Após 3 recuos consecutivos (-5% em 2013, -11,6% em 2014 e -14,4% em 2015), a receita líquida total (vendas internas mais exportações) da indústria de máquinas e equipamentos registrou nova queda em 2016, de 24,3%, o pior desempenho para um ano na série histórica iniciada em 1999. Com isso, a receita do setor encerrou 2016 em R$ 66,3 bilhões, abaixo dos R$ 66,8 bilhões registrados em 2003, até então a pior marca da história. O número de 2016 representa, ainda, apenas 54,4% da receita de 2012, último ano de crescimento da indústria de máquinas.

 

A receita interna de vendas recuou 33,9% em relação a 2015, enquanto as importações (em US$) caíram 18% no mesmo período, o que derrubou o consumo aparente (vendas internas mais importações) em 24,9%, o pior desempenho anual da série histórica. A queda recorde deixa evidente que a melhora da confiança não foi suficiente para impulsionar investimentos e reflete a capacidade ociosa elevada e o alto nível de endividamento das empresas, cenário agravado pelos juros altos.

 

Trata-se, provavelmente, da maior crise da história do setor, que, mesmo diante de uma retomada da economia, deve ser um dos últimos a voltar a crescer por causa do elevado nível de capacidade ociosa da indústria em geral, o que tende a adiar novos investimentos mesmo diante da ligeira expansão da atividade econômica prevista para 2017 e 2018.

 

O curto período de desvalorização do real frente ao dólar trouxe relativo ganho de competitividade ao produtor nacional, mas não viabilizou a reposição de margem. Os preços das máquinas e equipamentos medidos tanto pelo Índice de Preço ao Produtor, do IBGE, quanto pelo Índice de Preço ao Atacado, da FGV, subiram menos do que os preços dos insumos de produção, resultando em margens de lucro apertadas e agravando a crise do setor. A apreciação do real ocorrida em 2016 voltou a prejudicar a competitividade da indústria de transformação brasileira. O cenário para a taxa de câmbio melhorou ligeiramente com a vitória de Trump na eleição presidencial dos EUA, por causa do aumento da incerteza somado à expectativa de alta da taxa de juros norte-americana. No último mês, porém, a moeda brasileira se apreciou e voltou para a casa dos R$ 3,20.

 

A desvalorização do real entre 2014 e 2015 vinha favorecendo as exportações da indústria de máquinas e equipamentos, que registraram alta entre o final de 2015 e o início de 2016. Por causa do novo ciclo de apreciação do real a partir de 2016, porém, as vendas para o exterior voltaram a cair, encerrando o ano em US$ 7,8 bilhões, valor 2,9% inferior ao registrado em 2015.