O grupo italiano de energia renovável Enel Green Power vai praticamente quintuplicar a capacidade de geração no Brasil até 2019, período em que o país deve responder por cerca de 20 por cento da expansão global da empresa, com investimentos de mais de 2 bilhões de dólares, afirmou um executivo à Reuters.

O país, no qual os italianos estão presentes desde 2006, é considerado estratégico devido à grande disponibilidade de recursos eólicos e solares com altos fatores de capacidade e pelas expectativas de crescimento da demanda local, que deverá ser cada vez mais preenchida com fontes renováveis para diversificar a matriz, disse o chefe da Enel Green Power para a América Latina, Maurizio Bezzeccheri, em entrevista por e-mail.

O executivo também elogiou o modelo de leilões adotado pelo país para contratar novos projetos de energia elétrica.

“Como o sistema se baseia na assinatura de contratos de venda de energia de longo prazo, ao invés de subsídios, assegura oportunidades justas de crescimento para empresas de energia renovável ao mesmo tempo em que reduz a exposição a riscos políticos”, explicou Bezzeccheri.

Segundo o diretor, a Enel Green Power, braço de investimentos em energia renovável de uma das maiores empresas da Itália, deverá direcionar cerca de 50 por cento dos investimentos no Brasil a usinas eólicas, enquanto projetos solares receberão 40 por cento dos recursos e pequenas hidrelétricas outros 10 por cento.

“A companhia deve alcançar uma capacidade instalada total de aproximadamente 1,9 mil megawatts no Brasil ao final de 2018”, disse o executivo.

Atualmente, a Enel Green Power possui 388 megawatts em usinas no país, a maioria em eólicas, mas também com plantas hídricas e solares.

A companhia soma 1,5 mil megawatts em usinas com contratos de venda de energia fechados em leilões ou no mercado livre de eletricidade do Brasil e não descarta ampliar os investimentos “à medida em que surgirem novas oportunidades”.

Bezzeccheri descartou apenas a entrada em grandes projetos hidrelétricos no país, com um foco total da empresa em usinas hídricas de menor porte.

“Não temos interesse em desenvolver grandes hidrelétricas porque sua construção leva entre oito e dez anos e elas frequentemente enfrentam dificuldades em obter aceitação das comunidades locais”, explicou o diretor, citando também dificuldades de cronograma e os elevados investimentos iniciais necessários.

FINANCIAMENTO E PROJETOS

De acordo com o diretor para América Latina, a Enel Green Power tem utilizado no Brasil fontes próprias de financiamento, o que inclui empréstimos junto a bancos locais e internacionais.

Bezzeccheri disse que a companhia já assinou dois contratos para empréstimos a serem quitados em dez anos, um com a International Finance Corporation (IFC), instituição do Banco Mundial, no valor de 200 milhões de dólares, e outro com o Itaú Unibanco, de cerca de 100 milhões de dólares, intermediado pelo IFC.

A companhia também se credenciou recentemente a obter empréstimos junto ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para projetos atualmente em construção.

“Em geral, tentamos financiar nosso crescimento no Brasil em moeda local, no que for possível: isso nos permite casar entradas e saídas de caixa, bem como estar protegidos contra flutuações cambiais”, disse o executivo.

Entre os projetos da Enel Green Power atualmente em obras no país estão complexos eólicos na Bahia, com cerca de 560 megawatts, além de 254 megawatts em parques solares em São Paulo e uma hidrelétrica de médio porte no Mato Grosso, com 102 megawatts. (Jornal A Cidade)