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Vendas internas de produtos químicos de uso industrial caem 4,04% no primeiro semestre de 2015
Exportações de produtos químicos impulsionam produção, mas venda para
indústria nacional e demanda no País caem nos primeiros seis meses do ano.
Conforme informações preliminares da Equipe de Economia e Estatística da Abiquim – Associação Brasileira da Indústria Química, o índice de vendas internas de produtos químicos de uso industrial teve expressiva retração, de 4,04%, no acumulado dos seis primeiros meses do ano, sobre igual período de 2014. Além disso, o Consumo Aparente Nacional (CAN), importante medida de demanda, também teve declínio nesse período, com resultado negativo de 1,9%. Enquanto isso, a produção registrou alta de 3,23%, puxada pelas exportações no primeiro semestre de 2015, sobre os seis primeiros meses de 2014. “Ainda que a base de comparação dos primeiros seis meses do ano passado tenha sido fraca, por conta de paradas para manutenção, esse resultado foi possível pelo ganho de market share no mercado externo”, explica a diretora de Economia e Estatística da Abiquim, Fátima Giovanna Coviello Ferreira. Nos primeiros seis meses de 2015, as exportações de produtos químicos, em volume, cresceram expressivos 21,9%.
Com a queda das vendas internas, a busca por mercados alternativos é uma opção para que a indústria química mantenha níveis seguros de utilização da capacidade instalada. A diretora da Abiquim explica que o segmento de produtos químicos opera em processo contínuo, o que torna a redução da produção difícil e onerosa, pois demanda uma maior quantidade de paradas para manutenção. Por isso, mesmo que a demanda interna esteja baixa, como é o caso atual, a exportação, ainda que não remunerada adequadamente, é um caminho natural. Segundo Fátima Giovanna, no período recente, essa situação também tem sido facilitada pela desvalorização do real em relação ao dólar. A utilização da capacidade instalada, importante parâmetro de competitividade, ficou em 79% na média do primeiro semestre de 2015, quando a normalidade de operação das plantas seria de 87 a 90%.
Com relação à indústria nacional, a diretora da Abiquim ressalta que, como os produtos químicos estão presentes na base de diversas cadeias industriais, que suprem clientes fabricantes de produtos acabados, a queda na demanda interna da indústria química espelha os efeitos da retração da atividade econômica nacional, com destaque para a cadeia automotiva e a construção civil. “Para o curtíssimo prazo, não há sinais advindos da química de que o mercado interno esteja começando um processo de recuperação ou de que já tenha atingido o fundo do poço”, lamenta Fátima Giovanna. No primeiro semestre de 2015, o volume importado dos produtos químicos apresentou recuo de 13,9%. Para Fátima Giovanna, outro ponto de preocupação é a possível substituição da procura por esses produtos – que são matéria-prima para a indústria nacional – pela importação de bens acabados.
Na análise da diretora da Abiquim, a indústria química vem tendo dificuldade com a elevação dos custos de produção nos primeiros meses deste ano, especialmente daqueles decorrentes da energia (elétrica e gás natural) e das matérias-primas básicas. Há ainda as deficiências logísticas e a alta carga tributária. “A falta de competitividade e isonomia é evidente e vem se acentuando. A melhora da demanda, advinda da elevação do poder de compra da população brasileira nos últimos dez anos, não se refletiu em aumento da produção da indústria nacional, que está estagnada e sem novos investimentos nesse período. As importações ganharam participação mais efetiva nos últimos anos, se beneficiando do crescimento da demanda”, observa Fátima Giovanna.
Apesar do cenário de curto prazo conturbado, a especialista lembra que o setor químico tem por tradição trabalhar com uma visão de longo prazo e que os investimentos são intensivos em capital e geralmente, entre a decisão e a efetivação das plantas, decorre um espaço de cinco ou mais anos. “A definição por novos investimentos precisa estar atrelada ao fornecimento competitivo e de longo prazo das matérias-primas básicas. Além disso, o setor carece de ações que possam estimular as atuais plantas ao retorno da operação, bem como medidas mais estruturantes, que possam atrair novos investimentos. A Abiquim está convencida de que a química pode ajudar o Brasil a voltar para o rumo do desenvolvimento e que não há como prescindir dessa indústria”, conclui Fátima Giovanna.
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