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Cientistas apontam novos usos para os drones e debatem privacidade



Com o programa americano de monitoramento de dados, as câmeras de vigilância e o novo Google Glass, parece que não haverá como escapar aos olhos da alta tecnologia. Mas talvez venhamos a considerar este "um tempo dourado", de relativa privacidade, antes que as aeronaves de vigilância de pilotagem remota (os chamados drones) saiam em enxames invisíveis pelo ar, gravando todos os nossos movimentos.

Isso pode soar futurista, mas não está distante de acontecer. Na conferência mundial de tecnologia e design TEDGlobal, em Edimburgo, cientistas e pensadores discutiram seriamente a ética do uso de drones, em um futuro digno da ficção científica.

Os drones podem ser usados para bombardear pessoas -o uso militar e as mortes causadas por ele, de fato, é o mais conhecido-, mas também podem ser usados para contar orangotangos ameaçados na selva.

A palavra drone (zangão, zumbido, conversa mole) foi escolhida para designar os VANTs (veículos aéreos não tripulados, em português, ou UAV, em inglês) para causar aversão. Ninguém gosta de sentar ao lado de alguém que fala sem parar, ou pensar em uma abelha zumbindo no seu ouvido.

E justamente pensando nisso, cientistas da Universidade Harvard (EUA) já criaram um robô que toma por modelo uma borboleta, do tamanho de uma mosca, e deram a ele o nome de RoboBee. É feito de fibra de carbono, pesa menos de um grama e bate minúsculas asas robotizadas.

A peça ainda precisa estar acoplado a uma fonte de energia, mas dentro de alguns anos ele poderá voar livremente. As futuras gerações do RoboBee carregarão minúsculas câmeras para registrar intrusivamente imagens de pessoas comuns e celebridades. Os paparazzi não terão mais de se esconder nas moitas; poderão ficar em casa, usando seus iPad Nano para controlar drones.

E este é o lado bom: os drones são apenas robôs, e robôs podem ser programados para fazer o bem ou o mal. O pai do RoboBee, o cientista Kevin Ma, sugeriu que robôs semelhantes poderiam ser usados em "operações de busca e salvamento", voando em espaços confinados ou destruídos para procurar sobreviventes. Ou ainda em "monitoração ambiental", equipados com sensores para detectar traços de produtos químicos, por exemplo.

Outro programa apresentado na TEDGlobal, por Andreas Raptopoulos, vai na mesma linha: ele planeja usar drones para entregar suprimentos, médicos e de outra ordem, rapidamente a pessoas que precisam de atendimento urgente em áreas de calamidade -o sistema foi experimentado no Haiti, depois do terremoto de 2010.

O desafio dos drones não é que tenhamos de escolher entre os usos positivos e negativos para eles, mas sim o de que todos esses usos -e outros que ainda não foram concebidos- acontecerão simultaneamente, em um futuro próximo no qual drones serão um recurso genérico.

Hoje, por cerca de R$ 1.000, já é possível comprar um "quadricóptero" que voa e transmite vídeo ao seu celular -o instrumento usado para controlar o voo. Daí para a invasão de privacidade do vizinho, é um pulo.

Na democracia dos drones que está por vir, as possibilidades são ilimitadas. Pais preguiçosos poderão usar drones de carga mais robustos para levar as crianças à escola? Os futurólogos dizem que sim,
Do lado negativo, será mais fácil para alguém explodir coisas de longes, remotamente.

Os céus do futuro parecem de fato movimentados. Talvez tenhamos uma guerra de drones constante em nosso ambiente, com drones antibombas tomando por alvo os drones bombardeiros, e drones ambulância, carregados de equipamento médico, em cenas de acidentes ou de ataques feitos por outros drones.

Fonte: Guardian/ Folha/ Tradução de Paulo Migliacci



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