A ABEEólica espera que o governo federal publique uma portaria até o dia 30 de junho que autorize a realização de um leilão de energia de reserva este ano. Esse é o prazo que a entidade aponta como necessário para que o certame possa ser realizado em setembro ou outubro, como já sinalizaram autoridades do Ministério de Minas e Energia. Caso não ocorra novamente a contratação há o risco de que os fabricantes possam ficar com 90% de ociosidade em suas fábricas a partir do ano que vem.

De acordo com a presidente executiva da associação, Élbia Gannoum, os fabricantes de aerogeradores estão avaliando a situação do país e a falta de contratação. Inclusive, citou que há empresa cuja ideia de deixar o país é considerada, mas não revelou qual seria essa fabricante. “Se eu não tenho contratos em 2016 e em 2017, essa indústria vai embora e quando o Brasil precisar contratar energia eólica não estará mais aqui, por isso precisamos de sinal de investimentos”, disse.

Apesar desse cenário, a executiva mostra confiança de que esse ano o país poderá contar com até dois leilões de contratação. Esse posicionamento é decorrente de outros já declarados do ministro de Minas e Energia, Fernando Coelho Filho, do secretário de Planejamento e Desenvolvimento Energético, Eduardo Azevedo e do secretário executivo, Paulo Pedrosa.

Os dois primeiros reconhecem a necessidade política de se realizar um LER para garantir a demanda das fontes renováveis apesar de ainda não se ter o montante que poderá ser contratado. Na avaliação da executiva, esse volume “não deverá ser medíocre” mas também não deverá chegar ao volume que compense os últimos anos abaixo da média de 2 GW ao ano que é o breakeven point do setor.

“Eu disse para o ministro que precisamos de uma portaria genérica onde não precisamos definir os montantes de contratação agora, pois todos estão fazendo suas contas, MME, EPE nós aqui na ABEEólica, para depois sentarmos e apresentar esses números e argumentos. Até porque existem os trâmites legais, essa portaria não poderia passar de junho”, comentou Élbia.

Esse LER serviria para sinalizar pela continuidade dos investimentos em eólicas já para o período mais imediato. Segundo a representante do setor, para reocupar o chão de fábrica é necessário que o certame de reserva seja realizado no prazo normal, de perfil A-3. Agora há outra frente a de contratação de energia nova mas com perfil que poderia ser de A-5 a até um A-7, indicado por Pedrosa, que aí sim significa uma sinalização de longo prazo com a previsibilidade necessária.

Uma questão importante com vários passos a serem dados é a limpeza dos elétrons de papel. O leilão de descontratação de energia, que poderá alcançar 1,5 GW e que está previsto, bem como a retirada de térmicas que somam algo entre 5 GW e 9 GW são medidas importantes que ajudam a deixar mais claro o volume de energia efetivo que o Brasil dispõe.

Até porque, lembra a executiva, há sobras de energia nas distribuidoras e ao mesmo tempo estamos com o primeiro patamar da bandeira vermelha acionada. Ou seja, há um desequilíbrio claro no sistema. Com essas medidas é possível que possamos ter as distribuidoras sem esses contratos na mão apresentando demanda futura. O leilão de reserva é a forma de o sistema ficar mais tranquilo, dependeria de uma decisão do governo e cujo impacto não é expressivo para o consumidor caso sobrasse diante da dimensão do sistema elétrico nacional. E ainda, reforça a segurança da fonte para o setor elétrico, que se não fosse a força dos ventos, o Nordeste teria entrado em racionamento. (Canal Energia)