A ASV Global foi criada em 2009, no Reino Unido, com um novo conceito de embarcação de apoio para atuação no setor offshore, os chamados Autonomous Surface Vehicles (ASV), controlados remotamente, e desde então vem crescendo rapidamente pelo mundo. Depois de já ter entregado mais de 70 unidades em 10 países, com dois escritórios nos Estados Unidos, a companhia abriu recentemente sua primeira unidade brasileira, sob o comando de Rafael Coelho, que trabalhou por cinco anos na matriz britânica. Agora a empresa busca fazer conexões locais, prospectar mercado e apresentar seus modelos de embarcações, de pequeno porte, mais ágeis e com maior capacidade de comunicação, para atender as necessidades das petroleiras, e tem grandes expectativas com o pré-sal, já que campos localizados a grandes distâncias da costa são um dos principais focos da companhia. “Operar com essas distâncias é muito caro e as embarcações autônomas podem ajudar, aumentando a eficiência das operações”, afirma Coelho, lembrando que a Oceaneering detém uma participação na ASV e pode ajudar dando respaldo à empresa em seus primeiros passos no Brasil. A companhia também foi um dos destaques do painel britânico na última edição da Marintec Navalshore, em setembro, após convite do Consulado Britânico, e espera começar a faturar no País a partir do ano que vem. A expectativa é ter os primeiros projetos fechados em 2017, já com barcos operando no País, e crescer de maneira geral no Brasil, que tem um potencial enorme”, completa o executivo.

Como foi a vinda da ASV Global para o Brasil?

Eu trabalho na empresa quase desde o início dela, há cinco anos. A partir de 2009, ela assumiu a forma que tem, começando com três funcionários, e eu entrei em 2011. Hoje a ASV tem quase 100 funcionários. Depois destes anos em Londres, em junho deste ano eu vim para o Brasil, e estabelecemos agora o escritório e a nossa estrutura inicial por aqui.

Como será a atuação da empresa no País?

A ideia é até o final do ano fazer uma forte prospecção de mercado, estabelecer conexões, compreender melhor o mercado e ver quais tecnologias se adequam melhor ao País, em busca de fechar os primeiros contratos no início de 2017, após a realização de demonstrações.

Haverá fabricação local?

Estamos analisando ainda. É bem possível que a gente faça parte da produção no Brasil. Ainda não está certo, mas tempos interesse em estabelecer conteúdo local, para facilitar as contratações. Estamos buscando parcerias com estaleiros e com o pessoal da Coppe, para saber o que a academia está precisando, porque esses veículos são muito utilizados por universidades lá fora. A Coppe nos recebeu muito bem, inclusive.

Outra área que queremos desenvolver é na contribuição com alguma instituição de ensino, para a criação de um curso técnico em operação de sistemas autônomos. Estamos criando esse curso na Inglaterra e temos interesse em replicar isso aqui, para contribuir na formação e na capacitação.

Quais os principais mercados de interesse para a empresa?

A gente tem bastante expectativa no mercado de óleo e gás, principalmente com o pré-sal e as grandes distâncias da costa. Operar com essas distâncias é muito caro e as embarcações autônomas podem ajudar, aumentando a eficiência das operações. Acreditamos que o mercado de mineração offshore, que ainda vai se desenvolver no Brasil, possa ser interessante nos próximos 10 anos Também.

Outra parte em nosso radar é a de defesa. Todas as marinhas do mundo estão adotando sistemas autônomos, então em algum momento as marinhas da América do Sul farão esse movimento também. O mercado de hidrografia e batimetria também, assim como o setor de oceanografia, que é menor, mas também interessa e tem serviços. Além disso, a parte ambiental também pode ser muito forte no Brasil. Já fizemos um trabalho de monitoramento de baleias e golfinhos no Golfo do México e na costa da Inglaterra, e isso pode ser buscado aqui também.

Quais as aplicações das embarcações autônomas de superfície para o setor de óleo e gás?

O principal, que as empresas mais buscam, é a utilização de USBL (sistema acústico de posicionamento submarino), para a localização de equipamentos situados no fundo do mar. Ele funcionaria como uma espécie de satélite na superfície do mar. Os equipamentos e veículos que estão em operação no fundo do mar se comunicam com o ASV (veículo autônomo de superfície) e ele se comunica tanto com a plataforma quanto com as operações em terra ou outras embarcações de apoio. Hoje, para isso, são usados barcos de apoio, de grande porte, mas eles geram muito ruído dentro d’água, o que prejudica essas comunicações, além de serem menos eficientes.

Outra aplicação ainda em desenvolvimento é para o levantamento de dados sísmicos. Ainda não fizemos essa operação, mas é um conceito que está sendo considerado.

Quem são os maiores clientes da empresa no mundo hoje?

Os principais clientes são da área de defesa do Reino Unido. Mas na parte offshore já fizemos alguns trabalhos importantes para a Technip, Subsea7, TerraSond e NOAA, que é a agência oceanográfica americana.

Já estão em negociação com alguém no Brasil?

Já temos conversas avançadas como alguns clientes potenciais, da área de hidrografia e batimetria. Na área de óleo e gás, já conversamos com algumas pessoas, mas ainda estamos dando os primeiros passos. É uma área mais lenta e o momento é complexo, mas acredito que esse cenário vai nos ajudar, porque as empresas estão buscando um aumento da eficiência e nós podemos ajudar nisso.

Buscam algum tipo de parceria local?

A princípio com as universidades e com os estaleiros. A empresa tem 30% de seu capital pertencentes à Oceaneering, então temos a possibilidade de ter algum respaldo, uma espécie de parceria interna dentro do grupo, se precisarmos.

Qual a perspectiva de faturamento em 2016?

Em 2016, devemos chegar a cerca de 8 milhões de libras.

Quais os planos e expectativas com o mercado brasileiro?

A expectativa é ter os primeiros projetos fechados em 2017, já com barcos operando no País, e crescer de maneira geral no Brasil, que tem um potencial enorme. Cada vez os veículos autônomos vêm ganhando mais espaço no mundo, então por que não usar no Brasil, onde as distâncias são enormes e as dificuldades imensas (Petronotícias).