O Fórum Econômico Mundial e a Ellen MacArthur Foundation, em parceria com a McKinsey & Company e como parte do Projeto MainStream, publicou, no último dia 19 em Davos, Suíça, o relatório “A Nova Economia de Plásticos: Repensando o Futuro dos Plásticos”. O documento tem a economia circular como tema central, mas também aborda a questão dos plásticos nos oceanos.

Se, por um lado o relatório reconhece a importância dos plásticos para a vida moderna, “com propriedades imbatíveis”, em contrapartida, aponta a necessidade de que o setor se torne mais circular dentro dos conceitos deste tipo de economia.

A Plastivida, como entidade representante da cadeia produtiva dos plásticos no que diz respeito à sustentabilidade, tem atuado no Brasil e no mundo para compreender as dimensões dessa questão, assim como para buscar, junto a parceiros nacionais e internacionais, soluções para mitigar os problemas apontados.

De forma geral, a entidade está de acordo com o relatório, principalmente quando diz que “os setores público e privado e a sociedade civil precisam se mobilizar para aproveitar a oportunidade de uma nova economia circular de plásticos”, ou seja, que a responsabilidade para que se estabeleçam as boas práticas de uso e descarte desses produtos é da sociedade como um todo.

Concordamos que realmente existam perdas financeiras, estimadas pelo estudo entre 80 a 120 bilhões de dólares, as quais estão relacionadas ao desperdício, má gestão de resíduos e ineficiência de reciclagem em diversos países, notadamente os países em desenvolvimento. Esses são pontos que não estão ligados a produtos ou matérias-primas, mas ao comportamento da sociedade civil em geral, seja o Poder Público que pode contribuir com políticas de gestão de resíduos e incentivo a reciclagem, seja a sociedade que deve atuar de forma cooperativa, por meio do consumo consciente e participação na coleta seletiva, seja a indústria que deve investir e se preparar cada vez mais para aumentar a reciclagem dos plásticos. Com o conjunto dessas ações, os plásticos atenderão plenamente ao conceito da economia circular apontado no relatório, que é basicamente: “manter os materiais no seu valor máximo”.

É assim que a Plastivida entende que o futuro dos plásticos deve ser repensado e isso se aplica a qualquer bem de consumo, independente de suas matérias-primas. Dessa forma, Miguel Bahiense, presidente da Plastivida, ressalta que o que deve ser modificado não são as matérias-primas ou produtos, mas o comportamento da sociedade em relação a eles. “Essa é a nossa interpretação do Relatório. Isso fica claro quando é mencionado que essa reflexão requer um novo modelo para uso dos plásticos pós-consumo e redução drástica do seu descarte inadequado, afinal não podemos deixar de lado os inúmeros benefícios que os plásticos nos proporcionam”. Bahiense completa: “essa mudança de comportamento deve ocorrer o quanto antes, pois é fundamental para o futuro do planeta, independentemente dos tipos de resíduos em questão”.

A Plastivida atua nesta questão desde 2012. Por meio de um convênio firmado com o Instituto Oceanográfico/USP, foram realizados estudos que constataram, em linhas gerais que:

  • 80% dos resíduos encontrados nos mares têm origem terrestre (pós-consumo, tais como resíduos sólidos urbanos, resíduos de recreação nas praias, entre outros;
  • 20% de resíduos têm origem no mar (descarte de embarcações, atividade pesqueira, lixo internacional por correntes marítimas etc).

Estes estudos realizados pelo Instituto Oceanográfico/USP atestam a necessidade da mudança de comportamento em relação ao descarte e consumo já que a má gestão dos Resíduos Sólidos Urbanos (RSU) é uma das principais fontes de degradação do ambiente marinho, como afirma o GPA/PNUMA – Programa de Ação Global para a Proteção do Ambiente Marinho de Atividades Continentais.

Globalmente, a Plastivida é signatária da “Declaração Global Conjunta da Indústria dos Plásticos” – decorrente da Estratégia de Honolulu – assinada em 2011 e que formaliza a posição desta Indústria com relação ao problema do lixo marinho. Atualmente existem mais de 100 iniciativas da Indústria Global dos Plásticos, inclusive no Brasil, para contribuir com propostas de solução para o problema.

A Plastivida tem o compromisso de atuar pelas boas práticas de utilização e descarte dos plásticos, de forma local e global, para que sua relação com a sociedade de forma geral seja benéfica, assim como com o meio ambiente.