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Atividade da indústria química brasileira cai no 1º trimestre
Resultados reforçam a necessidade de adoção de medidas urgentes que viabilizem a retomada da atividade econômica
De acordo com informações preliminares da Associação Brasileira da Indústria Química (Abiquim), no primeiro trimestre de 2016, a produção, as vendas internas e a demanda de produtos químicos de uso industrial continuaram no ritmo negativo iniciado no ano passado. A produção caiu 0,93% nos três primeiros meses do ano, em comparação com igual período do ano anterior, enquanto as vendas internas declinaram expressivos 6,69%, nas mesmas bases. O consumo aparente nacional (CAN) – importante indicador de demanda – teve retração de 5,5% nos primeiros três meses do ano, também sobre iguais meses do ano anterior. As importações também apresentaram resultados negativos, com queda de 2,07% no mesmo período. Se excluídos os produtos do grupo intermediários para fertilizantes, as importações apresentam recuo de 13,62%. Em termos históricos, os patamares médios de volumes dos três primeiros meses deste ano expressam um dos piores períodos dos últimos dez anos.
A única variável positiva em termos de volume nesses três primeiros meses é a da evolução das vendas externas, que subiu 46,3% sobre igual período do ano anterior. De acordo com a diretora de Economia e Estatística da Abiquim, Fátima Giovanna Coviello Ferreira, a quantidade maior de exportações vem ajudando a manter a produção estável e em patamares mais seguros de operação. Na média desses primeiros três meses, a taxa de ocupação da capacidade instalada da indústria química instalada no Brasil ficou em 76%, três pontos abaixo daquela registrada em igual período de 2015. Considerando os padrões de produção da indústria química mundial, o ideal seria que as plantas estivessem operando entre 87% e 90%. Na análise de Fátima Giovanna, o baixo índice de utilização da capacidade instalada desde 2008 pode significar, no médio e no longo prazos, desestímulo a novos investimentos.
Para a diretora da Abiquim, a parte mais expressiva da retração da demanda está associada à contração da atividade econômica nacional. “Importantes cadeias clientes da indústria química reduziram suas operações. A produção e as importações caindo simultaneamente preocupam, pois também pode estar havendo substituição da demanda de químicos por produtos importados acabados. Não tem sido fácil manter a atividade operacional com o agravamento do cenário político-econômico do País. Preocupa a manutenção do quadro de piora da atividade interna, o fechamento de empresas, o patamar elevado de juros e as projeções negativas para o PIB, com consequente elevação do desemprego. Todos esses pontos fazem com que as perspectivas do País não sejam animadoras para os próximos meses, com tendência de que o cenário adverso se mantenha até 2017. A recuperação da credibilidade e da confiança do empresariado local e também do estrangeiro são fatores essenciais para que o Brasil seja visto como um local de oportunidades de investimentos”, afirma Fátima Giovanna.
Apesar do momento difícil, a economista lembra que não se pode deixar de pensar no longo prazo e que se deve tentar manter o foco em questões estruturais, que devolvam competitividade ao País. “É preciso que se pense na construção da ponte necessária para atravessar esse período de dificuldades, tendo em vista que o futuro apresenta um horizonte muito mais promissor”, afirma. De acordo com Fátima Giovanna, para a química, os pontos de maior atenção são aqueles relativos ao equacionamento da questão das matérias-primas básicas, com a adoção de uma política para o uso do gás natural como matéria-prima, o total aproveitamento dos líquidos de gás para elevação da disponibilidade de matérias-primas para o setor, uma tarifa de energia mais atrativa para a produção industrial e a solução de entraves logísticos e de infraestrutura. “A solução dessas questões é fundamental para que o País agregue valor à vasta riqueza de recursos naturais de que dispõe, melhorando a pauta brasileira de exportações, além de contribuir para um desenvolvimento mais sustentável”, ressalta.
Quanto às exportações, que tem sido a válvula de escape para manutenção da produção química, a Abiquim defende que o governo eleve a alíquota do Reintegra para o máximo já previsto em lei no curto prazo e que avalie a possibilidade de, inclusive, rever as taxas para patamares mais realistas e que devolvam ao produtor local os impostos ‘escondidos’ ao longo da produção, que tiram a competitividade da exportação brasileira.
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