Até agora uma companhia em estágio pré-operacional, a Hidrovias do Brasil conquistou neste mês seu primeiro cliente e, com isso, entra definitivamente na disputa pelo mercado de operação logística. Criada pela P2 Brasil, joint venture entre Pátria Investimentos e grupo Promon, a companhia agora tem o desafio de atrair mais interessados ao transporte aquaviário - hoje responsável por apenas 11% da movimentação de cargas no país.
O contrato firmado com a Vale tem duração de 25 anos e prevê o transporte de 3,25 milhões de toneladas de minério anualmente. A carga é proveniente das operações da mineradora em Corumbá, no Mato Grosso do Sul. A Hidrovias se comprometeu com investimentos de US$ 400 milhões para atender a Vale, em regime de take or pay - modalidade de contrato em que o cliente é obrigado a pagar uma certa penalidade caso não use os serviços solicitados.
O contrato firmado prevê construção e operação de barcaças e empurradores por parte da Hidrovias. Os comboios, que medem 285 metros de comprimento e 60 metros de largura (equivalentes a dois campos de futebol), navegarão por cerca de 2 mil quilômetros pela hidrovia Paraná-Paraguai (de Corumbá até a Bacia do Prata), atravessando quatro países: Brasil, Paraguai, Argentina e Uruguai.
Antes de firmar o contrato, a Hidrovias ainda assinou um acordo para compra da uruguaia Limday, de transporte fluvial de celulose. Firmado em março, o acordo prevê pagamento de US$ 6,25 milhões.
As novas operações da Hidrovias foram precedidas pela entrada de dois novos sócios: em fevereiro, a companhia firmou acordos que preveem aportes da canadense Alberta Investment Management Corporation (AIMCo) e da Temasek Holdings, de Cingapura. Cada uma (AIMCo e Temasek) terá, ao fim do aporte, 22,73% da Hidrovias - de acordo com relatório da Secretaria de Direito Econômico disponível na internet. O aporte dos novos sócios e do controlador chegará a US$ 220 milhões em três anos.
Embora não tenha passado por uma oferta pública inicial de ações (IPO, na sigla em inglês), a Hidrovias é uma sociedade com registro de companhia aberta, constituída em agosto de 2010.
Atualmente, a Hidrovias é controlada pela P2 Brasil, que tem 67,54% do capital total. Temasek e AIMCo têm 16,23% cada uma.
Sua controladora, a P2 Brasil, é um fundo de private equity criado em 2008 e cujo capital é detido por Promon, com 40%, e Pátria, com 60%. No último ano, o fundo concluiu suas captações no mercado, que totalizaram US$ 1,15 bilhão. Com esse montante, os executivos da companhia dizem ser possível alavancar aportes de US$ 4 bilhões a US$ 5 bilhões no país em projetos nos próximos anos. O fundo atuará em logística e transporte, óleo e gás e saneamento.
A Hidrovias do Brasil foi a segunda empresa a receber investimentos da P2 Brasil. A primeira foi a NovaAgri (que teve 97% das ações compradas pelo fundo), especializada em logística de commodities agrícolas.
Fonte: Valor Econômico |