Resultados contrastam com o crescimento das importações nos primeiros meses do ano

De acordo com números preliminares da Associação Brasileira da Indústria Química – Abiquim, os volumes de vendas internas e de demanda nacional registraram queda no acumulado do 1º quadrimestre de 2016, agravando o ritmo negativo percebido pelo segmento de produtos químicos de uso industrial. Em relação ao índice de vendas internas, houve declínio de 5,67% na comparação com os primeiros quatro meses de 2015. Em termos de consumo aparente nacional (CAN), houve retração de 1,5% na procura por produtos químicos no primeiro quadrimestre de 2016, também sobre iguais meses do ano anterior, lembrando que a base de comparação do início do ano passado já apresentava recuos sobre a de 2014.

Com relação às exportações, houve expressivo crescimento de 44,8% sobre igual período de 2015. O principal motivo é que a cotação do real sobre dólar vem estimulando as empresas a buscarem alternativas para elevar os volumes exportados, apesar das flutuações do período mais recente, atuando como uma importante saída para as plantas instaladas no País. Com esses resultados, o índice de produção teve elevação de 2,02% no período, sobre janeiro a abril do ano passado. As importações, que vinham apresentando sucessivas quedas, também tiveram expansão em abril, puxadas, especialmente, pelos produtos intermediários para fertilizantes. Com isso, as compras no mercado externo cresceram 6,5% neste ano, sobre os primeiros quatro meses do ano passado (porém, caso sejam excluídos os produtos intermediários para fertilizantes, as importações apresentam recuo de 16,82%). Em termos históricos, os patamares médios de volumes dos quatro primeiros meses deste ano expressam um dos piores períodos dos últimos 10 anos.

Na média dos primeiros quatro meses do ano, a taxa de ocupação das instalações foi de 78%, um ponto abaixo da de igual período de 2015. No que diz respeito ao índice de preços, houve deflação de 4,75% no acumulado do 1º quadrimestre do ano, acompanhando, principalmente, os movimentos do mercado internacional, especialmente dos produtos derivados do petróleo. Aqui, mais uma vez, vale lembrar que a química brasileira não é formadora de preços, especialmente em razão de a concentração maior da fabricação se dar em produtos considerados commodities.

Na comparação dos últimos 12 meses, de maio de 2015 a abril de 2016, também houve desempenho negativo nos índices que medem a demanda no mercado local, com os seguintes resultados: vendas internas -6,72% e consumo aparente nacional (CAN) -7,0%. A utilização média da capacidade instalada ficou em 78% nos últimos 12 meses, dois pontos abaixo da taxa que havia sido registrada nos 12 meses anteriores. Esse ritmo de operação representa uma ociosidade considerada alta para os padrões da indústria química mundial. O ideal seria que essas plantas estivessem operando entre 87-90%. Esse resultado tem sido objeto de observação e também de preocupação, pois será fator decisivo na atração, ou não, de investimentos.

Na avaliação da diretora de Economia e Estatística da Abiquim, Fátima Giovanna Coviello Ferreira, a retração da demanda dos últimos dois anos está associada à forte contração da atividade econômica nacional, que sofreu consequências negativas do cenário político adverso do período. “Diversos clientes de importantes cadeias, como construção civil, óleo/gás, linha branca, embalagens e indústria automobilística, dentre outras, reduziram expressivamente suas operações, com impacto na química, que é fornecedora de praticamente todos os setores industriais. É extremamente preocupante a manutenção do quadro atual de atividade interna, que pode levar ao fechamento de empresas, com consequente elevação do desemprego”, alerta Fátima Giovanna.

A recuperação da credibilidade e da confiança do empresariado local e também do estrangeiro são fatores essenciais para que o Brasil volte a ser visto como um local de oportunidades de investimentos e de novos desenvolvimentos. Apesar do momento difícil, não se pode deixar de pensar no longo prazo e tentar manter o foco em questões mais estruturais, que realmente devolvam competitividade ao País. É preciso que se pense na construção da ponte necessária para atravessar esse período de dificuldades, tendo em vista que o futuro apresenta um horizonte muito mais promissor. A química está e estará preparada para fazer parte desse futuro, apresentando as soluções que o País irá necessitar para melhorar o nível de vida da população, como o acesso a soluções e produtos cada vez mais sustentáveis, além da agregação de valor à vasta riqueza de recursos naturais de que o País dispõe, melhorando a pauta brasileira de exportações e de empregos de mais capacitação.