faturamento total entre US$ 500 milhões a mais de US$ 20 bilhões e que estão impulsionando o uso de tecnologia digital em suas operações centrais. A pesquisa foi executada entre meados de março e meados de abril de 2017, incluindo entrevistados de países como Alemanha, Arábia Saudita, Canadá, Emirados Árabes Unidos, EUA, França, Holanda, Japão, Singapura, Suíça, Turquia e Reino Unido.