O Brasil ingressou há pouco no mercado de energia eólica, mas já caminha para se tornar uma potência internacional. O país, que ocupa a décima posição no ranking dos maiores produtores da eletricidade gerada a partir do vento, está cotado para ultrapassar a Itália ainda em 2016 e pular para a nona colocação. Até 2020, a previsão da Associação Brasileira de Energia Eólica (AbeEólica) é a de que a bandeira brasileira figure entre as dos cinco principais produtores de eólica do planeta.

O país começou a produção comercial de maneira tímida, em 2004, com a injeção de 6,6 megawatts (MW). O volume era irrisório. Em 2005 houve uma lacuna, retornando a produção em 2006 com 208,3 MW de potência. Até que saltou, em 2014, para 2.784 MW e, em 2015, para 2.655 MW. Para este ano, a expectativa é a de que 2.281 MW sejam injetados no Sistema Interligado Nacional (SIN), conforme relatório da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).

Em 2015, os parques eólicos brasileiros somavam 8.720 MW de potência instalada, ou 8,72 Gigawatts, e chegaram a 9 GW na última semana. O montante equivale à usina de Belo Monte, a segunda maior do país, e é suficiente para abastecer cerca de cinco milhões de consumidores, ou seja, mais do que o Paraná. “A Itália injetou 200 MW na rede no ano passado. O Brasil está injetando de 2 a 3 GW por ano”, comemora a presidente da AbeEólica, Elbia Gannoum. No entanto, ela ressalta que ultrapassar a China é praticamente impossível. “A China cresce um Brasil de energia por ano”, afirma Elbia.

Energia solar

A participação da energia solar no sistema elétrico brasileiro ainda é tão pequena, 0,02%, que até a energia nuclear, representada pelas usinas de Angra 1 e Angra 2, é 70 vezes maior, ou 1,4% da capacidade instalada. Os dados são do resumo geral dos novos empreendimentos de geração elaborado pela Agência Nacional de Energia Elétrica Nacional (Aneel) que engloba a geração até dezembro de 2015. O documento ainda informa que apenas em 2018 a energia solar vai aumentar sua participação no Sistema Integrado Nacional (SIN). Atualmente, são 34 usinas solares com capacidade de gerar 21 MW. Até 2018, porém, estão programados para entrar em funcionamento 41 empreendimentos fotovoltaicos, que vão aumentar em 1.172 MW essa participação. Mesmo assim, a energia solar ainda não deverá empatar com a nuclear, pois a produção das usinas de Angra dos Reis é hoje de 1.990 MW.

Segundo o presidente executivo da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar) Rodrigo Lopes Sauaia, a expectativa do setor é que a energia solar alcance 4% da participação no SIN até 2024. Ele ainda cita o acordo assinado pelo governo brasileiro na Conferência Mundial sobre o Clima (COP-21), que determina que a matriz energética do país terá 23% das fontes renováveis solar, eólica e biomassa, até 2030.

Mesmo com esses avanços, o potencial da energia solar ainda é subutilizado. “A energia solar no Brasil tem um potencial de geração que é maior do que a soma do potencial de todas as outras fontes de energia renováveis juntas”, afirma Sauaia. Segundo o presidente, o potencial hídrico brasileiro é de 280 Gigawatts (GW), o eólico é de 300 GW, e o solar ultrapassa 10 mil GW. “Se usássemos células fotovoltaicas nos telhados brasileiros, a geração seria 2,5 vezes a necessária para abastecer todos os domicílios do país”, diz Sauaia. (DomTotal)