Para especialista, metas atuais para maior participação da energia dos ventos na Matriz Energética são tímidas

Uma das principais consultorias internacionais na área de energia eólica, o DEWI estima que o potencial eólico brasileiro é de 500 GW, considerando os últimos desenvolvimentos tecnológicos. A estimativa não inclui o potencial eólico de projetos offshore.

Em 2001, quando foi lançado o primeiro Atlas do Potencial Eólico Brasileiro, a estimativa era de 143 GW, considerando torres de até 50 metros.

“Considerando esse potencial e os avanços do setor no país, nos últimos anos, podemos até considerar que as metas atuais para maior participação da energia dos ventos na Matriz Energética Brasileira são tímidas”, observa Jens Molly, principal especialista do DEWI e um dos mais reconhecidos no mundo, no setor de eólica.

“Estima-se uma capacidade instalada de usinas eólicas de 22,4 mil MW em 2023. Com isso, a participação da energia eólica no Brasil saltaria dos 3% atuais para 11,5%. No entanto, na Alemanha – um país que não é tão privilegiado quanto o Brasil em termos de extensão geográfica, irradiação solar e velocidade dos ventos –, combinadas, as fontes de energia eólica e solar respondem por 15% de toda a eletricidade gerada no país”, explica.

De acordo com Molly, que participa, no Rio de Janeiro, do Brazil WindPower 2015, essa participação da eólica na Alemanha deve crescer bastante com a entrada em operação de novos projetos de parques eólicos em alto mar (offshore).

“A meta do governo alemão é investir nesses projetos para concretizar a promessa de abandonar a energia nuclear até 2022. A França, que possui 80% da sua matriz energética baseada na energia nuclear, já sinalizou que deverá seguir o mesmo caminho”, explica. “Fontes sujas de energia estão na contramão do que o mundo hoje exige”, avalia.

Ele lembra que a capacidade instalada de energia eólica na China chegou, no ano passado a 115.000 MW, enquanto que, nos Estados Unidos, a capacidade instalada chegou a 66.000 MW.

Fundador do DEWI (Deutsches Windenergie-Institut, Instituto Alemão de Energia Eólica), Molly acredita que, por diversos fatores, o Brasil não conseguirá atender a demanda crescente de energia apenas com as hidrelétricas, mesmo em um cenário de muita chuva.

“A demanda de energia no Brasil será crescente em função do crescimento populacional, mesmo que não ocorra mudança no cenário macroeconômico”, explica.

“Ao mesmo tempo, o custo da energia das termelétricas é muito alto. Segundo pesquisas, em três anos, o custo do MWh passou de R$ 100 para R$ 1000 “, destaca.

Para Molly, apesar de ser um mercado novo, carente ainda de formação profissional especializada e de desenvolvimento de tecnologia própria, o Brasil já é um dos grandes mercados mundiais de eólica. ” O pais é privilegiado pois a combinação de energias hidrelétrica, eólica e solar no Brasil é ideal”, diz. “Para o futuro, além da previsibilidade de regras e maior número de leilões, o sucesso do setor no Brasil dependerá de uma combinação de mercado forte e investimentos em pesquisa e desenvolvimento”.