A paralisia do governo agrava a crise econômica que o país vive. A turbulência política impede as lideranças de por em prática soluções óbvias que poderiam nos tirar da inércia. Um exemplo clássico é a urgência da decisão pela construção das novas usinas nucleares que o Brasil precisa para ter garantia de fornecimento de energia firme até 2050. O Ministro das Minas e Energia, Eduardo Braga, sabe, concorda, mas desde o mês de maio deste ano não dá um passo em direção à solução.

Um estudo da Fundação Getúlio Vargas indica a necessidade brasileira da construção de pelo menos quatro novas usinas até 2030 e mais oito até 2050. O diferencial desse programa é que as empresas internacionais se propõem a projetar, financiar e construir essas usinas, entregando a operação para a responsabilidade da Eletronuclear. Mas só querem colocar o dinheiro neste projeto se tiverem 51% das ações, livrando as obras das obrigações da Lei número 8.666. A construção dessas novas usinas geraria milhares de novos empregos, reaqueceria o setor de fornecedores de equipamentos nucleares e realimentaria nas universidades brasileiras o desejo de formação de novos engenheiros.

A inércia também proporciona prejuízos incalculáveis para toda a cadeia do segmento de petróleo e gás, de forma geral. No Projeto Perspectivas 2016 desta segunda-feira (14), buscamos ouvir dirigentes e empresários de grande experiência que vivem o dia a dia do drama que a economia brasileira se tornou. Ouvimos o Presidente da ABDAN, Antônio Müller, o Vice-Presidente de Óleo&Gás da Schneider Electric na  América do Sul, Luis Felipe Kessler, e o diretor da SGP Solar, Bernardo Scudiere.

Primeiramente, veja a opinião de Antônio Müller:

– Como analisa os acontecimentos em seu setor neste ano?

“As decisões no segmento de geração nucleoelétrica estão muito tímidas. O Ministério de Minas e Energia fala, porém de prático não aconteceu nada. São necessárias definições imediatas para evitar a falta de energia elétrica em 2025-2030.”

– Quais seriam as soluções para os problemas que o país está atravessando?

“As soluções são simples e as decisões demoradas. As soluções são mais investimentos, redução do Governo na economia, redução da maquina governamental e redução de carga de tributo e legislação trabalhista moderna que premia a produtividade, menos custo e maior retorno para todos”.

– Quais as perspectivas para 2016? Pessimistas ou otimistas?

“O Brasil não pode continuar como em 2015. Portanto, todos os segmentos e Governo devem focar em uma melhora para 2016. Acreditamos em uma pequena melhora em 2016 e uma melhora positiva em 2017″.

Veja agora as opiniões de Luis Felipe Kessler, da Schneider Electric:

– Como analisa os acontecimentos em seu setor neste ano?

“O setor de Petróleo e Gás no Brasil foi fortemente afetado pelos problemas enfrentados por seu principal ator, a Petrobrás.

A Petrobrás está se reestruturando e como consequência tem uma redução de investimentos de 50% 2014 vs 2016 e um plano de desinvestimento da ordem de US$ 50 bilhões, que  traz um efeito devastador na cadeia de fornecedores. O mercado de petróleo, globalmente, esta vivendo uma nova era com o baixo preço do barril, onde os grandes investimentos estão desaparecendo e dando lugar a um foco na eficiência operacional e na eficiência energética”.

– Quais seriam as soluções para os problemas que o país está atravessa?

“Um plano emergencial com as diversas entidades, para recuperação da indústria. Estamos em uma recessão e só um plano emergencial de suporte ao crescimento industrial pode retomar o crescimento do país e os empregos”.

– Quais as perspectivas para 2016? Pessimistas ou otimistas?

“O ano de 2016 vai ser tão difícil quanto 2015, porém temos que ser otimistas e trabalhar buscando as melhores soluções de eficiência e performance. Existem muitas oportunidades de otimização e melhoria de eficiência nas operações industriais no Brasil. A Schneider Electric vem se transformando no mercado de Oil&Gas, como especialista global de gestão de energia e como especialista em software de gestão operacional, ajudando nossos clientes a tornarem suas operações mais eficientes, ou seja, a fazer mais usando menos do planeta”.

O ano não será de muitas facilidades, segundo Bernardo Scudiere, Diretor da SGP Solar

– Como analisa os acontecimentos em seu setor neste ano?

“O setor de energia solar ganhou força impulsionado pela crise hídrica que encareceu em mais de 40% a energia no mercado cativo. Os leilões solares foram bem sucedidos e o mercado residencial e comercial já demonstram maior interesse. Dez  anos depois da Ásia, Europa e Estados Unidos, o Brasil começa acordar para essa alternativa limpa, segura e de fonte infinita”.

– Quais seriam as soluções para os problemas que o país está atravessando?

“Vou responder a terceira pergunta também, se somos pessimistas ou otimistas. O Brasil atravessa uma crise de confiança seríssima. E, enquanto o cenário político não demonstrar sinais de estabilidade, continuaremos afundando. Atrelado a isso, ainda temos o preço das commodities que continuará em baixa, o fraco crescimento chinês e o provável aumento dos juros americanos que irá pressionar ainda mais o câmbio. Será um ano muito duro para o Brasil. Falando dos fundamentos microeconômicos, temos a tempestade perfeita de recessão, inflação e déficit primário também para 2016”. (Petronotícias)