Finlândia - O pequeno município de Porvoo, a 50 quilômetros de Helsinque, na Finlândia, quer se tornar a primeira cidade energeticamente eficiente e com residências sem emissões de gás carbônico. O primeiro bairro residencial desenvolvido com esse conceito já está em construção. A ideia é gerar qualidade de vida com baixo impacto ambiental, sem pesar no bolso dos moradores.
Segundo o chefe do Departamento de Planejamento urbano de Porvoo, Eero Löytönen, o bairro chamado Skaftkärr está sendo pensado para que os edifícios, serviços, tráfego e gestão de resíduos e abastecimento energético incluam critérios de sustentabilidade, eficiência e redução de emissões desde o projeto. O consumo de energia e as emissões de CO2 serão, respectivamente, 38% e 30% menores do que os de outros bairros. Mas o objetivo é zerar as emissões de CO2 das residências até 2020, quando todas as obras e serviços estarão concluídos.
Transformação - Em meio a charmosas casas de madeira e ruas irregulares, algumas construídas na Idade Média, novas e modernas residências estão sendo construídas. O primeiro lote terá apenas algumas casas e vai funcionar como piloto. Nessas residências, que ficarão prontas no fim do ano, serão feitos testes com diferentes tecnologias para ver o que funciona melhor e quais aspectos devem ser melhorados.
As casas novas terão estrutura mais resistente a baixas temperaturas, diminuindo a necessidade de aquecimento. Atualmente, 70% do aquecimento dos edifícios da cidade é produzido de maneira renovável. A meta é chegar a 2015 com 90%. "Por meio da produção e utilização de energia de maneira inteligente poderemos alcançar uma economia considerável no consumo, nas emissões e nos custos para os futuros moradores", afirma Löytönen.
Algumas medidas vão complementar a redução do consumo, como a conscientização da população. É o caso da instalação de instrumentos de medição de energia em cada casa do bairro. Os medidores vão permitir o monitoramento do consumo energético por residência em tempo real. Por meio do aparelho, as famílias poderão ver o que ocorre com o consumo da casa quando se liga uma máquina de lavar, por exemplo.
O projeto prevê ainda investimentos em ciclovias amplas e com rotas conectando as residências ao centro da cidade e aos principais serviços para incentivar a bicicleta como meio de transporte.
Para que os resultados finais correspondam ao esperado, Löytönen ressalta a importância da participação da sociedade. "Estamos trabalhando com todos os atores locais para que não seja um processo isolado." Reuniões com a participação de autoridades, empresas de energia e sociedade civil ocorrem periodicamente para discutir o projeto. A intenção é promover, desde o princípio, integração entre quem vai coordenar, fornecer serviços e morar no local.
De acordo com Löytönen é possível consumir menos energia e gerar menos gases de efeito estufa se esses aspectos forem incluídos no planejamento urbano das cidades. "É uma questão de planejar os princípios do crescimento urbano", afirma Löytönen. Ele diz ainda que o modelo não foi feito exclusivamente para Porvoo, pois pode e deve ser adaptado para outras cidades.
Fonte: Portal Terra |