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Embrapa avança rumo à seda de aranha sintética
Com informações da Agência Brasil - 30/07/2014
A fabricação de teias de aranha em laboratório já é uma realidade para pesquisadores brasileiros.[Imagem: Wilson Dias/Agência Brasil]
Seda de aranha sintética
No início deste ano, pesquisadores da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, em Brasília, anunciaram o desenvolvimento de uma biofábrica capaz de produzir seda de aranha de forma artificial.
Agora a equipe anunciou avanços na produtividade do processo.
"Da última vez, de 100 microlitros, que é a décima parte de um mililitro, conseguimos fazer um fio muito grande, foram mais de 10 metros, rendeu bastante", contou Valquíria Lacerda, pesquisadora do grupo.
As fibras da seda natural de aranha têm diâmetros variando de 2 a 4 nanômetros, enquanto a seda sintética produzida na Embrapa tem em torno de 40 nanômetros, o que os pesquisadores acreditam ser uma vantagem.
A fibra sintética é "de 10 a 20 vezes mais espessa do que encontramos na natureza, o que pode ajudar a ser mais forte", disse Valquíria, destacando que os próximos passos envolvem testes de extensão e resistência.
Além, é claro, da otimização da biofábrica, com vistas à produção em grandes quantidades - a biofábrica utiliza bactérias Escherichia coli geneticamente modificadas para sintetizar a seda, mas o grupo também está pesquisando o uso da soja como biorreator.
"Ainda não existe um organismo ideal para produzir em grande quantidade. Tem pesquisadores que já colocaram em células de mamíferos, de insetos, em bactérias, o mundo inteiro ainda procura uma biofábrica ideal para fazer extração reduzindo o custo desse material", disse Valquíria.
De nanopartículas a material estrutural
Segundo o professor Elíbio Rech, coordenador da equipe, a tecnologia da produção artificial dos fios de teias de aranha já está dominada.
O próximo passo é definir um meio econômico, rápido e seguro para a sua produção em larga escala.
Segundo ele, não faltarão usos para a seda de aranha sintética.
Os pesquisadores da Embrapa também estão tentando usar a soja como biofábrica para produzir a seda de aranha. [Imagem: Wilson Dias/Agência Brasil]
"É um material novo que tem duas características, flexibilidade e resistência, e também é biodegradável. Ele tem uma característica física que permite um melhor desempenho para tudo," avalia Rech.
A seda sintética pode ser usada na produção de tecidos, em fios para sutura de cirurgias e também na forma de nanopartículas para o endereçamento preciso de medicamentos no corpo humano.
Quando o processo alcançar escala industrial e o material estiver disponível em quantidades maiores, os benefícios também poderão ser auferidos no campo dos materiais estruturais, incluindo compósitos plásticos para peças de aviões, carros e navios.
"Qualquer material que dure mais vai reduzir o custo de manutenção. Ao conseguir fazer com que um material trabalhe mais e seja mais leve, você também reduz o gasto de combustível, reduz emissão de gás carbônico na atmosfera, então tem todo um ganho direto e indireto do uso de um material como este," disse Rech.
Falta de iniciativa privada
Nesta etapa, os pesquisadores esperam envolver a iniciativa privada, para que a pesquisa possa passar do nível do laboratório para o nível fabril.
"Esse é um produto em potencial muito importante, agora o setor privado tem que fazer a outra parte, escalonar e transformar isso em um produto comercial. Ainda precisamos reduzir um pouco o custo de produção, nós saberíamos como fazer, com outro laboratório e equipamentos, mas faltam pessoas para colaborar com a gente," resumiu Rech. (Inovação tecnológica)
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