A Petrobras reafirmou na semana passada a viabilidade técnica e econômica do pré-sal “mesmo considerando o atual cenário adverso dos preços do petróleo”. Na véspera, o preço do barril fechou pela primeira vez em 11 anos abaixo de US$ 35, negociado no menor nível desde junho de 2004.

“Está sendo possível otimizar o break even [preço mínimo do barril a partir do qual a produção é economicamente viável] do pré-sal e as nossas atuais estimativas já sinalizam para valores inferiores aos que foram divulgados anteriormente, confirmando a competitividade econômica do pré-sal, mesmo considerando o atual cenário adverso dos preços do petróleo”, disse a estatal em resposta a questionamentos do G1 sobre a viabilidade do pré-sal diante de um barril no patamar de US$ 35.

Quando foram aprovados os projetos de produção do pré-sal, a Petrobras considerava um preço mínimo do barril entre US$ 45 e US$ 52 (incluída a tributação) para a produção poder ser considerada economicamente viavel.

A estatal não informou em quanto estaria hoje o chamado “break even, mas disse estar conseguindo garantir rentabilidade com redução de custos e melhora da produtividade.

A produção nas águas ultraprofundas das bacias de Campos e Santos, já responde por um quarto da produção de petróleo da Petrobras no Brasil.

“A constatação da melhor produtividade dos poços do pré-sal em relação ao previsto na época da descoberta, associada aos ganhos de eficiência que obtivemos na construção de poços, tem permitido reduzir significativamente os investimentos previstos através da diminuição dos números de poços a serem construídos e, também, do menor tempo despendido para construí-los. Como exemplo, a produção média por poço no pré-sal tem se mostrado bem superior à média mundial e, ao mesmo tempo, o tempo necessário para a construção dos poços foi reduzido em mais de 50% nos últimos 5 anos”, afirma a estatal.

“Paralelamente, o atual cenário de baixos preços do petróleo no mercado mundial tem levado a uma redução dos custos, por parte dos fornecedores, de diversos bens e serviços utilizados, tantos nos dispêndios de investimentos, quanto na operação”, acrescentou a Petrobras.

Em comunicado divulgado no final de dezembro, a estatal informou reduzido seus custos de extração (um dos principais gastos no cálculo do break even) que não representa a um valor equivalente a metade das concorrentes. “Com novas tecnologias, chegamos a um patamar em torno de US$ 8 por barril, quando a média das grandes petrolíferas mundiais é de US$ 15 por barril”, informou a Petrobras ao confirmar a meta de produção no país em 2015 de 2,125 milhões de barris de petróleo por dia (bpd).

Endividamento e prejuízos

A queda dos preços internacionais do petróleo e, consequentemente, das marges de lucratividade da Petrobras ocorre em meio ao escândalo de corrupção investigado pela Lava Jato, agravando ainda mais a situação econômica da companhia, que enfrenta alto endividamento.

A dívida bruta da Petrobras atingiu no 3º trimestre de 2015 o nível recorde de R$ 506,5 bilhões. Já a dívida líquida (dívida total bruta menos o caixa) subiu para R$ 402,3 bilhões no final de setembro. No final de 2014, o endividamento total era de R$ 282 bilhões.

  • A petroleira encerrou o 3º trimestre do ano passado com prejuízo líquido de R$ 3,759 bilhões no terceiro trimestre, o terceiro pior da história da estatal. No acumulado nos nove primeiros meses do ano, a petroleira acumula lucro líquido de R$ 2,102 bilhões, o que representa uma queda de 58% na comparação com o mesmo período de 2014. (G1/Indústria naval e offshore)