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Líderes brasileiros tentam reverter imagem negativa do Brasil no exterior
Cid Silveira, diretor executivo da Bratecc
HOUSTON - O esforço das lideranças brasileiras para melhorar a visão estrangeira sobre o Brasil está ganhando corpo e reuniu uma série de nomes de peso da indústria nacional, principalmente do setor de óleo e gás, em Houston nesta quarta-feira (4), em um café da manhã realizado pela Câmara de Comércio Brasil-Texas (Bratecc), paralelamente à Offshore Technology Conference. O diretor executivo da instituição, Cid Silveira (foto), fez a abertura do encontro, que já trazia no título essa marca (Brazil Oil&Gas: Turning around and moving forward), e as apresentações sequenciais foram todas no sentido de clarear a imagem brasileira para o resto do mundo, com o intuito de atrair novamente os investidores e garantir que o País ainda apresenta grandes oportunidades.
O presidente da Firjan, Eduardo Eugênio Gouvêa Vieira, o primeiro a falar, fez um discurso bastante crítico ao atual governo federal, reclamando do grande atraso que gerou ao País, destacando o avanço da corrupção, as enormes perdas geradas para a Petrobrás e o impacto devastador que essas ações geraram na economia brasileira, mas reafirmou que há segurança jurídica e constitucional no Brasil, além de muitas oportunidades de investimentos, fazendo previsões otimistas para o país caso o vice-presidente Michel Temer venha a assumir o comando nacional.
“Há um grande desentendimento aqui no exterior sobre o que vem acontecendo no Brasil, por conta da mentira oficial que tem sido contada pela presidente Dilma Rousseff. Talvez por não conhecerem profundamente a realidade e o dia a dia das instituições brasileiras, alguns jornais estrangeiros tenham adotado o discurso oficial do governo de que há um golpe em curso. Mas não há nada mais distante da realidade do que isso. A democracia brasileira vai sair mais forte deste processo, com a confirmação do impeachment da presidente em alguns dias”, disse.
Ele ressaltou ainda que todos os ritos constitucionais estão sendo cumpridos no ritmo adequado pelas instituições brasileiras e reafirmou as acusações que vem incorrendo sobre a presidente nos últimos meses, sobre a existência de crimes de responsabilidade com o orçamento nacional.
“O povo brasileiro ficou surpreso de que o legado da corrupção e seu propósito maior era manter no poder eternamente um partido. A presidente é a beneficiária direta da corrupção que botou milhões de reais na campanha dela e o resultado disso é que a Petrobrás já perdeu quase 500 bilhões de reais em valor de mercado. É um exemplo único de destruição de valor na economia global”, afirmou, pouco antes de fazer prognósticos positivos para o futuro, com a possibilidade de confirmação de que o vice-presidente Michel Temer venha a assumir o poder.
“Minha visão é de que um novo líder no comando da nação pode dar uma direção muito positiva para a economia nacional. E a condição política do vice Michel Temer é muito diferente. Ele terá apoio do Congresso para levar adiante as reformas que o País tanto precisa e a liderança econômica será passada a pessoas preparadas e bem intencionadas”, afirmou.
Conselho da Bratecc
Os outros palestrantes evitaram falar diretamente sobre a situação política do País, mas todos fizeram menções sobre os grandes potenciais de expansão e de investimento no Brasil. O presidente da Petrobrás América, Cláudio Nunes, que não discursou, convidou o presidente do IBP, Jorge Camargo, para falar sobre a agenda da indústria petroleira no Brasil, incluindo temas como a extensão e o aprimoramento do Repetro, as mudanças no conteúdo local, a regulamentação da unitização de áreas e, inclusive, a possibilidade de haver múltiplos operadores no pré-sal, o que já foi aprovado no Senado e agora está em análise na Câmara.
MAIS INVESTIMENTOS PRIVADOS
Camargo fez um discurso muito otimista e positivo, contagiando uma parte do empresariado presente, sobre as grandes áreas a serem exploradas no País, como alguns bilhões de barris do pré-sal ainda sequer licenciados e analisados; o fim do controle de preços dos combustíveis por parte da Petrobrás, que pode destravar o setor de refino e atrair novos investidores; assim como uma flexibilização do conteúdo local e o fim do novo imposto criado recentemente no Rio de Janeiro, que pode dificultar significativamente o planejamento das companhias.
