A Abinee recebeu com inconformismo a decisão do Ministério da Economia, anunciada no dia 17 de março, de reduzir em 10% as tarifas de importação de bens de capital (BKs), de informática e de telecomunicações (TICs). “A nós, parece uma decisão intempestiva e improvisada que só vai trazer prejuízos e insegurança ao setor”, diz o presidente da Associação, Humberto Barbato. Ele acrescenta que a decisão causa surpresa uma vez que está agendada reunião com o Ministro Paulo Guedes na próxima sexta-feira, que entre outros temas trataria da abertura comercial e envolveria diversos segmentos industriais.

Na visão da Abinee, ao tomar a medida agora, o governo escolhe setores, iniciando por BK e TICs, sem reduzir a tarifa dos insumos utilizados por estas empresas, o que trará aumento de custos para a produção local. A Associação também lembra que a redução ainda será submetida aos países-membros do Mercosul na próxima semana para uma possível extensão a outros setores. Caso isso não aconteça, somente os setores de BK e TICs terão a redução do imposto de importação. “A decisão não deveria ser tomada antes da reunião do Mercosul e deve ser transversal a outros setores”, reforça Barbato.

Ele questiona ainda o argumento do governo de que recentes medidas para aliviar o custo Brasil para se reduzir a assimetria na produção com OCDE propicia o corte das tarifas. “Queríamos conhecer a métrica utilizada”, afirma. O presidente da Abinee acrescenta que, além disso, os custos, por exemplo, de transporte variam de setor para setor. Da mesma forma, o impacto no custo final do produto também varia de empresa para empresa.

A Abinee volta a reforçar que não é contra a redução das tarifas de importação e abertura comercial, mas que deve ser feita de forma transversal e com previsibilidade. “A cada semana temos que apagar um incêndio”, finaliza.