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Produção e vendas de químicos para uso industrial caem em 2014


Queda está associada ao fraco desempenho da economia brasileira

   Os principais índices de volume dos produtos químicos de uso industrial fecharam 2014 com resultados negativos. A produção caiu 4,55% e as vendas internas, 4,02% na comparação com o ano anterior, como aponta relatório da Equipe de Economia e Estatística da Associação Brasileira da Indústria Química (Abiquim). Conforme explica a diretora da equipe, Fátima Giovanna Coviello Ferreira, parte expressiva desse resultado está associada à redução da atividade econômica nacional, acentuada a partir do segundo semestre de 2014. 

Importantes segmentos clientes, como construção civil, óleo/gás e automobilística, reduziram expressivamente a atividade, gerando impacto na cadeia química. “Os produtos químicos estão na base de diversas cadeias industriais. Por isso, seu efeito multiplicador é expressivo na economia”, explica a diretora de Economia e Estatística.

Apesar do pífio resultado do PIB e da atividade industrial negativa, o Consumo Aparente Nacional (CAN), importante medida da demanda nacional por produtos químicos, registrou alta de 0,5% em 2014, na comparação com o ano anterior. Nesse cenário, mais uma vez as importações se beneficiaram da melhora da demanda nacional. De acordo com o relatório da Abiquim, o volume importado dos produtos químicos de uso industrial subiu expressivos 9,3% no ano passado, apesar da desvalorização do real em relação ao dólar. Além disso, mais um recorde foi alcançado em 2014: a participação das importações sobre o CAN atingiu 35,7%. “O alto nível de importações mostra que, além de se aproveitar do crescimento da demanda, as importações também estão ocupando, cada vez mais, um espaço que antes era do produtor nacional”, comenta Fátima Giovanna.

Enquanto as importações de produtos químicos fabricados localmente crescem acentuadamente, a ociosidade das plantas brasileiras se mantém em níveis elevados. Em 2014, a produção do setor caiu 4,6% e a taxa média de ocupação ficou em 79%, três pontos abaixo da do ano anterior. “A ociosidade superior a 20% preocupa especialmente pela característica da operação em processo contínuo. Essas plantas deveriam estar operando entre 87% e 90%”, afirma a diretora da Abiquim.

Com relação aos dados preliminares de janeiro de 2015, como o último trimestre do ano passado foi muito negativo, o índice de produção apresentou alta de 0,28% sobre o mês anterior, no entanto, sobre janeiro de 2014, o recuo é de 2,50%. No caso do índice de vendas internas, janeiro teve resultado expressivo, com aumento de 17,89% sobre dezembro, mas também sobre a base ruim do quarto trimestre de 2014. Na comparação com janeiro de 2014, o índice apresenta recuo de 6,64%. Quanto ao CAN, no primeiro mês do ano registrou-se queda de 7,9% sobre janeiro de 2014. Nessa mesma comparação, a produção caiu 4,74% e as vendas internas, 4,64%.

Na opinião de Fátima Giovanna, a indústria química carece de ações de curto prazo que possam estimular a produção, bem como medidas mais estruturantes que atraiam novos investidores e façam com que as oportunidades de investimentos existentes transformem-se em realidade. “A indústria química tem elevada dependência de energia e de matérias-primas. Os pontos de maior relevância a serem equacionados em curto e médio prazos são a adoção de uma política para o uso do gás natural como matéria-prima, gás para fins energéticos mais competitivo, além da segurança no fornecimento da energia elétrica e tarifa mais atrativa para a produção industrial. A solução dessas questões é fundamental para que o País aproveite as oportunidades de que dispõe para agregar valor à riqueza de recursos naturais, melhorando a pauta brasileira de exportações”, argumenta a especialista.

Vale lembrar que a quase eliminação do benefício que havia sido dado à pauta de exportações, com o Regime Especial de Reintegração de Valores Tributários para as Empresas Exportadoras (Reintegra), introduziu um novo ponto de preocupação para o setor. “A indústria química trabalha no longo prazo, inclusive em pautas de exportação, e precisa de previsibilidade e transparência para manter suas operações”, conclui Fátima Giovanna.



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