Segundo dados da Abimaq, o consumo aparente em junho apresentou um resultado atípico, influenciado pelas importações que, no mês, dobraram de valor. Na ponta houve crescimento de 56,7% sobre o mês de maio/16. No semestre, entretanto o resultado foi de queda de 25,4% sobre o semestre de 2015.

As altas taxas de ociosidade observadas em todos os setores da indústria de transformação colocam como incerta a retomada dos investimentos no curto prazo, mesmo após esse pico ocorrido em junho/16. A análise de ponta do comportamento da receita de vendas evidenciou uma tendência à estabilidade, ainda que em nível muito baixo.

Na comparação com 2015 observa-se queda de 23,7% no mês sobre o mesmo mês, e de 29,3% no semestre sobre o mesmo semestre (jan-jun). No mercado interno o cenário mostra-se mais preocupante. As vendas acumularam queda de 46,3% no primeiro semestre de 2016. As incertezas políticas combinadas com a política econômica recessiva, onde o custo do capital é incompatível com o retorno dos investimentos, tem inviabilizado qualquer decisão de investimento no país. O comportamento das vendas até junho indica uma provável queda, da ordem de dois dígitos, em 2016 sobre 2015. O curto período de desvalorização do real frente ao dólar trouxe relativo ganho de competitividade ao produtor nacional, mas não viabilizou a reposição de margem.

Os preços das máquinas e equipamentos medidos tanto pelo IPP do IBGE quanto pela col 32 da FGV continuam variando abaixo do preço dos insumos de produção e também da média dos preços dos bens que compõem a cesta de produtos medidos pelo IPCA. A apreciação do real ocorrida em 2016 anulou, praticamente, todos os ganhos de competitividade dos produtos nacionais.

No mês de jun/16 as exportações de máquinas e equipamentos ficaram estáveis em relação às efeituadas no mês mai/16, e 2,3% acima das realizadas no mês de jun/15. No ano, o setor inverteu a curva e registrou crescimento, em valores, de 1,1% em relação ao 1º semestre de 2015. Em quantidade o crescimento chegou a 10,4% no período.  Há dúvidas se o atual câmbio, inferior a R$ 3,4 por dólar, permitirá a manutenção desta tendência.  Apesar da estabilidade observada nas exportações totais do mês de junho/16 em relação a maio do mesmo ano, houve forte crescimento das vendas  de equipamentos para infraestrutura e indústria de base (+23,5%) e de máquinas para petróleo e energia renovável (+173,3%).  Este último, em função das vendas de tubos dos tipos utilizados em oleodutos ou gasodutos e tubos para revestimento de poços, somando no total US$ 43 milhões. Os principais destinos das exportações brasileiras de máquinas e equipamentos (M&E) são, pela ordem, América Latina, Europa e Estados Unidos. Observa-se, em 2016,  redução da participação relativa na América Latina e forte aumento na China. A China saltou de 1% em 2015 para 10% em 2016.

No mês de junho, a queda contínua nas  importações de máquinas e equipamentos foi interrompida. Na comparação com o mês de maio/16, houve um crescimento de  93,5% nas importações que saltaram de uma média mensal de US$ 1,2 bilhão para US$ 2,3 bilhões.  Na comparação com jun/15 o crescimento foi de 44,1%.  Com este evento atípico a queda acumulado no ano saltou de 30,4% até maio para 18,8% no semestre de 2016 contra o 1º sem/15.

O forte crescimento observado no mês (+93,5%) é resultante do aumento da entrada de máquinas para infraestrutura e indústria de base (+425,8%) e para a indústria de transformação (+113,4) que juntos responderam por 84% do incremento. Para a indústria de transformação entraram  fornos e para infraestrutura entraram equipamentos para saneamento básico, cimento e mineração e alguns bens sob encomenda como caldeiras, trocadores de calor, equipamentos para metalurgia, laminadores e outros itens de menor valor. O forte aumento no mês de junho também influenciou o ranking das origens de importações.

Neste mês a Coreia do Sul  foi o principal destaque ao ter sua participação histórica no mercado brasileiro elevada de 2% para 11,4% em 2016, deslocando a Itália e Japão para 5ª e 6ª posição respectivamente.  Também ganharam market share no primeiro semestre de 2016, mas em menor proporção, a China e a Alemanha.

A redução do déficit na balança comercial de máquinas e equipamentos da ordem de  31% no primeiro semestre de 2016, resulta da forte queda das importações iniciada em 2014. Em junho, o crescimento do déficit em função do forte aumento das importações, é, aparentemente, um ponto fora da curva.

O setor fabricante de máquinas e equipamentos encerrou o semestre com uma carteira de pedidos equivalente a 2,6 meses de trabalho, uma redução de 6,3% sobre o mês de junho de 2015. E reduziu em 2,9% (jan/jun) o uso médio da sua capacidade instalada ao passar de 68,3% em 2015 para 66,6% em 2016.

A indústria de máquinas encerrou o mês de junho de 2016 com 308 mil pessoas ocupadas. Uma redução de 1.518 pessoas, ou -0,5% sobre o mês de maio de 2016. Na comparação  o mesmo mês de 2015 (junho) houve a redução de mais de 32.703 postos de trabalho.