O momento é de boas perspectivas, e o Brasil pode esperar um grande crescimento da participação do gás natural em sua matriz energética pelos próximos anos. A expansão da malha de gasodutos no país e as vantagens de geração oferecidas pelo insumo devem movimentar cada vez mais investimentos, que tornarão o gás mais barato e atrativo, afirma o presidente da Sulgás, Claudemir Bragagnolo. Com um mercado consumidor em amplo crescimento na região Sul do país, a companhia anunciou recentemente que investirá R$ 288 milhões na expansão de suas redes de distribuição, na busca por suprir suas demandas que tendem a aumentar. “Hoje, a Sulgás conta com 22 mil clientes, e o nosso objetivo é de chegar a 95 mil nos próximos quatro anos”, explica Bragagnolo, para quem o cenário é de otimismo. A distribuidora, que também tem movimentado esforços na ampliação do uso do biometano, tem hoje como foco a construção de novos gasodutos ligados à indústria local, como no município de Rio Grande, e mantém seu objetivo de integrar as novas usinas térmicas da região ao seu mercado de atuação nos três estados do Sul. As parcerias para esses empreendimentos têm sido fundamentais à empresa, que, além de investir em um nova instalação para produção de gás sintético a partir do carvão, avança junto à Bolognesi no projeto de construção do primeiro terminal de GNL com capital privado do país.

Como o senhor avalia o atual mercado de gás no Sul do país?

Nós estamos olhando para esse mercado com uma boa perspectiva. Nós temos uma forte demanda já comprovada, a partir de uma análise que fizemos nos três estados da região Sul. Estamos então trabalhando para conseguir melhorar o suprimento a essas áreas. O cenário está extremamente positivo. Conseguimos um financiamento com o BNDES, e vamos investir R$ 288 milhões na expansão dos nossos gasodutos para distribuição. Hoje, a Sulgás conta com 22 mil clientes, e o nosso objetivo é de chegar a 95 mil nos próximos quatro anos. Nesse mesmo período, a nossa malha total deverá chegar a 1.300 km.

Quais as atuais dificuldades para transporte e distribuição de gás?

Na região Sul, trabalhamos praticamente apenas com o Gasbol, mas só chegam a nós 2,8 milhões m³/dia, e essa capacidade de venda já está esgotada. Nós estamos trabalhando então em outras frentes, como no edital de compra de biometano, no qual a Sulgás é pioneira. Esse é o gás produzido a partir de resíduos orgânicos, que são derivados das atividades agrícolas que temos no Sul. O biometano tem uma vantagem grande que é sua produção descentralizada, o que facilita a distribuição.

Há novos investimentos sendo realizados?

Outro projeto que temos é a construção de um gasoduto ligando o porto de Rio Grande ao município de Triunfo. Nós já iniciamos a instalação de uma térmica em Rio Grande, que trabalhará com GNL, e esse projeto produz um excedente de 5 milhões de m³/dia, que iremos levar a Triunfo, distribuindo também parte do gás para o Paraná. E também investimos, junto com a Copel e a Posco, em um terminal de gaseificação de carvão (para produção de gás sintético a partir do carvão). Ele está em fase de licenciamento ambiental, e a ideia é que produza 2 milhões de m³/dia.

A Sulgás tem sido procurada por empresas interessadas em construir termelétricas?

Sim, nós teremos essa térmica em Rio Grande, e a Sulgás administra a venda do gás produzido lá para a térmica de Uruguaiana. Esse é um programa que temos, e que entra na atual meta de substituirmos cada vez mais o óleo pelo gás.

A empresa tem parceria com a Bolognesi no Rio Grande?

Temos parceria, porque seremos responsáveis por construir o gasoduto que deverá ligar o píer à térmica. Nós faremos o transporte desse gás, em um projeto de gasoduto com 8,5 km de extensão.

Como ampliar o mercado de gás no país?

Na região Sul, nós estamos trabalhando no sentido de reposicionar o uso de óleo para o de gás. Esse é hoje, na verdade, o meio mais rápido de você gerar energia. Esse é um dos grandes motivos que eu vejo para essa expansão. Em curto e médio prazo, o gás vai ser o maior responsável pela geração de energia no Brasil. Isso acontece devido à velocidade de geração, às novas tecnologias que vieram ao país e ao crescimento que deve ocorrer com o pré-sal. Nós temos gás, e assim teremos um preço melhor para ele, o que tornará as usinas térmicas mais atrativas. (Petronotícias)