O ano de 2015 foi de pouca movimentação no setor de óleo e gás, com grande parte das companhias buscando cortar custos e reduzir investimentos. A expectativa é de que a indústria se recupere em breve e é preciso estar pronto para atender às demandas quando o mercado aquecer e os negócios voltarem ao seu ritmo normal. Por isso, a Navium comemora as renovações de certificações obtidas no último ano, junto à Petrobrás e à Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq). As certificações permitem à empresa prestar serviços como afretamento e ancoragem de embarcações para a Petrobrás. De acordo com o presidente da empresa, Mario Jorge dos Santos, o nível exigido pela estatal é superior a cada ano, com a evolução dos requisitos solicitados, por isso a renovação das certificações é tão difícil e importante. Com os documentos, a Navium também pode ser uma opção para empresas estrangeiras que desejam prestar serviços no Brasil, seguindo a regulação que exige a atuação através de uma empresa nacional. Apesar do número de serviços ter diminuído, a empresa se mantém fiel às suas funções primordiais. Novos mercados, no entanto, não estão fora do radar da Navium. Ciente da expansão das fontes alternativas de energia e dos projetos voltados para o setor, Mario Jorge não fecha as possibilidades para prestar serviços a fazendas eólicas em alto mar, por exemplo. Essa tecnologia ainda não está sendo usada no país, mas já é encontrada na Europa e pode vir a ser uma opção futura.

Como foi o ano de 2015 para a Navium?

O ramo de atuação da Navium requisita certificações para que sejamos contratados, e em 2015 nós fomos bem sucedidos nos processos a que fomos submetidos. A Antaq realizou uma auditoria, não só na parte financeira, mas também na parte legal, para verificar se estávamos operando dentro das normas técnicas solicitadas. Esse tipo de auditoria é realizada a cada três anos e ficamos muito satisfeitos com o resultado, já que, no nosso país, cumprir com tudo o que é requisitado já é um grande desafio. 
Também passamos por uma auditoria da Petrobrás, que nos deu novamente o Certificado de Fornecedor (CRCC). Com ele, podemos prestar serviços na parte de ancoragem de navios. Por fim, fomos aprovados no Programa de Excelência Operacional em Transporte Aéreo e Marítimo (Peotram), criado pela Petrobrás para buscar excelência nessas operações, através de um sistema de pontuação, com notas de corte cada vez mais altas. De acordo com as melhorias em equipamentos, sistemas, combustíveis e evoluções técnicas, os requisitos passam a ser mais altos. Com a aprovação, nós podemos participar das licitações de afretamento de navios.

Quais as expectativas para este ano?

Estamos passando por um momento de cortes em todos os setores da indústria, em um sentido global. No entanto, é preciso ficar atento às oportunidades que se abrem nesses momentos. Essas certificações, por exemplo, nos dão algumas possibilidades, então o trabalho é de observar quais as necessidades do mercado e saber se colocar à disposição para atender essas demandas. As empresas estrangeiras que desejam atuar no Brasil nessas áreas específicas precisam operar através de uma empresa nacional, então essas certificações nos colocam em condições de ser essa empresa.

Quais as alternativas buscadas para superar a crise?

A Navium já atua há 28 anos com trabalhos offshore junto à Petrobrás, então pensar em mudar nosso ramo de atuação é algo difícil. Todos estamos buscando alternativas, então o melhor a fazer é ver como o mercado vai se comportar, mas as evoluções fora da indústria de óleo e gás nos fazem pensar. Por que não considerar possibilidades como levar materiais para fazendas eólicas em alto mar. É o mesmo tipo de serviço que já prestamos hoje em dia para plataformas de petróleo. É importante pensar em novas possibilidades dentro da nossa atividade. No Brasil, a fonte eólica vem crescendo cada vez mais e diversos países já apostam em geração eólica em alto mar. Essa realidade não deve tardar a chegar por aqui.

Em que projetos a empresa esteve envolvida recentemente?

Nós trabalhamos na instalação do FPSO Cidade de Mangaratiba, da Modec, no campo de Lula, no pré-sal da bacia de Santos. Para este ano, também estamos na expectativa de um novo FPSO da Modec, o Cidade de Caraguatatuba, que deve ser entregue no final do primeiro semestre. Essa embarcação já está sendo convertida aqui no país e também irá atuar na bacia de Santos.

A Navium planeja participar de feiras especializadas neste ano?

A participação na Rio Oil & Gas ainda está sendo analisada. Tradicionalmente, nós temos um estande, mas o IBP está refazendo os custos e consultando as empresas participantes para decidir qual será o tamanho e características da feiras deste ano. O momento realmente é de avaliação das perspectivas de mercado, muita análise e cuidado com custos, para todos do setor.

O que é necessário para uma retomada da indústria?

Acho que nós nunca podemos perder de vista a importância do tempo da engenharia. Se ele não for obedecido, as perdas são muito maiores do que o investimento na engenharia, por conta de erros que poderiam ser previstos e evitados. O tempo de engenharia não pode ser relegado a segundo plano. Outra análise que deve ser feita é a interna, para reconhecer os erros que foram cometidos e levaram a esta situação. Então é preciso colocar os pés no chão e assumir uma posição de humildade para que esta fase ruim seja superada. (Petronotícias)