“Precisamos olhar para além dessa neblina que está cobrindo o Brasil hoje. O País está passando por um processo que está remodelando a indústria e que fará dela algo muito diferente do que existe hoje. Acreditamos que ela será mais diversificada, mais competitiva e mais amigável aos investimentos privados”, afirmou.
Para o executivo, apesar da péssima situação brasileira gerada com a recessão, o momento seguinte deverá ser positivo, e a crise pode ter um papel importante nisso, porque ajudou a criar um consenso no País de que é necessário superar a forma de lidar com as questões nacionais hoje.
“O modelo de negócios do País, carregado principalmente pelo Estado, por empresas estatais, como a Petrobrás, chegou à exaustão. É preciso haver mais investimentos privados para que o desenvolvimento possa acontecer na escala que o Brasil demanda. E hoje vemos que há uma convergência neste sentido”, afirmou.
Camargo destacou que as reservas de petróleo brasileiras são enormes e geram um potencial de US$ 400 bilhões em novos negócios nas próximas décadas, se forem devidamente aproveitadas. Lembrou que hoje a produtividade média dos poços do pré-sal está em torno de 20 mil barris por dia e ressaltou que o breakeven médio dos campos na área está em cerca de US$ 45, o que ainda é atrativo para o mercado internacional.
Ao final, fez uma brincadeira elencando manchetes que ele gostaria de ver em 2030, caso os processos em andamento tenham continuidade e essa abertura ao setor privado ganhe ritmo. Dentre as notícias que ele gostaria de ver estavam a escolha do presidente do conselho da Petrobrás por meio de um head hunter; Brasil atingindo 4 milhões de barris produzidos por dia no pré-sal; a exportação de tecnologia nacional para o Golfo do México; e uma associação de refinarias independentes reclamando das baixas margens de refino.
“Vocês podem dizer que sou um sonhador, mas certamente não sou o único”, disse, brincando com os versos de John Lennon na música Imagine.
PREVISIBILIDADE DE REGRAS
O presidente da Shell, André Araújo, repetiu a apresentação que havia feito em um painel da OTC, enfatizando nas previsões que eles têm para a participação no mercado brasileiro, com o plano de ampliar significativamente a produção no país, o que já foi conquistado com a aquisição da BG.
Ele disse que a empresa está próxima de atingir uma produção média de 250 mil barris de óleo equivalente no Brasil e pretende dobrar esse total até o início da década de 2020. Lembrou que a licitação do FPSO de Libra, a cargo da Petrobrás, que opera a área, está em andamento e eles têm grandes expectativas com o Brasil, mas enfatizou que é muito importante a previsibilidade e a manutenção das regras.
“Existem executivos comandando operações da Shell em 80 países pelo mundo e todos vão apresentar ao conselho os projetos que forem mais vantajosos para a empresa investir. Então precisamos ter certeza do que vamos apresentar, porque o planejamento de investimentos e custos é muito intensivo”, afirmou, reclamando duramente da criação de novos impostos no Rio de Janeiro, o que poderia desestabilizar os planos da companhia.
PÓS-SAL
A diretora-geral da ANP, Magda Chambriard, também fez um discurso concentrado nos aspectos positivos do potencial de exploração brasileiro, relembrando alguns pontos determinantes já afirmados em entrevista ao Petronotícias, e ressaltou que o Brasil vai muito além do pré-sal.
Ela destacou que o processo de realização de novos leilões, inclusive de áreas unitizáveis do pré-sal, está em andamento, mas enfatizou que as áreas maduras possam ser um grande atrativo para os investidores.
“O pós-sal é onde a ANP está trabalhando mais arduamente no momento, para desenvolver e aprimorar a produção desses campos, que hoje ainda respondem por mais da metade do óleo produzido no Brasil”, disse.
Ela confirmou ainda que a concessão do campo de Marlim será estendida e que a assinatura formal do contrato deverá ocorrer em 15 dias. Além disso, mencionou que os campos de Araçás, no onshore baiano, e de Ubarana, em águas rasas do Rio Grande do Norte, também podem ter suas concessões estendidas por mais anos, com os processos em fase de análise internamente. “Isso também vai gerar novas oportunidades para os fornecedores de bens e serviços”, destacou. (Petronotícias)
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