Com a renovação do Repetro, a gigante Siemens viu uma janela de oportunidade para aumentar os fornecimentos de soluções produzidas em sua fábrica de Santa Bárbara d’Oeste (SP). De acordo com o Head de Petróleo e Gás da companhia no Brasil, Claudio Makarovsky, a estratégia agora é estender o escopo de produtos fabricados na unidade. “Ao invés de fornecer só o skid de compressão, também oferecemos o módulo. Estamos fazendo parcerias com os estaleiros para fabricação de módulos“, revelou. O executivo explica que a Siemens pretende dar a opção de alugar equipamentos e oferecer manutenção por 30 anos. Makarovsky ainda afirma que a empresa participa hoje de cinco concorrências de plataformas, que deverão ser definidas nos próximos meses e início do próximo ano. “Existem também as novidades de 2019, com pelo menos mais duas plataformas do campo de Libra, o projeto de Carcará e novos projetos de outros operadores”, acrescentou. Por fim, Makarovsky ressaltou as mais recentes novidades da Siemens na área de digitalização, que incluem um sistema de proteção de ciberataques.

O que a Siemens tem apresentado ao mercado de óleo e gás neste momento?

Além das tecnologias que estão amadurecendo, como o Subsea Power Grid, estamos também apresentando ao mercado nossas soluções em conteúdo local de forma competitiva, muito em função das novas políticas de Repetro. Conseguimos chegar ao preço internacional. Estamos, inclusive, desafiando alguns fornecedores a voltarem ao mercado. Queremos incrementar o conteúdo local de forma que sejamos exportadores. E estamos conseguindo fazer isto. 

Quanto ao Subsea Power Grid, é um JIP que traz energia controlada para o leito marinho. Por exemplo, no caso de poços satélites, ao invés de instalar uma plataforma em cima de cada poço, [com esta tecnologia] é possível descer um único umbilical e distribuir a energia. Além disso, temos algumas novidades. 

Quais são?

As grandes novidades são na área de digitalização e algumas parcerias de um braço da Siemens, chamado Next 47, que é um acelerador de startups. Desse grupo, trouxemos um sistema de proteção de ciberataques. Durante a Rio Oil & Gas, fizemos um desafio com especialistas, que tentaram invadir o sistema. Dos cinco grupos que tentaram, nenhum conseguiu. Inclusive, especialistas, usuários e clientes, que tentaram mudar parâmetros – não de forma maliciosa, mas é algo que poderia acontecer acidentalmente. O sistema se mostrou bastante robusto.

Hoje, o grande foco tem sido a digitalização. Trouxemos um parceiro que colocou, dentro de uma válvula, a Internet das Coisas. Então, ele consegue detectar vazamentos, ruídos e transmitir tudo isso pela nuvem. Isso faz parte de um programa da Siemens, chamado MindSphere. 

Poderia explicar mais sobre o MindSphere?

Ele é um ecossistema onde você consegue usar conceitos de computação em nuvem. Nesse programa, você pode receber os APIs e desenvolver aplicativos, para vender no próprio market place da Siemens ou em qualquer outro. Caso não deseje vender o aplicativo, pode disponibilizá-lo as a service [software como serviço]. 

Outro produto que está sendo apresentado é o Mind Twin, que integra vários silos que são naturais da indústria de petróleo, onde os donos do dado não compartilham essas informações. O Mind Twin permite monitorar totalmente um banco de dados, desde a operação, manutenção, gestão de ativos e fase de projetos. Ou seja, se alguém da área de manutenção, por exemplo, detectar uma performance [de um equipamento] que não seja ideal, ele pode questionar se a engenharia foi adequada. 

No início da nossa conversa, o senhor mencionou as soluções em conteúdo local. Gostaria que detalhasse um pouco mais sobre isso.

Com a renovação do Repetro por mais 20 anos e a importação do Repetro-Sped, além da adoção do Confaz – ou seja, a redução do ICMS -, mais a expertise da nossa fábrica em Santa Bárbara D’Oeste (SP), nós desenvolvemos um benchmarking. A planta de Santa Bárbara D’Oeste se tornou benchmarking em toda a Siemens. Conseguimos provar, internamente, que nós temos hoje o melhor preço. Então, não é verdade aquela máxima que dizia que o conteúdo local era mais caro. 

E quais serão os próximos passos a partir disso?

Estamos estendendo o escopo. Ao invés de fornecer só o skid de compressão, também estamos fornecendo o módulo. Estamos fazendo parcerias com os estaleiros para fabricação de módulo. A ideia é não apenas vender o módulo. Hoje, os operadores estão contratando afretamento. Por isso, estamos dando a opção de alugar nossos equipamentos, e também manutenção por 30 anos. Isso é inédito no mercado. 

Voltando a falar de digitalização, como está a procura por estas tecnologias atualmente?

Veja que interessante. A Petrobrás acabou de criar uma gerência geral de transformação digital. No nosso stand na Rio Oil & Gas, era possível fazer uma viagem virtual dentro de uma planta de LNG, que projetamos recentemente. Essa planta não foi construída, mas é possível usar essa ferramenta de maquete 3D para treinar e certificar operadores. 

Outra informação interessante é que a ferramenta Mind Twin passa a ser uma tendência na indústria de petróleo, eliminando os silos que vários departamentos possuem. Ou seja, integrar tudo isso em um único banco de dados, fazendo com que eles se tornem em informações úteis.

Quais são as perspectivas da Siemens em relação ao mercado de óleo e gás?

No momento, estamos participando da concorrência de cinco plataformas, que deverão ser definidas nos próximos meses e início do próximo ano. Existem também as novidades de 2019, com pelo menos mais duas plataformas do campo de Libra, o projeto de Carcará e novos projetos de outros operadores. (Petronotícias)