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“Energia eólica brasileira é a mais barata do mundo”, diz presidente executiva da ABEEólica
Elbia Silva Gannoum, presidente executiva da Associação Brasileira de Energia Eólica (ABEEólica), tem uma missão: mostrar o quanto a energia eólica é das opções mais competitivas, sustentáveis, seguras e eficientes para a atender a crescente demanda por energia no Brasil. Doutora em Engenharia de Produção pela Universidade Federal de Santa Catarina, Elbia está à frente da ABEEólica desde setembro de 2011 e defende os interesses desta indústria que já tem 322 usinas espalhadas pelo País e 8,02 mil MW de capacidade instalada. Nesta entrevista, a expert explica como o setor vai explorar o gigantesco potencial de produção de energia eólica no País – hoje, três vezes maior que a soma de toda produção de energia no Brasil – e quais os desafios no caminho dessa empreitada. Confira.
Segundo estimativas, se explorado, o potencial de produção de energia eólica brasileiro poderia atender a três vezes toda a demanda por energia do País. Temos condições de explorar esse potencial no futuro de médio e longo prazo?
ELBIA SILVA GANNOUM – Temos sim, por algumas razões. Primeiro por que o Brasil percebeu que, para garantir a segurança do sistema elétrico, é importante ter uma matriz de energia diversificada. Segundo, por que nos últimos 10 anos a energia eólica passou por uma verdadeira revolução. Há uma década, o custo de produção de energia eólica no Brasil era proibitivo e chegava a ser quatro vezes superior ao da produção de energia hidrelétrica. A tecnologia era cara e a produtividade baixa. Mas, com o passar do tempo e o avançar da tecnologia, máquinas que tinham 50 metros de altura e que geravam 1 MW passaram a ter 120 metros de altura e a produzir até 3 MW.
Durante esse processo, a gente também descobriu que a mesma máquina que tinha 28% a 30% de fator de produtividade na Europa e nos Estados Unidos, aqui no Brasil, batia os 50%, graças aos nossos ventos. Com essas mudanças, o custo da energia eólica no Brasil caiu pela metade e, hoje, ela é a segunda fonte de energia mais barata do País, atrás apenas da energia hídrica. E mais: atualmente, a energia eólica brasileira é a mais barata do mundo.
Portanto, temos um fator de competição muito natural. E isso vai sustentar o crescimento não só por 15 anos, 20 anos ou 30 anos, mas sim para sempre. Somos um país em desenvolvimento, ou seja, com crescente demanda por energia e podemos atender a essa demanda com nosso produto de forma competitiva.
Onde estão os melhores potenciais eólicos no Brasil e como fica a transmissão dessa energia para o resto do País?
ELBIA – Os melhores potenciais estão concentrados nas regiões sul e nordeste e a distribuição dessa energia fica por conta do nosso robusto e interligado sistema de geração e transmissão de energia. Com o passar dos anos e a evolução tecnológica, a tendência é que esse sistema que já funciona bem, funcione cada vez melhor. Novos agentes de produção de energia, como o próprio consumidor, serão incluídos e darão cada vez mais robustez e segurança ao sistema.
Quais são alguns dos desafios no caminho da expansão da produção de energia eólica no Brasil?
ELBIA – Talvez o maior deles se impõe pelo ritmo de crescimento de adoção da tecnologia, que é elevadíssimo e acompanha o de outros setores, como o de expansão da infraestrutura, que está em 62% ao ano. Transmissão de energia, principalmente de parques maiores e que funcionam mais de forma centralizada, é outro desafio. É preciso acelerar a construção das linhas de transmissão e a emissão de licenças ambientais para que os parques se interliguem rapidamente. A logística é uma questão. O Brasil é um país continental, mas que ainda é muito dependente de estradas. Esse é um desafio para qualquer setor da economia e não é diferente para gente. A capacitação de mão de obra especializada também precisa acelerar para acompanhar o ritmo do mercado.
Financiamento é uma preocupação do setor?
ELBIA – Preocupa sim, já que o País vive uma situação macroeconômica não muito desejável. Assim, fica mais difícil obter recursos, os juros ficam mais altos e a variação no câmbio atrapalha o custo do hedge. É desafiador, mas nos impele a trabalhar mais. Somos uma indústria extremamente competitiva e sustentável. A energia eólica no Brasil provou dentro do próprio País e internacionalmente que tem toda condição de seguir em trajetória virtuosa por termos demanda, tecnologia e competitividade. (Época Negócios)
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