A retomada no setor de óleo e gás, ainda que caminhe a passos lentos, já dá alguns sinais positivos para o mercado. No auge da crise que revirou o segmento, muitas pessoas, em diversas esferas da cadeia, perderam os seus postos. Mas o momento agora é outro, e companhias que trabalham na seleção de profissionais já percebem um aumento na procura por talentos. Para a gerente de recrutamento da Robert Half, Aline Brum, as empresas de óleo e gás estão voltando a contratar, especialmente aqueles que um dia já estiveram no mercado e hoje procuram por novas chances. “A experiência prévia no setor é um ponto importante para contratação. A exigência tem sido resgatar profissionais que já tenham trabalhado nas atividades fins”, afirmou. Com a entrada de companhias internacionais no Brasil, outra questão importante ainda é o domínio do inglês, que ainda é uma deficiência grande. “Alguns bons profissionais acabam perdendo oportunidades por conta da falta do inglês. Falar mais de um idioma passa a ser um diferencial”, acrescentou.

Como avalia o momento atual de contratação de profissionais no mercado de óleo e gás?

De fato, estamos vendo um começo de volta das contratações no setor, ainda de forma um pouco tímida, mas relevante. Era um setor que estava bastante adormecido, mas agora vemos o retorno das contratações.

Neste primeiro momento, quais os cargos devem ter maior volume de contratação?

Não existe um padrão, depende muito da empresa em si, porque é um segmento bastante amplo. Temos um leque grande de perfis que podem ser contratados. A empresa de serviços, por exemplo, vai investir de forma grande em engenheiro técnico de vendas. Também existe alguns casos de demandas para cargos de gerente de RH e analista financeiro. Algumas vagas também de segurança de trabalho. No caso das empresas operadoras, existe a contratação de perfis mais técnicos, como engenheiro subsea, por exemplo. Não tenho um padrão para te dizer. As empresas estão em momentos diferentes e demandas muitos pontuais nessa retomada. Existem casos de empresas que ganharam, por exemplo, um contrato com uma petroleira. Então, elas vão contratar para atender de acordo com sua demanda.

E que outras funções devem ter maior quantidade de contratação ao longo dos próximos anos?

Essa é uma pergunta difícil de responder, porque o mercado de óleo e gás está passando por uma grande mudança. O setor está com o foco mais direcionado para energia do que propriamente para a operação de óleo e gás. Uma empresa como a Statoil, por exemplo, mudou de nome [Equinor] e passou a ter o foco em energia e não somente em óleo e gás. E isso começa a abrir um leque muito grande de contratações. Eu acho que a área de vendas vai ser bastante acessível no setor. E numa retomada, a parte comercial acaba tendo uma reação rápida.

Além disso, com esses grandes leilões acontecendo, teremos no futuro vagas para engenharia surgindo. Posições que antes já existiam agora voltam ao radar, mas com uma remuneração, imagino, um pouco diferente em relação ao passado.

O setor de óleo e gás passou por uma crise muito severa, obrigando as empresas a buscarem mais eficiência e economia. Isso significa que o volume de contratação será em menor escala e as remunerações reduzidas?

A eficiência é uma busca que acontece independente do momento. O que aconteceu com óleo e gás depois dessa crise é que a dinâmica do mercado ficou diferente. Algumas questões, como o conteúdo local, estão diferentes. O conceito de conteúdo local do passado pesava muito na contratação, mas agora isso vai diferente em virtude das mudanças questão acontecendo. Isso abre as portas para as empresas internacionais. Eu acredito que teremos uma retomada, mas numa dinâmica diferente do que ela foi. Não acho que o mercado será exatamente o que era anos atrás. Ele volta, talvez, com os salários não tão agressivos. A própria regra de conteúdo local traz um impacto. Tudo isso influencia como serão feitas as contratações no futuro. Teremos sim um aumento de demandas, mas para acompanhar um setor que estava adormecido até então e principalmente para atender novos players.

Como está a procura, por parte das petroleiras e empresas do setor de óleo e gás, pelos serviços de recrutamento da Robert Half? Já nota um crescimento?

Já temos uma busca por profissionais, não só em áreas técnicas mas também nas áreas administrativa, contabilidade, financeira, RH e jurídica. Já temos oportunidade que estão evoluindo.

Quais as principais exigências das companhias na hora de contratar?

Elas pedem uma experiência prévia no setor, principalmente sobre as regras locais. O que se procura são profissionais que saibam como trabalhar com as relações com os órgãos do mercado para poder tirar maior proveito das coisas que estão acontecendo. A experiência prévia no setor é um ponto importante para contratação. A exigência tem sido resgatar profissionais que já tenham trabalhado nas atividades fins. 

E como deve proceder o profissional que ainda não possui experiência?

Ele teria que estudar, fazer algum tipo de especialização e aumentar o networking. Além disso, começar a construir uma cadeia de contatos. Como toda e qualquer profissão, existe uma série de conhecimentos técnicos que te torna apto para exercer aquela função.

Em relação as deficiências dos profissionais, quais são as principais?

O inglês é, infelizmente, ainda uma questão. Isso tem feito diferença. Quem fala inglês tem uma grande vantagem e é um dos principais fatores. O inglês abre uma oportunidade muito grande, por conta das empresas internacionais que estão entrando no Brasil. Alguns bons profissionais acabam perdendo oportunidades por conta da falta do inglês. Falar mais de um idioma passa a ser um diferencial. (Petronotícias)