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Presidente da PPSA afirma que crise nos preços do petróleo não afetará atratividade do pré-sal
A alta produtividade dos poços da camada do pré-sal é vista como fator decisivo para manutenção da atratividade da área num cenário de baixos preços do barril de petróleo. Esta é a opinião do presidente da Pré-Sal Petróleo S.A. (PPSA), Oswaldo Pedrosa, que acredita que o interesse pelos poços da região se mantém, mesmo em meio à crise dos preços. “A grande maioria dos projetos do pré-sal, iniciados depois de 2010 e os que ainda estão por vir, terão seu pleno desenvolvimento ao longo da próxima década, quando os preços do petróleo deverão estar relativamente estabilizados e atrativos para a indústria, embora não mais em níveis superiores a US$ 100 por barril“, afirmou. Pedrosa destaca que é necessário se ajustar ao quadro de preços mais baixos e que serão necessários esforços para a redução de custos, melhorias na recuperação dos reservatórios e investimentos em tecnologia. “O pré-sal tem grandes desafios que vão desde sua localização em áreas remotas e profundas, seus reservatórios muito espessos, alta produtividade, grande volume de gás associado, dentre outros. A inovação e transferência tecnológica através da colaboração entre as empresas é fundamental para a superação desses desafios“, explicou.
O executivo declarou ainda que mesmo com o possível fim da operação da Petrobrás no pré-sal, a atuação da PPSA não se modificará. Ele também disse que o fim da exclusividade da petroleira aumentará a atratividade dos leilões futuros na camada do pré-sal. Pedrosa ainda afirmou que a PPSA atualmente participa de um grupo de trabalho para discutir os diversos modelos de comercialização dos barris de petróleo que lhe cabem.
Como o senhor avalia o futuro da exploração do pré-sal num cenário de baixos preços do barril do petróleo?
Apesar da crise, a atratividade do pré-sal brasileiro se mantém. Há um gigantesco potencial de recursos recuperáveis remanescentes da ordem de 76 bilhões barris de petróleo nas Bacias de Campos e Santos, segundo a IEA – Agência Internacional de Energia. A grande maioria desses recursos encontra-se em horizontes do pré-sal.
Uma vantagem comparativa a favor do pré-sal reside na produtividade elevada dos poços, em face da alta qualidade dos reservatórios carbonáticos e extensas zonas produtoras de grande espessura, resultando em menor investimento de capital por unidade de volume de petróleo recuperado.
A grande maioria dos projetos do pré-sal, iniciados depois de 2010 e os que ainda estão por vir, terão seu pleno desenvolvimento ao longo da próxima década, quando os preços do petróleo deverão estar relativamente estabilizados e atrativos para a indústria, embora não mais em níveis superiores a US$ 100 por barril como observado nos anos que antecederam o colapso de preços de 2014.
Se o patamar atual de preços permanecer, o interesse pelo pré-sal pode diminuir? Qual é o patamar de preço ideal para os investidores manterem o interesse pela área?
No início do ano, escrevi um artigo para o Boletim Energético da Fundação Getúlio Vargas (FGV) que apontava para preços na faixa de US$42 a US$63 por barril de petróleo até 2020.
Ajustar-se a cenários de preços mais baixos é o principal desafio da indústria internacional do petróleo no curto prazo. Nesse sentido, esforços serão orientados necessariamente para a redução de custos de operação e investimentos e para a melhoria da recuperação dos reservatórios. Intrinsecamente relacionada com esses esforços estará a busca por novas tecnologias que resultem em ganhos expressivos para a economicidade dos projetos.
Quais são os desafios que ainda permanecem em relação ao desenvolvimento dos campos do pré-sal? E como a PPSA vislumbra a superação deles?
O pré-sal tem grandes desafios que vão desde sua localização em áreas remotas e profundas, seus reservatórios muito espessos, alta produtividade, grande volume de gás associado, dentre outros. A inovação e transferência tecnológica através da colaboração entre as empresas é fundamental para a superação desses desafios e redução dos custos de exploração e produção com ganhos de produtividade.
O que muda para a PPSA caso seja aprovado o fim da operação única da Petrobrás?
Nada se modifica. A PPSA está preparada para atuar com contratos de partilha que tenham a Petrobrás exclusivamente como operadora ou com qualquer outro operador, se houver alteração do atual instrumento legal. Creio que a quebra da exclusividade da Petrobrás como única operadora aumentará significativamente a atratividade de futuras licitações de áreas do pré-sal.
Em sua opinião, quais são as principais mudanças necessárias na política de conteúdo local, de forma a atender o interesse das empresas exploradoras e, ao mesmo tempo, desenvolver a indústria nacional?
As exigências de elevado conteúdo local foram estabelecidas em um momento que se previa que o desenvolvimento da capacidade de suprimento de bens e serviços no país acompanharia pari passu o intenso crescimento da demanda das empresas petrolíferas. O quadro hoje é bastante diverso. As principais empreiteiras de construção naval e offshore passam por grandes dificuldades financeiras e algumas estão impedidas de executar obras para a Petrobrás.
Por outro lado, existe provisão contratual para a exoneração (waiver) da obrigação de cumprimento de conteúdo local de itens e subitens quando inexistir fornecedor nacional ou quando o supridor local apresentar preço e prazo de entrega excessivos em relação a congêneres no exterior. Cabe destacar que essas alternativas estão previstas no contrato de partilha de Libra.
Finalmente, reafirmo que uma política de conteúdo local orientada para a redistribuição setorial de renda do produtor de commodities para fornecedores nacionais é legítima e aceitável quando não impõe custos excessivos para o desenvolvimento dos empreendimentos petrolíferos e, consequentemente, procure assegurar a evolução do suprimento local em bases internacionalmente competitivas. No momento atual de queda drástica do preço de petróleo, essas questões são altamente relevantes, pois o foco hoje é redução de custos.
A PPSA já definiu o modelo de comercialização dos barris de petróleo que lhe couberem quando a produção de Libra iniciar? Como se dará esse processo?
No momento, a PPSA participa de um grupo de trabalho, criado pelo Ministério das Minas e Energia, para discutir os diversos modelos de comercialização. O Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) vai elaborar a política de comercialização de petróleo e gás natural da União, a ser submetida à aprovação da Presidência da República. (Petronotícias)
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