Do braço humano ao robótico: a evolução das montadoras automotivas

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Por Diego Lawrens Bock

Robôs deixaram de ser uma ideia futurista e viraram parte do dia a dia de quem trabalha com produção de veículos. Quem visita uma montadora hoje dificilmente não se depara com braços mecânicos movimentando peças com precisão milimétrica, sistemas com câmeras analisando detalhes invisíveis a olho nu e processos inteiros acontecendo com mínima interferência humana. Não é de agora que isso acontece. A indústria automotiva foi uma das primeiras a apostar na automação para dar conta da escala exigida pelo mercado. Com o tempo, a tecnologia evoluiu. Se no passado os robôs faziam tarefas simples e repetitivas, hoje eles executam atividades mais complexas, com um nível de controle e segurança que impressiona.

Nas linhas de montagem, por exemplo, a solda deixou de ser uma função arriscada e passou a ser responsabilidade de sistemas que unem peças com total controle de temperatura, pressão e alinhamento. O mesmo vale para a pintura. Ao invés de pistolas manuais, braços automatizados garantem uma aplicação uniforme, reduzindo o desperdício e melhorando o acabamento. Outro ponto importante é a inspeção. Usando visão computacional, que nada mais é do que um sistema com câmeras e software que interpreta imagens, os robôs conseguem identificar falhas e desvios antes que o carro siga para a próxima etapa. Essas mudanças trouxeram benefícios reais. O tempo de produção caiu, a qualidade subiu e o número de acidentes diminuiu. Além disso, a automação ajudou a reduzir custos a longo prazo, mesmo com o investimento inicial alto.

Outra vantagem é a repetição. Quando um processo automatizado funciona bem, ele se repete com exatidão quantas vezes for necessário. Isso permite padronização e controle de qualidade em escala, algo essencial para marcas que produzem milhares de unidades por mês.

Mais recentemente, os robôs começaram a ganhar inteligência. Com o uso de IA (inteligência artificial), eles deixaram de apenas obedecer aos comandos e passaram a aprender com os próprios erros e acertos. Isso tem aberto espaço para soluções ainda mais eficientes, inclusive fora das montadoras. O setor agrícola, por exemplo, tem adotado muitas das tecnologias desenvolvidas para a indústria automotiva. A robótica automotiva não é mais uma promessa. É uma ferramenta essencial para quem quer competir com eficiência, segurança e qualidade. E, embora a tecnologia mude o tempo todo, uma coisa é certa: nas fábricas, o papel dos robôs só tende a crescer.

Sobre

Diego Lawrens Bock é engenheiro mecatrônico com especialização em robótica industrial e sistemas de visão computacional. Fundador da Bock Robotics, acumula mais de 15 anos de atuação em automação de alto desempenho, tendo liderado projetos em montadoras como Volkswagen, Ford, General Motors, PSA e Opel, com foco em programação de robôs, inspeção óptica automatizada e soldagem de precisão. Com vivência internacional em projetos na Alemanha, Argentina e Brasil, seu trabalho une inovação e engenharia aplicada para aumentar a eficiência, segurança e sustentabilidade em processos industriais e agrícolas.