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Os edifícios brasileiros e a camada de ozônio
Cresce demanda por certificações no setor imobiliário; fluido refrigerante pode dar crédito adicional
Especialista assinala que tem aumentado o número de empresas projetistas que prevê fluidos refrigerantes ambientalmente aceitos no desenvolvimento de empreendimentos
São Paulo – Uma reportagem do jornal Valor Econômico publicada recentemente mostrou que a preocupação com as questões ambientais vem crescendo no mercado imobiliário nacional, nos edifícios comerciais e residenciais. De acordo com o maior diário de negócios do País esse cenário já ocasionou aumento de 40% no número de empreendimentos que buscam o selo LEED – Leadership in Energy and Environmental Design -, a mais conhecida certificação ambiental do setor de imóveis.
Atualmente, há no País 110 edifícios que já contam com o selo LEED, enquanto outros 659 estão em processos de avaliação para recebê-lo.
Os termos atuais da LEED determinam que ao integrar fluidos refrigerantes ambientalmente aceitos e com baixo GWP ao sistema de climatização de um edifício, o empreendedor poderá receber crédito adicional na pontuação que determinará - ou não - a concessão da certificação. Fluidos com essas caraterísticas também agregam eficiência energética aos imóveis. Já o uso de CFCs ou clorofluorcarbonos nos sistemas automaticamente elimina a possibilidade de conquista da LEED.
Fluidos refrigerantes CFCs tiveram sua importação e comercialização descontinuada no Brasil a partir do final da década de 1990, quando a ciência descobriu que esses compostos contribuíam para a degradação da camada de ozônio. À época, os fluidos HCFCS – hidroclorofluorcarbonos -, foram utilizados em muitas aplicações como alternativos aos CFCs devido a seu menor potencial de degradação. Os HCFCs, por sua vez, começaram a ser substituídos há alguns anos pelos HFCs ou hidrofluorcarbonos. Estes, isentos de cloro em sua composição, não degradam a camada de ozônio.
“Nos dias de hoje as empresas que projetam os empreendimentos têm olhado para três questões relacionadas ao uso de fluidos refrigerantes – ataque a camada de ozônio, eficiência energética e aquecimento global”, explica Manoel Gameiro, vice-presidente de Eficiência Energética da Abrava – Associação Brasileira das Empresas de Refrigeração, Ventilação e Aquecimento - e executivo da Trane/Ingersoll Rand, um dos maiores do mundo do setor de refrigeração, com faturamento de US$ 13 bilhões.
“O grande desafio agora é desenvolver projetos que utilizem menor carga de fluidos refrigerantes e com melhor eficiência energética”, acrescenta Gameiro. “De toda maneira, a certificação LEED contribui positivamente pelo fato de restringir o CFC em prédios já existentes, isso é muito importante”, continua ele.
De acordo com o gerente de negócios da DuPont para a América Latina, Maurício Xavier, os HFCs constituem hoje a mais aceita tecnologia de fluidos refrigerantes para a preservação da camada de ozônio. A companhia americana, líder global do mercado de fluidos refrigerantes, comercializa no Brasil a linha ISCEON®, que permite a substituição dos fluidos refrigerantes HCFCs nos equipamentos já existentes, com alterações mínimas para a maioria das aplicações.
Segundo o executivo, a DuPont já realizou no Brasil diversas operações de Retrofit em edificações, substituindo os fluidos refrigerantes HCFCs por um dos fluidos da linha ISCEON®, que não degradam a camada de ozônio. O Retrofit, além de adequar os empreendimentos à legislação derivada do Protocolo de Montreal, contribui para a melhor pontuação de edifícios corporativos e residenciais na busca por certificações ambientais.
Glossário
- Fluidos Refrigerantes são compostos largamente utilizados nas indústrias de refrigeração, condicionamento de ar, ventilação e aquecimento. É graças à ação desses produtos que se obtém a propriedade de ‘frio’ ou ‘calor’ nos equipamentos.
- Protocolo de Montreal: Documento celebrado mundialmente no final da década de 1980, que estabelece metas e prazos para a eliminação dos CFCs e HCFCs, substâncias que degradam a camada de ozônio. Tais compostos, sobretudo HCFCs, por sinal, ainda predominam nos sistemas de refrigeração brasileiros.
- Retrofit = Conversão de equipamentos que contêm CFCs ou HCFCs, para operar com fluidos refrigerantes que não degradam a camada de ozônio.
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