Enquanto estuda concessões federais de aeroportos, rodovias e ferrovias, a CCR - especializada em infraestrutura - iniciou estudos para entrar em projetos bilionários do setor no Estado de São Paulo. Os planos da companhia, controlada por Andrade Gutierrez, Camargo Corrêa e Soares Penido, incluem rodovias estaduais e o ambicioso plano de ferrovias de passageiros entre cidades. As estradas de ferro, que demandarão quase R$ 20 bilhões, ligam diferentes municípios, como São Paulo e Campinas, e são acompanhadas de perto pelo poder público e por empresas do setor.
Os chamados "trens regionais" percorrerão 430 quilômetros de trilhos, que serão construídos e operados por meio de parceira público-privada (PPP). Do desembolso total, R$ 12,5 bilhões virão da iniciativa privada e R$ 6 bilhões, do poder público. Também já manifestou interesse no projeto a Estação da Luz Participações (EDLP), do empresário Guilherme Quintella e o sócio BTG Pactual. O Estado ainda não publicou o chamamento público para manifestações de interesse - o que deve ocorrer ainda nesta semana.
Em entrevista ao Valor PRO, serviço de informações em tempo real do Valor, o presidente da CCR, Renato Vale, disse que a companhia também tem interesse em mais linhas do metrô paulistano. Em especial, nas linhas 6 e 20, cujos editais estão às vésperas da publicação. A empresa já controla a Linha 4-Amarela, que sofre com superlotação no horário do rush. "Demanda em São Paulo não é um problema", afirmou.
Além dos projetos na capital paulista, a companhia acompanha oportunidades de mobilidade urbana em Salvador e no Rio. "Existe muita coisa em infraestrutura, o que, se acontecer, vai ocasionar um desafio de demanda. Vai ter muito consumo de energia, cimento, aço, asfalto, gente... Mas achamos que é por aí mesmo".
A CCR também já começou a se preparar para os polpudos contratos de concessões federais. Entre eles, os aeroportos de Galeão (RJ) e Confins (MG), que já tiveram concessão anunciada pela presidente Dilma Rousseff e demandam investimentos totais de R$ 11,4 bilhões. "Estudamos os dois", informou o executivo.
A companhia está em busca de uma nova parceira internacional, pois a suíça Flughafen Zürich, que participou com a brasileira na última rodada aeroportuária, não tem qualificação suficiente para disputar o próximo leilão - de acordo com as exigências anunciadas pelo governo, a operadora suíça não tem o número mínimo exigido de passageiros movimentados ao ano, estabelecido em 35 milhões. Vale disse que não é permitido que a CCR seja a única operadora do consórcio, mas que ela ainda pode integrar a sociedade. "Estamos procurando [outros] parceiros, com conversas avançadas", afirmou.
A companhia ainda dedica atenção às nove licitações federais deste ano no setor rodoviário - com investimento total de R$ 42 bilhões, sendo R$ 23,5 bilhões nos cinco primeiros anos de contrato. Os estudos internos da CCR sobre os dois primeiros empreendimentos a serem leiloados, as BRs 040 e 116, serão fechados na próxima semana. "Vamos estudar todos. Por enquanto, estamos sozinhos, mas abertos a sociedades", disse.
Apesar da quantidade de oportunidades, o presidente afirmou que há capital disponível para os investimentos e que aquisições não estão descartadas. "Em logística, estamos há três ou quatro anos tentando identificar uma oportunidade clara nesse sentido. Ainda não identificamos, mas infraestrutura é assim mesmo, um negócio a longo prazo".
Se considerados apenas os negócios atuais, o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) deve dobrar até 2016, para um número entre R$ 5,5 bilhões e R$ 6,5 bilhões. Os investimentos devem se manter acima de R$ 1 bilhão ao ano, levando em conta desembolsos para a concessão viária Transolímpica, no Rio, e a compra de 15 trens para a linha do metrô paulistano, controlada pela companhia. (Valor Econômico).
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