Projeto Cantechis, uma rede de pesquisa colaborativa, apresenta o resultado de seis anos de estudos

Professores e estudantes da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) apresentatam os principais resultados do projeto Cantechis, rede de pesquisa colaborativa, que se formou a partir da chamada pública de 2010 da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), órgão ligado ao Ministério da Ciência e Tecnologia.

O Cantechis é formado pela UFSCar, a Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (Poli-USP) e as Universidades Federais do Rio Grande do Sul (UFRGS) e Bahia (UFBA). Os estudos – divididos em cinco subprojetos específicos – visam fomentar o desenvolvimento de tecnologias que possibilitem que os canteiros de obras tenham baixo impacto ambiental e ofereçam melhores condições de trabalho.

Entre os subprojetos está o estudo sobre as Instalações Provisórias (IP) de Canteiros de Obras, que discutiu inicialmente as tecnologias pré-fabricadas existentes no mercado brasileiro, como placas de madeira, container metálico, placas plásticas de polietileno reciclado e pré-moldados de concreto celular. A pesquisa revelou a necessidade de que, mesmo as edificações sendo temporárias, o ciclo de produção seja racionalizado e sejam desenvolvidos projetos de montagem e desmontagem dos componentes. Como forma de propor uma nova solução, a UFSCar, por meio do Núcleo de Estudo e Tecnologia em Pré-Moldados de Concreto (Netpre), está desenvolvendo um protótipo para uso como IP, com possibilidade de vários ciclos de remontagem.

Durante o workshop, Sheyla Serra, docente do Departamento de Engenharia Civil (DECiv) da UFSCar e coordenadora-geral do Cantechis, falou sobre a viabilidade do uso do BIM (Building Information Modeling) para a concepção dos projetos das IP. Outros pontos levantados foram a necessidade da utilização de materiais sustentáveis para a construção e do reaproveitamento de resíduos. Já os pesquisadores da USP apresentaram estudo sobre a melhoria do conforto térmico em container metálico com tratamento à base de pintura refletiva e material isolante.

Outros subprojetos – A professora Dayana Costa, da UFBA, falou sobre o subprojeto Diagnóstico das Principais Necessidades Tecnológicas em Canteiros de Obras e destacou: “A gente percebe que ainda há grandes lacunas entre a percepção de uma necessidade e a efetiva adoção de medidas que possam fazer com que os canteiros sejam de fato mais sustentáveis”.
Sobre o subprojeto Tecnologias de Execução para Melhoria das Condições de Trabalho e Redução de Resíduos, os professores Carlos Torres Formoso, da UFRGS, e José Carlos Paliari, da UFSCar, dividiram a apresentação. Paliari lembrou que as atividades no canteiro de obras envolvem riscos ergonômicos, que vão desde o recebimento de material até a execução das tarefas.
Os riscos aumentam devido ao trabalho não ser realizado em um posto fixo. Além disso, muitos canteiros são pouco estruturados e boa parte das atividades é realizada sob condições de intempéries (sol ou chuva). Uma outra solução apresentada pelo estudo é o uso de tecnologias industrializadas e a implementação de linha de montagem para a produção de habitação de interesse social em sistema construtivo Light Steel Frame (LSF).

A necessidade de inserir a cultura da segurança no ambiente de trabalho foi destaque do subprojeto Sistemas de Proteção Coletiva para Canteiros de Obras, apresentado pelo professor da UFRGS, Tarcísio Saurin. “É grande a variedade de sistemas de proteção coletiva existente atualmente, mas nem todos são certificados ou testados tecnicamente” lembrou Saurin, citando que existe bastante improvisação em relação a este assunto.

O workshop teve também a apresentação do subprojeto Emissão de Material Particulado nas Vizinhanças de Canteiros, com o professor Francisco Cardoso, da USP, que destacou a importância de medidas que reduzam a emissão de material particulado (EMP), como poeiras, não só por conta do cuidado com a saúde dos trabalhadores do canteiro, mas também por conta do entorno e de um melhor relacionamento com a vizinhança das obras. O professor apresentou metodologia especialmente criada para medir a EMP nos canteiros de obras.

O projeto que gerou os principais estudos apresentados teve duração de seis anos e foi financiado integralmente pela Finep. Durante toda a sua execução, o projeto contou com apoio direto da FAI.UFSCar (Fundação de Apoio Institucional ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico da Universidade Federal de São Carlos), que fez o gerenciamento dos recursos concedidos e a aquisição dos produtos e serviços para as quatro universidades da rede. O projeto colaborou com a formação de cerca de 100 novos pesquisadores nos níveis de graduação e pós-graduação. Mais informações podem ser acessadas em www.cantechis.ufscar.br.