Diante do corte de investimentos na indústria de óleo e gás, a palavra-chave para grande parte do mercado vem sendo a diversificação. A atuação em diferentes setores garante a manutenção de projetos para muitas empresas e está hoje no foco da Sandech, que vem marcando presença na OTC em busca de novas parcerias nos segmentos offshore, com suporte a operações em plataformas, e onshore, voltada a unidades de refino e distribuição. Apesar dos impactos da crise sobre a cadeia produtiva de petróleo, a ampliação das perspectivas de negócios na área de engenharia para projetos brownfield vem impulsionando o portfólio da empresa, de acordo com os sócios da Sandech, Gustavo Salvato (esq.) e Antônio Marques (dir.), que enxergam um futuro otimista no setor para os próximos meses. Até o fim de 2016, a companhia espera ampliar seu faturamento entre 70% e 100%, estimulada principalmente por um crescimento recente nas demandas do segmento de distribuição de combustíveis. Com foco no planejamento de projetos e apoio operacional à indústria energética, a Sandech também vem atuando junto ao setor de geração e transmissão, e a tendência é de que contratos sejam fechados em novas áreas, abrangendo desde serviços de modificação a aplicações de engenharia em plantas petroquímicas. “Estamos em uma busca constante por novas áreas de atuação. O momento é difícil, e estamos aproveitando para usar nosso diferencial com foco na expansão.”

Sandech
Quais negociações estão hoje no foco da empresa para a OTC?

Nós sempre buscamos parcerias de negócios na feira, com tecnologias para aplicarmos no desenvolvimento da nossa engenharia, e também o networking entre empresas. Aqui na OTC isso tem um alto nível que geralmente não encontramos, por exemplo, na Rio Oil & Gas. Então procuramos levar tecnologia para associar ao desenvolvimento do nosso trabalho e damos foco às reuniões que temos com outras companhias, entre as quais estão epecistas e clientes que temos no Brasil.

Quais são os projetos em que a empresa está envolvida?

Nós trabalhamos muito com suporte à operação. O nosso foco é engenharia em todas as fases, do conceitual ao detalhamento, mas com foco no brownfield, basicamente.

Pode citar alguns desses projetos?

Temos acordo de sigilo, em geral, mas posso citar o tipo de projeto. Fizemos projetos de instalação de vários módulos em plataformas, desde laboratório a tratamento de esgoto e água, assim como medição. Nós trabalhamos com projetos de modificação em geral, então qualquer mudança que o cliente precisa fazer para manter a unidade dele em operação, seja uma plataforma ou um complexo petroquímico, ele pode contar conosco para prover a engenharia em todas as fases. Em downstream, fazemos projetos de expansão, de tancagem, programas de transferência de ativos e bases de distribuição de combustíveis, que vêm trazendo muitas demandas devido à expansão do setor.

O setor de combustíveis passa hoje por um momento de crescimento?

Sim, porque o mercado é interessante, o preço do combustível é controlado pelo governo, e o mercado internacional abaixou o preço. A margem aumentou, então esse mercado está investindo bastante.

Há regiões específicas que estão se expandindo nessa área?

Nesse mercado, nós atuamos no Brasil inteiro. Temos projetos realizados de ponta a ponta no país, não tem uma região específica. Como são grandes empresas de distribuição, elas têm bases espalhadas e têm plano diretor de investimentos, então atuamos conforme a demanda. Hoje temos feito muitos projetos no Sul, talvez pela proximidade com o Uruguai, porque compram combustível fora do país. Mas temos também Bahia, Maranhão, Amazonas e em diversas regiões.

A Sandech hoje também atua nas obras em si?

Na parte de obras nós atuamos com supervisão. Fazemos o gerenciamento de construção e montagem, com a engenharia e supervisão técnica da obra.

Como avaliam o cenário da engenharia nacional em meio aos impactos da crise?

