O ano de 2018 tem sido muito importante para Eletronuclear. A tão aguardada retomada de Angra 3 ainda não foi efetivada, mas já está sendo desenhada, passo a passo. O presidente da empresa, Leonam Guimarães, espera que o reinício das obras aconteça no primeiro semestre de 2020. Até lá, a companhia precisa avançar na negociação de sua dívida com os bancos e a Eletrobrás. Além disso, a Eletronuclear quer dar prosseguimento ao projeto de construção da Unidade de Armazenamento Complementar a Seco (UAS). Segundo o executivo, houve uma confusão de informações na imprensa sobre o empreendimento. Guimarães explicou que a unidade é um depósito de combustível nuclear usado e não um repositório para rejeitos nucleares com baixa ou média atividade.
Outra novidade na Eletronuclear vem da usina nuclear de Angra 1, que estava desligada para realizar as atividades de reabastecimento de combustível. A previsão do diretor de operações da empresa, João Carlos Bastos, é que a unidade seja religada na sexta-feira (30). Cerca de um terço do combustível nuclear da planta foi recarregado. Também foram realizadas atividades de inspeção e manutenção periódicas, além de modificações de projeto.
– Como a Eletronuclear vê a importância da construção da Unidade de Armazenamento Complementar a Seco (UAS)?
– O UAS é uma área de armazenamento de combustível usado. Não tem nada com rejeitos nucleares de baixo e média atividade, o que algumas notícias acabaram misturando. O UAS é fundamental porque a capacidade de estocagem do elemento combustível usado nas usinas se esgotará em 2021. Então, é fundamental a conclusão do UAS dentro desse período, conforme cronograma que nos estamos seguindo.
– A população acabou confundida pelas notícias publicadas…
– Exatamente. Para isso, vamos ter no sábado uma reunião técnica prevista no processo de licenciamento estabelecido pelo IBAMA para essa instalação, visando a concessão da licença de funcionamento.
– Essa licença então é muito importante, não?
– Ela é crucial. Sem ela, as usinas param de operar em 2021.
– Quando o empreendimento precisa estar pronto?
– As instalações precisam estar prontas em 2020 para poder receber os elementos combustíveis usados, que devem estar embalados em canister. Em cascos que formam o conceito dessa instalação que é igual a dezenas e dezenas de instalações que existem em todo mundo.
– O jornal O Globo trouxe questionamentos sobre esta obra. Como os avalia?
– O questionamento da reportagem se aplica ao repositório nacional de rejeitos de baixa e média atividade, que é um assunto completamente diferente da armazenagem de combustível usado. Esse é o problema de misturar os dois assuntos. Houve uma confusão entre os temas.
– Como o senhor enxerga este ano e as perspectivas para 2019 ?
– Angra 3 tem um grande esforço a ser feito a partir de 2019, para que a empresa consiga efetivamente retomar as obras da usina no primeiro semestre de 2020.
– Quanto a questão do modelo econômico. O que o senhor espera ?
– Esse é um modelo que está em estudo pelo programa de parceria de investimento, que deverá emitir uma resolução estabelecendo claramente qual será o modelo de parceria que será estabelecido.
– Como o senhor avalia o ano de 2018? Tivemos o reajuste de tarifa como avanço.
– Foi um ano bastante difícil, mas pelo menos nós começamos a avançar especialmente no tema de Angra 3, que teve revista o valor de referência da tarifa e estabeleceu a participação privada neste processo de modelagem.
– E para 2019? O que esperar ?
– Que as coisas andem. Que sejam realmente definidas e que o processo corra a ponto de poder retomar a obra em 2020. (Petronotícias)