Novo diretor da área de Geração, Transmissão e Distribuição da Abinee, Guilherme Mendonça, avalia que o segmento dispõe de potencial para expandir os negócios

O aumento das encomendas na área de transmissão de energia elétrica, motivado principalmente pela realização de leilões para novas linhas, deve impulsionar o segmento de Geração, Transmissão e Distribuição (GTD) nos próximos anos. A previsão para 2017 é de um crescimento em torno de 4%, avalia o novo diretor de GTD da Abinee, Guilherme Mendonça. “A demanda por transmissão ainda está reprimida e precisará ser expandida por meio dos leilões. Além disso, devem ser feitos grandes investimentos em reforços e modernizações de instalações, que estão defasadas ou inadequadas tecnicamente”, afirma.

Em sua opinião, a área de distribuição também deve crescer em função dos investimentos em qualidade do serviço de fornecimento de energia elétrica, bem como redução de custos operacionais das distribuidoras através do aumento da produtividade. “Novas exigências regulatórias também vão demandar a aplicação de recursos de automação e digitalização para o aprimoramento da qualidade de rede com tecnologias smart grid”, pondera.
No segmento de geração, entretanto, os investimentos estão retraídos, em função da ausência de leilões de energia. “Em geração, os investimentos dependem mais fortemente do crescimento da economia e do consumo de energia elétrica”, observa. O grande tema nesse segmento é o desenvolvimento da geração distribuída, que deverá ter cada vez mais espaço no sistema.

Modelo do setor elétrico
O diretor da Abinee defende a importância da revisão do modelo do setor elétrico, em andamento pelo governo federal. “A revisão é importante porque possibilitará novos negócios dentro do setor elétrico, uma vez se espera que as concessionarias ganhem flexibilidade para oferecer novos serviços através da rede elétrica e o consumidor liberdade de escolher”, sustenta. Ele alerta, entretanto, para a necessidade de a revisão ser feita com cuidado e de forma estruturada, a fim de evitar rupturas e riscos ao sistema elétrico.

Para Mendonça, é fundamental um maior rigor no processo de leilões de concessões para evitar que ocorram episódios como o do Abengoa, em que os fornecedores de equipamentos sofreram sérias perdas financeiras em razão da recuperação judicial do grupo espanhol. Segundo ele, caso Abengoa, após mais de dois anos, ainda não se resolveu, trazendo perdas para a sociedade brasileira. Além disso, a indústria elétrica do País acumula prejuízos de mais de R$ 1 bilhão, sem perspectiva de solução, com perda de milhares de empregos. “É fundamental que haja sensibilidade com a questão e que se encaminhe uma solução definitiva e célere para mitigar os enormes prejuízos da sociedade e da indústria”, defende.