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Solução para a conclusão da usina nuclear Angra 3 poderá ter a participação de capital privado
Quem estiver esperando uma solução verde e amarela para a conclusão da usina nuclear Angra 3, pode tirar o cavalo da chuva. Ela não virá. Não há dinheiro e muito menos disposição do Ministério das Minas e Energia para resolver o imbróglio criado pela falta de verbas para terminar o projeto. Todos no mundo da engenharia sabem de cor e salteado um velho ditado: “obra cara é obra parada”. Mas isso parece não assustar a ninguém do governo.
Desde meados de 2015, a empresa Andrade Gutierrez parou a obra civil e demitiu milhares de trabalhadores por não receber o dinheiro do contrato com a Eletronuclear, que por sua vez, de mãos atadas, não recebeu os repasses do governo para honrar os seus compromissos. As empresas que estavam compondo o consórcio para as obras de montagens nucleares e não nucleares também passaram pelo mesmo mau bocado. Honravam as despesas, mas não recebiam os créditos devidos. Aos poucos, o consórcio foi desmoronando. As empresas foram saindo e, hoje, apenas a EBE – Empresa Brasileira de Engenharia – permaneceu com a determinação de cumprir o trato firmado, apesar da suspensão do contrato, também em função da Operação Lava Jato.
O Petronotícias teve uma informação exclusiva sobre o que pode ser a solução para o problema da conclusão de Angra 3: ela virá do exterior, com investimento solitário da estatal chinesa CNNC, ou de um consórcio dos chineses com a francesa EDF, ou ainda com a participação dos russos da Rosatom. As primeiras informações davam conta também do envolvimento de uma outra gigante francesa, a Engie, antiga GDF Suez. Mas uma fonte de dentro da empresa negou que ela pretenda participar desta empreitada, apesar de reconhecer que poderá ser uma solução bastante criativa e audaciosa. Há um forte interesse da Rosatom, que veio para o Brasil de olho nas grandes possibilidades de desenvolver seus negócios por aqui. Baseada no Rio de Janeiro, a empresa vê futuro para sua expansão em toda América Latina e está bem atenta às possibilidades que se apresentam também em Angra 3. Mas ainda falta uma confirmação formal se os russos participariam deste “consórcio” internacional para salvar a usina.
A solução que está sendo gestada sob sete chaves é para que as empresas estrangeiras financiem a conclusão das obras para venderem a energia gerada pela usina durante um certo período, quando ela já estiver pronta e gerando comercialmente.
Estão sendo discutidos os detalhes sobre como o dinheiro chinês, sino-francês ou russo, pagaria o que a Andrade Gutierrez tem a receber, continuando com os pagamentos até a conclusão das obras civis. Outra solução estudada é sobre como resolver o problema da montagem eletromecânica. Há alternativas que podem prever a quitação do dinheiro devido ao consórcio, que poderia se reagrupar, ou se quitar a dívida e deixar que a EBE e outras empresas subcontratadas, com garantia internacional, possam dar prosseguimento ao trabalho de montagem. Esta solução poderá trazer para o Brasil empresas de engenharia especializadas francesas, chinesas e russas. Há muitos aspectos burocráticos, técnicos e jurídicos que estão sendo discutidos dentro da Eletrobrás.
Uma alta fonte da Engie acha bastante interessante a forma como as coisas estão sendo construídas, mas não acredita que a empresa francesa vá participar deste modelo. “Há muitos senões”, diz. Desde os equipamentos parados há muitos anos, como outros detalhes que prefere não externar publicamente. Mas, de todo modo, considera uma boa oportunidade para uma solução importante e necessária para o problema.
O Ministro das Minas e Energia e a própria Eletronuclear preferem o silêncio e passam a bola para a responsabilidade da Eletrobrás. Talvez considerem ainda cedo para uma divulgação pública dos detalhes e que esta revelação pudesse acabar atrapalhando. De qualquer forma, em um comunicado formal ao Petronotícias, a Eletrobrás disse que:
“ Sendo uma companhia de capital aberto, com ações negociadas inclusive na NYSE, a Eletrobras só se manifesta sobre negociações de qualquer natureza após serem aprovadas pelas instâncias decisórias da companhia, e sempre por meio de comunicados ao mercado”. Para um bom entendedor, um pingo é letra.
A EBE, que foi responsável pela montagem da Usina Angra 1 e liderou o consórcio de empresas que montou Angra 2, pode ter uma grande responsabilidade também em Angra 3. Ouvida, a empresa divulgou a seguinte nota:
“A EBE vem sempre trabalhando numa solução que dê continuidade à obra, pois o recomeço de um processo tomaria de um a dois anos. Já manifestamos oficialmente a nossa intenção à Eletronuclear para buscar uma solução que dê tranquilidade e segurança a todos.”
A solução do problema com investimendo do capital privado é a concretização do passo mais avançado que a ABDAN – Associação Brasileira de Desenvolvimento das Atividades Nucleares – vem alardeando há algum tempo: a liderança das empresas privadas na construção das 12 novas usinas nucleares necessárias ao país até 2050. (Petronotícias)
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