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Arab Hoballah (unep/onu) defende benefícios, soluções e maior engajamento das prefeituras para habitação sustentável
“O Brasil vai construir cada vez mais prédios, e eles precisam de eficiência energética. Caso contrário, o país pagará alto economicamente e ambientalmente”. Especialista defende propagação de métodos sustentáveis para todo tipo de poder aquisitivo.
Diretor de Consumo Sustentável e Produção da Unep - Programa de Meio Ambiente das Nações Unidas, Arab Hoballah é um dos convidados da próxima Expo Arquitetura Sustentável – Feira Internacional de Construção, Reforma, Paisagismo e Decoração, que acontece de 10 a 12 de novembro de 2015. Economista e cientista político, ele apresenta a palestra magna de abertura às 9h do primeiro dia de evento, e, em entrevista, discute algumas principais diretrizes da construção verde no mundo, e adianta alguns tópicos de sua apresentação na Expo Arquitetura Sustentável: Ecoinovação e Construção Sustentável em Apoio à Agenda de Desenvolvimento pós-2015.
Como o sr. avalia o cenário atual da construção verde, principalmente em países em desenvolvimento, e o Brasil?
Tanto no Brasil quanto em outros países emergentes, a questão da construção civil é essencial na discussão climática. Todo governo quer diminuir a emissão de poluentes e o consumo de energia. Quer ter certeza de que os prédios estão melhores construídos e mais sustentáveis. O Brasil vai construir cada vez mais prédios, e eles precisam de eficiência energética. Caso contrário, o país pagará alto economicamente e ambientalmente. Também é importante que se façam retrofits para os prédios que já estão de pé, principalmente em grandes cidades brasileiras, como São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília ou Recife.
Há algo que pode ser feito enquanto reformas ou novas construções não são possíveis?
A maioria dos prédios do mundo pode diminuir em um terço seu consumo de energia, sem grandes reformas. E seria possível diminuir muito mais se houver pesquisas. As cidades podem economizar bilhões de dólares. O Brasil, especificamente, vai construir 80% de seus novos prédios nos próximos 30 anos e eles precisam ser feitos da maneira correta. Também deve haver legislação apropriada, de maneira integral.
E é por isso que as certificações podem contribuir para essa transformação?
É necessário entender as escalas e as necessidades do país para que esses selos realmente possam contribuir para a economia, então muita pesquisa é necessária. Os BRICS construirão a maior parte dos edifícios nas próximas décadas. Esses países estão em posição de ser a vanguarda da arquitetura sustentável.
O que o sr. pode nos dizer sobre a apresentação que fará na Expo Arquitetura Sustentável?
A agenda pós-2015 deve fazer com que nós saiamos das metas do milênio e passar a adotar o desenvolvimento sustentável. Nós temos boas políticas, mas precisamos usar recursos de maneira correta: fazer mais e melhor com menos. Temos tecnologias avançadas, mas só poderemos nos fazer entender com pessoas que entendem todo o processo, a cadeia de valor e seus fornecedores. Você talvez pague 10% a mais por um produto ecologicamente correto. Mas esse dinheiro vai voltar e trazer mais economia. Muitas vezes não há crédito para o investimento, então o governo tem de dar aos bancos o mínimo de garantia para financiamento. Você vê então que está tudo interligado.
Toda essa cadeia tem que entender, com boa informação e educação. Claro que eventos como a Expo Arquitetura Sustentável, ao oferecer diversas opções de certificação e outras opções para construtores, aumentam a chance de que alguma opção seja aplicada. Mas a questão não é escolher ou selo ou outro, mas encontrar respostas efetivas para as necessidades do país. O Brasil, quase um continente, talvez tenha diferentes prioridades em diferentes regiões.
O Brasil possui um grande déficit de moradia. Como devemos buscar métodos que possam ser aplicados em todo tipo de construção?