A crise chegou muito forte para o mercado de engenharia. Muitas empresas estão encolhendo, reduzindo quadro, principalmente quem atuava em greenfield, que teve bastante redução de investimentos. Ninguém está fazendo unidades novas, em geral. Mas o brownfield continua com uma demanda estável. Nós conseguimos passar razoavelmente bem pela crise, no início, porque atuamos em um mercado de suporte. Além de não sermos muito dependentes da Petrobrás, essa é uma área razoavelmente independente do investimento de grande porte que foi suspenso. Nós conseguimos manter um crescimento consistente nos últimos 24 meses. Tivemos uma expansão de aproximadamente 40%, 50% neste primeiro trimestre. Em termos de faturamento, a expectativa é de um crescimento de 70% a 100% até o final do ano.

Esse crescimento se deu em função do setor de combustíveis?

Não, em função do mercado em que atuamos. A Sandech criou um modelo de negócios muito eficiente para atuar no mercado de brownfield. É um mercado que necessita de um tempo de resposta muito curto, precisa de mão de obra qualificada.

Seria mais gestão de operação ou projetos de ampliação?

Projetos que atuam nessas duas áreas, tanto na manutenção quanto na expansão. As empresas que antes atuavam em projetos de greenfield não estão estruturadas e não conseguem dar o tempo de resposta de que os projetos de brownfield precisam. Esse é o nosso diferencial, porque não estamos entrando agora nesse mercado, como é o caso de muitas outras empresas. É um mercado muito específico, onde atuamos há muitos anos e sabemos o que fazer. A Sandech é eficiente, somos bem competitivos e nossa relação custo-benefício é significativamente boa para os clientes.

Hoje esse crescimento da empresa tem se concentrado mais em onshore ou offshore?

Hoje é mais em onshore. Nosso faturamento sempre foi maior no offshore, mas neste ano especificamente estamos crescendo mais em onshore. Isso tende a se equilibrar.

Na área de exploração e produção ou refino?

Em refino e distribuição, principalmente.

Mesmo quando o Brasil estava em alta, existia a crítica de que não se fazia projeto básico como se deveria no país. Como a Sandech vê isso hoje e como poderia ser melhorado?

Esse problema continua. Nós vemos que no Brasil se dá um valor baixo à engenharia de maneira geral, principalmente no caso da brasileira. As empresas tendem a comprar muito mais a grife internacional do que entender que existem hoje boas empresas qualificadas no Brasil, com experiência em vários projetos. E existe uma desvalorização também da engenharia de modo geral. Algumas empresas menores ou de médio porte muitas vezes tentam fazer projetos sem engenharia. Para isso mudar, é necessária uma participação mais efetiva dos órgãos fiscalizadores. Engenharia, se você não faz, ou está gastando mais ou está gerando acidentes. É preciso ter esse entendimento no país. Se esse processo continua, o país não desenvolve capacidade local de produzir tecnologia e fica dependente da importação de outros países. A engenharia não é a cereja do bolo, ela é a base.

Quais são as perspectivas da Sandech para os próximos meses?

Estamos em uma busca constante por novas áreas de atuação, para diversificar. Estamos focados na área de geração de energia, temos um projeto de termelétrica em andamento, e estamos conversando com várias empresas de energia solar e eólica para estar junto a eles no desenvolvimento de parques e usinas. Queremos ajudar no detalhamento da construção desses projetos. Além disso, avaliamos outras propostas na área farmacêutica, por exemplo. Queremos manter nosso fôlego para obter um crescimento no mesmo nível para este ano. Estamos abrindo novos mercados e esperamos fechar um ano muito bom. O momento é difícil, e estamos aproveitando para usar nosso diferencial com foco na expansão. Imaginamos que 2016 deverá ser o pior ano em termos de crise, então temos a expectativa de que as coisas voltem aos trilhos em 2017, chegando em 2018 quase na normalidade. Essa mudança de governo pode trazer bons ares, fazendo as mudanças necessárias na economia para o país reagir.

Nessa área de energia, avaliam atuar com projetos na área de transmissão?

Nós já estamos cotando pro setor. Estamos dando suporte a empresas que participaram do leilão, mas ainda não podemos mencionar porque são contratos sigilosos. (Petronotícias)