Os volumes produzidos e vendidos no mercado interno de produtos químicos industriais encerraram 2012 com recuperação, mas o resultado poderia ter sido muito melhor. Segundo informações preliminares da Associação Brasileira da Indústria Química, o índice de quantum das vendas internas dos produtos químicos de uso industrial fechou o ano com aumento de 7,43% em relação a 2011, enquanto o de produção cresceu 2,89%. De acordo com a diretora de Economia e Estatística da Abiquim, Fátima Giovanna Coviello Ferreira, apesar de positivos, os números foram influenciados pela base fraca de comparação do ano anterior: “Os volumes cresceram pontualmente em 2012, aproveitando oportunidades de substituição de importação, bem como a base fraca, mas a produção e as vendas internas encontram-se estagnadas há seis anos, por falta de competitividade”.
Analisando-se especificamente os índices de volumes do último bimestre do ano passado, a produção caiu 7,10% em novembro de 2012, na comparação com outubro, e -9,79% em dezembro sobre novembro. No acumulado do 4º trimestre de 2012, sobre igual período de 2011, o índice de produção teve recuo de 2,01%. Segundo o relatório produzido pela Equipe de Economia da Abiquim, esses resultados foram afetados pelos apagões. No caso da indústria química, por operar em processo contínuo, um breve piscar de energia pode levar dias, ou até meses, para que a produção se restabeleça, sem contar nos prejuízos com as trocas de equipamentos e catalisadores.
Já a demanda interna por produtos químicos, medida pelo consumo aparente nacional, exibiu recuo de 0,72% em 2012, após dois anos consecutivos com crescimentos (+13,2% em 2010 e +9,68% em 2011), evidenciando uma acomodação de volumes no mercado doméstico. Apesar disso, a produção e as vendas cresceram principalmente pela substituição das importações dos produtos da amostra do RAC, cujo volume caiu 9,4% em 2012. A desvalorização do real, frente ao dólar, no ano passado, colaborou para essa modificação.
Por outro lado, o setor ainda sofre com a capacidade ociosa de suas fábricas. A utilização média das instalações ficou em 81% ao longo de 2012, ligeiramente superior à média do ano anterior, que havia sido de 80%. As importações caíram, em volume, no ano passado, mas ainda assim representam quase um terço de toda a demanda nacional por produtos químicos. Fátima Giovanna alerta: “A ociosidade das plantas permanece em patamares elevados, trazendo forte preocupação para as empresas que atuam nesse segmento. A falta de competitividade para atendimento da demanda local pode significar, em médio e longo prazos, desestímulo a novos investimentos”.
Para 2013, as expectativas são de que a demanda na ponta por produtos químicos mantenha a elasticidade histórica de crescimento em relação ao PIB (entre 1,25 a 1,5 vezes). A Abiquim ressalta que algumas medidas importantes, adotadas recentemente pelo Governo Federal, começarão a surtir algum efeito logo no início do ano sobre a atividade industrial, como a redução da tarifa de energia, a desoneração da mão de obra e a efetiva aplicação da Resolução nº 13/2012, do Senado Federal, vigente desde 1º de janeiro de 2013, que deve reduzir, principalmente, as importações decorrentes da chamada “Guerra dos Portos”. Fátima acrescenta: “Esperamos que as perspectivas positivas, aliadas à adoção dos pleitos da química solicitados na Agenda do Conselho de Competitividade, possam se traduzir em modificação dos padrões de competitividade atuais e fazer com que as empresas voltem a operar à plena carga.” |