Nós falamos muito de empreendimentos milionários, mas ainda falamos pouco de habitação para a população de baixa renda ou de classe média. Tanto no Brasil quanto na Europa. O que acontece é que você constrói de maneira econômica, mas a população vai ter de instalar ou aparelhos de ar condicionado ou aquecedores. Isso vai sair caro para todo mundo. Idealmente, um país deveria ter a maioria de seus habitantes como classe média. Então é uma população enorme que precisa ser atendida.
O sr. conhece alguma medida local que tem sido organizada aqui no Brasil, por exemplo?
Nos últimos cinco anos, em São Paulo, estamos trabalhando no conceito Sushi [iniciativa para moradia social sustentável, na sigla em inglês]. É possível construir habitações de interesse social que respeitam o mínimo das ideias de eficiência energética e outros parâmetros da construção verde, como por exemplo o posicionamento das construções em relação ao sol. Essas tecnologias não podem estar ao alcance somente dos mais ricos. Numa casa saudável, você ficará menos doente e os gastos de saúde diminuem. Os materiais recicláveis podem ser reutilizados ou reaproveitados.
Como aumentar o número de construções verdes, de modo que possam se tornar edifícios padrões na construção civil?
É preciso parar o processo e rever os interesses para a comunidade, criar parcerias. A iniciativa tem de vir dos governos, principalmente do municipal, mas é preciso envolvimento de todos os agentes. É verdade que trabalhar sozinho é mais rápido, mas não dá bom resultado. É necessário trazer os investidores para discussão, e isso pode levar meses, ou anos, mas no final o produto será muito melhor. As cidades têm ganhado um papel que não tinham há três ou quatro anos atrás. São agora atores em negociações internacionais e isso é muito positivo.
E como o setor privado deve se comportar?
Muitas companhias agora estão habituadas com meios modernos de comunicação, como Twitter, Skype e Facebook. Isso quer dizer que elas não podem esconder os seus erros, eles aparecem na tela para todo mundo. As empresas estão muito mais cuidadosas e estão tentando melhorar. Ninguém é ingênuo, nada vai mudar rapidamente, mas existem sim mudanças.
Acredito que não estamos trabalhando rápido o suficiente, estamos ainda egoístas - governos, comunidade, consumidores - todos estão esperando o outro fazer. Deveríamos estar trabalhando melhor, mas existe transformação. Os mais jovens estão muito mais conscientes. Para mudar é preciso entender nossos processos produtivos e de consumo. Você tem de estar aberto e crítico não só em relação ao vizinho. De todo modo, estamos nos mexendo, pouco a pouco.
Sobre o evento
A Expo Arquitetura Sustentável terá mais de 70 palestras durante o congresso que acontece em paralelo à feira, dentro do Expo Center Norte. Entre os nomes já confirmados estão Arab Hoballah (ONU), o navegador Amyr Klink e representantes de grandes empresas como a Leroy Merlin, Construtora Even, Odebrecht, Basf, Deca e Fundação Espaço Eco.
As inscrições para a conferência já estão abertas! Para inscrição e informações entre em contato por telefone ou email: 11 5042-7400/eas.inscricao@reedalcantara.com.br
A programação completa pode ser acessada em www.expoarquiteturasustentavel.com.br
Realizada de 10 a 12 de novembro de 2015, a 2ª edição da Expo Arquitetura Sustentável já tem 70% de seu espaço comercializado, solidificando o sucesso estabelecido pela primeira edição. Além disso, a feira organizada pela Reed Exhibitions Alcantara Machado, ampliou sua área de exposição em 50% este ano, somando 12 mil m² do Expo Center Norte.
Serviço:
Expo Arquitetura Sustentável – Feira Internacional de Construção, Reforma, Paisagismo e Decoração
Data 10 a 12 de novembro de 2015
Local: Expo Center Norte – Rua José Bernardo Pinto, 333 - Vila Guilherme
Horário: Exposição das 11h às 20h | Conferência das 9h às 17h
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