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Hidrovia gaúcha: panorama e expectativas
Há cerca de 10 anos, as hidrovias gaúchas voltaram a ser reconhecidas como um modal de transporte a ser explorado, como alternativa viável, ao já saturado modal rodoviário. Mesmo assim, apesar do enorme potencial – uma vez que, no País, apenas o Rio Grande de Sul e o Amazonas possuem ligação direta com o oceano – nos quase 2 mil km de extensões navegáveis, é escoado pelas hidrovias apenas cerca de 10% da produção gaúcha.
Mas seria injusto dizer que nada tem sido feito, mesmo pouco utilizado, este modal tem sido visto com bons olhos pelo governo do Estado, que, através da secretaria de Transportes (ST) e da Superintendência de Portos e Hidrovias (SPH), tem garantido investimentos como dragagens e manutenção da sinalização nas hidrovias.
No início desta semana, o secretário adjunto de Transportes do Rio Grande do Sul, Vanderlan Frank Carvalho, e o diretor de Hidrovias da Superintendência de Portos e Hidrovias do RS, Eduardo da Silva Alves, realizaram a travessia Rio Grande-Porto Alegre a bordo do NVe Cisne Branco da Marinha Brasileira e aproveitaram para anunciar o reforço em toda a sinalização da hidrovia, da área que vai do Porto do Rio Grande até o Canal do Setia Sul, próximo à boia do Diamante. Uma área de reparos ainda pequena, porém uma parte do que vem sendo feito para melhorar a qualidade da hidrovia gaúcha.
Secretaria dos Transportes
Segundo o secretário adjunto de Transportes, Vanderlan Frank Carvalho, o atual governo tem tratado a hidrovia gaúcha como prioridade. "A SPH, por exemplo, é uma Superintendência que teve falta de investimento nos equipamentos, fazendo com que se deixasse de prestar o serviço de dragagem. E, agora, estamos tentando retomar isso, já colocamos duas dragas a funcionar em parceria com empresas privadas e estamos fazendo outra parceria com a Braskem, que vai permitir que tenhamos uma draga ainda maior, um equipamento com maior capacidade de dragagem, que ficará disponível para atuar em pontos críticos do Estado – explicou.
Ainda, segundo Carvalho, estuda-se a criação de um fundo de apoio às hidrovias: “Estamos elaborando também um ponto de cooperação, para que consigamos recursos da união para a dragagem, já pensando na hidrovia Brasil-Uruguai, e também está sendo estudada a criação de um fundo de apoio à manutenção da hidrovia, capitaneado pela ABTP [Associação Brasileira dos Terminais Portuários]”.
Também conforme Carvalho, toda ajuda é bem-vinda. "Será bem aceito e bem-vindo todo o apoio que o Estado venha a conseguir, queremos entregar um serviço de qualidade […] A SPH está recebendo, através de um convênio com a Fepam, equipes de batimetria que vão revolucionar o diagnóstico dos leitos dos rios e, também, permitir o avanço do projeto de navegação 24 horas", concluiu.
SPH
Desde 2001 trabalhando na Superintendência de Portos e Hidrovias do RS, Eduardo da Silva Alves, hoje, diretor de Hidrovias da SPH, contou que são 758 km de hidrovia a cargo da Superintendência e que o atual Governo tem realmente voltado os olhos para esse modal menos poluente e mais econômico
"Atualmente, o movimento vem numa crescente, este governo, em especial, se voltou para hidrovia, por tê-la como mais barata, mais segura e menos poluente. Hoje, estamos implementando a realização de dragagens, balizamento, para que todos possam ter tranquilidade de ir e vir com baliza e um calado, que dê segurança", contou Alves.
E apesar da crise, o diretor de Hidrovias da SPH acredita que se deva manter a esperança. “Mesmo nesse momento de crise, estamos esperançosos, o modal hidroviário vai deslanchar. Eu acredito que ainda falte uma política maior de incentivo, para que os empresários usem a hidrovia. Se fizermos com que o empresário se sinta seguro em transportar a hidrovia, esse caminho tende a prosperar” concluiu.
Desafogando as rodovias e poluindo menos
Na avaliação de muitos, o transporte hidroviário é a chave para otimizar os fluxos, tanto de matéria-prima como também do escoamento da produção. A reportagem conversou também com José Simões, que, há 5 anos, é prático na Lagoa dos Patos e explicou um pouco do que é transportado na hidrovia gaúcha:
"Aqui, nesta hidrovia [RG-PoA], a gente transporta muito grãos, o transporte é essencialmente agrícola, tem a matéria-prima, fertilizantes, cevada e sal que vai para Porto Alegre. No norte da Capital, temos o polo de Triunfo e navios químicos que fazem o transporte de produtos da Braskem", explicou.
Sobre a capacidade de nossa hidrovia, Simões disse que ainda há muito a ser explorado: “Grande parte da riqueza, gerada pelo Estado, passa pela hidrovia, mas eu acho que ela tem potencial pra fazer muito mais coisas. Ela tem vindo num fluxo padrão, mas tem potencial pra crescer ainda muito mais. A hidrovia desafoga as rodovias, é pouco poluente e, em termos de custo, é um modal de transporte bem atrativo, a tendência mundial é de crescimento. Por exemplo, um navio de grãos, que usa esta hidrovia, pode carregar 14 mil toneladas, enquanto cada caminhão grande consegue levar 15 toneladas, então imagina com um navio, conseguimos tirar quase mil caminhões da estrada”.
Mas, então, o que falta para o modal deslanchar? Simões responde: “estamos um pouco presos ao crescimento do País, mas, nos últimos anos, a gente [união de forças entre MB, SPH, ST, Porto de Porto Alegre e Praticagem da Lagoa] tem conversado com diversos órgãos, pra incentivar as pessoas a utilizarem as hidrovias, e todo esse envolvimento tem ajudando pro impulso da hidrovia”. (Jornal Agora/Portos e Logística)
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