* Cadu Correa
Em constante evolução, o setor de móveis tem adotado práticas de curadoria como uma estratégia para aprimorar a experiência do consumidor e a qualidade dos produtos oferecidos, se tornando uma peça-chave na construção de marcas que se destacam no competitivo mercado.
Marcas que investem em um processo de curadoria eficaz conseguem criar uma identidade única, diferenciando-se pela qualidade e pelo estilo. Isso não apenas atrai consumidores, mas também constrói lealdade à marca, à medida que os consumidores se tornam mais conectados com os valores e com a estética da empresa.
O processo de curadoria no setor de móveis representa uma tendência que vai além do simples ato de selecionar produtos. Envolve uma compreensão profunda das necessidades e desejos dos consumidores, um compromisso com a qualidade e a sustentabilidade e uma visão inovadora de como apresentar e vender móveis. À medida que o setor continua a se desenvolver, a curadoria se firmará como um elemento essencial para marcas que buscam não apenas vender, mas também contar uma história que ressoe com seus clientes.
Para entender melhor esse universo, listei cinco pontos cruciais. Confira:
- De olho no processo – A curadoria é um processo que acontece de forma muito orgânica e contínua. É resultado de uma observação constante do mercado, de conversas com pessoas do meio e de uma imersão real no universo do design. Mais do que escolher peças bonitas, curadoria é sobre entender o design em sua essência – como ele influencia a forma como vivemos, como traduz a identidade de um lugar e como se adapta ao tempo. Afinal, design vai muito além do visual, ele está na funcionalidade, na história e no propósito por trás de cada criação. É com esse olhar que devemos selecionar móveis que carreguem uma identidade forte, que transmitam o design autoral e que façam sentido para o lifestyle dos clientes.
- Pilares da curadoria – Originalidade, qualidade de execução, respeito aos materiais e relevância são os pilares da curadoria. Mas também há algo mais sutil: a capacidade da peça de se conectar com as pessoas e de permanecer atual com o passar do tempo. Não se trata apenas de estética – é sobre funcionalidade, propósito e a história que cada móvel carrega. Um bom design deve emocionar e, ao mesmo tempo, ser útil e duradouro. É esse equilíbrio que devemos buscar em cada escolha.
- A importância de respeitar cada etapa – A curadoria é um dos principais diferenciais para qualquer negócio no setor de móveis, já que traduz como cada marca quer ser vista e reconhecida no mercado. Mais do que montar um portfólio de produtos, a curadoria é uma ferramenta estratégica: ela posiciona a marca, comunica seus valores e cria uma identidade única. Para quem está empreendendo, entender isso é fundamental. Uma curadoria bem-feita mostra ao cliente que cada peça foi escolhida com critério e propósito, reforçando a credibilidade. É oferecer mais do que móveis, entregar uma experiência estética e funcional com peças que contam histórias e permanecem relevantes ao longo do tempo, criando uma conexão real com o público.
- Criando um bom repertório – Para quem quer empreender no setor e construir um repertório sólido, o caminho começa com curiosidade e abertura para aprender. É preciso se expor ao máximo ao design – visitar feiras e mostras, conversar com profissionais experientes, observar o trabalho de designers e marcas autorais. Mas não basta apenas consumir referências: é essencial desenvolver um olhar crítico, entender por que uma peça é relevante, o que a torna atemporal e como ela dialoga com diferentes estilos e necessidades. Além disso, um bom repertório se forma quando o profissional conecta o design a outras áreas, como arquitetura, arte, moda e comportamento. Tudo isso ajuda a perceber tendências de maneira mais ampla e a fazer escolhas mais coerentes. E, por último, é importante lembrar que repertório não se constrói de um dia para o outro – ele é resultado de prática, estudo constante e, principalmente, de sensibilidade para interpretar o que se observa.
- Dica de ouro – Desenvolva um olhar atento para o design. Ou seja, aprofunde-se no universo do mobiliário, mas também entenda o contexto maior – arquitetura, arte, comportamento, moda – porque tudo isso influencia o que faz sentido hoje e o que pode permanecer relevante no futuro. É importante ter clareza sobre o DNA do negócio: qual é a proposta, qual o público que quer atender e quais valores quer transmitir através da seleção de peças. Outro ponto essencial é priorizar qualidade e originalidade. Não caia na tentação de montar um acervo apenas com base em tendências passageiras. Busque móveis com bom design, produção autoral e que contem histórias. E lembre-se que a curadoria exige paciência: é um processo construído com tempo e consciência. Por fim, esteja sempre em movimento – participando de feiras, conversando com profissionais e estudando o mercado. O repertório é o grande diferencial de quem quer atuar nesse segmento.
Cadu Correa é diretor de estratégia, expansão e novos negócios do grupo M55, referência no mercado do design brasileiro de mobiliário e que atua na gestão varejista de importantes marcas como estudiobola, Aristeu Pires e a multimarcas Made55, que abriga em seu interior a Folio.