Diretora de exploração e produção da Petrobras, Sylvia Anjos, deu primeira entrevista exclusiva ao estúdio Abpip durante a Sergipe Oil & Gas 2024
A Petrobras está revendo o modelo de contratação dos dois navios-plataforma que serão instalados no projeto Sergipe Águas Profundas (SEAP), na Bacia de Sergipe-Alagoas, disse a diretora de Exploração e Produção da Petrobras, Sylvia Anjos, em sua primeira entrevista exclusiva, ao estúdio Abpip, durante a Sergipe Oil & Gas 2024.
Há três anos, a estatal enfrenta dificuldades na contratação das plataformas para o empreendimento, que prevê dois FPSOs e um gasoduto. Em abril passado, lançou uma licitação que foi adiada três vezes, sem sucesso. A companhia chegou a cogitar fazer plataformas próprias, mas não levou a frente a ideia. “A Petrobras vai tentar enfrentar de novo. Olha, o modelo a gente está estudando. A engenharia com a diretora Renata estão fazendo um trabalho muito bom, tentando ver, a gente vai tentar usar o fundo da Marinha Mercante, outras alternativas para que compense o conteúdo local e dê mais competitividade”, disse a executiva. “A gente está buscando formas de contratar que a gente consiga ser mais ágil. E mais, estamos correndo para fazer qualquer ajuste para botar essa licitação na rua o mais rápido possível. E isso eu queria deixar bem claro que é prioridade nossa.”
A dificuldade de financiamento é um dos fatores que tem atrasado a licitação das unidades. Mas os FPSOs vão poder acessar os recursos do Fundo de Marinha Mercante (FMM). O conselho diretor do fundo aprovou em março o aporte de R$ 8,56 bilhões para as duas plataformas. A previsão é que a primeira unidade possa acessar R$ 4,89 bilhões em recursos do FMM, com um índice de conteúdo local mínimo de 40%. Já a segunda plataforma terá acesso a R$ 3,67 bilhões, com 30% de conteúdo nacional.
“Sergipe, esse aí eu tenho um particular apreço por essa área. Eu participei da área lá antes, em 2010, todas as modelagens geológicas para furar o Barra. Nós furamos o Barra, deu óleo, foi dificílimo aprovar. Depois, poxa, na história toda aí, teve para ser vendido, o corpo técnico lutou fortemente para que permanecesse conosco. Vieram esses problemas, finalmente tivemos a declaração de comercialidade e essa busca por fornecedores”, contou Sylvia. O projeto SEAP prevê a produção de 240 mil bpd de petróleo e a exportação de até 18 milhões de m³/d de gás natural a partir de 2028, segundo a última revisão do plano estratégico da Petrobras. Mas o prazo é desafiador, segundo a executiva.
“É prioridade nossa: 28. Você vê, estamos em 24, então é um desafio. Não acredito que 28 a gente consiga, depende, a gente está procurando fazer alguns pequenos ajustes para que a gente dê mais rapidez na construção (…) Se não for 28, vai ser 29. Vamos estar apostando no preço e tempo mais rápido.” O projeto de SEAP prevê um navio-plataforma com capacidade de produzir 120 mil barris por dia (bpd) de óleo e 10 milhões de metros cúbicos por dia (m³/d) de gás natural. E outro com capacidade de 120 mil bpd de óleo e 12 milhões de m³/d de gás. Também está projetado um gasoduto de 134 km capaz de carregar 18 milhões de m³/d de gás natural.(texto: epbr) (imagem: H2)