Com a geração eólica já consolidada no Brasil e em vários outros países, a Siemens aposta que a geração solar deverá iniciar um ciclo de expansão semelhante ao verificado pela energia produzida a partir da força dos ventos. "No mundo todo, a energia solar está atrasada sete anos em relação à eólica. Mas agora, esta fonte está chegando fortemente", afirmou Ronald Dauscha, diretor de tecnologia e inovação da Siemens.
De acordo com informações da empresa, a expectativa é de que a geração de energia a partir da fonte solar conquiste rapidamente espaços no mercado mundial nos próximos anos.
Em 2009, as usinas fotovoltáicas contavam com uma capacidade instalada ao redor do mundo de 23 mil MW, ao passo que as usinas eólicas detinham 158 MW de potência instalada. A previsão da Siemens é de que em 2015 as plantas fotovoltáicas deverão proporcionar uma capacidade conjunta de 140 mil MW, ante 400 mil MW projetados para a geração eólica para o mesmo ano.
O diretor da Siemens acrescenta que a expansão da geração eólica e fotovoltáica encaixam-se em um contexto mundial de aumento da participação das fontes renováveis nas matrizes energéticas. Segundo Dauscha, um dos focos nos esforços de inovação a serem empreendidos nos próximos anos será a busca por formas de armazenagem da energia gerada por essas duas fontes.
No Brasil, as plantas de geração fotovoltáica já estão ganhando escala. A MPX, uma das empresas do conglomerado do empresário Ike Batista, inaugurou em agosto uma usina fotovoltáica de 1 MW de capacidade instalada, energia suficiente para abastecer 1,5 mil famílias da região.
A usina, erguida em Tauá, no sertão do Estado do Ceará, representa um avanço nas características dos projetos de geração fotovoltáica implantados até o momento no Brasil. "Trata-se da primeira usina fotovoltáica integrada ao sistema elétrico interligado do país", disse Marcus Temke, diretor de implantação e operação da companhia.
O projeto da usina consumiu investimentos da ordem de R$ 10 milhões, sendo que US$ 700 mil desse total foram obtidos junto ao Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). Os recursos foram utilizados para a construção de uma planta com 4,68 mil painéis fotovoltaicos.
Durante a inauguração, a empresa anunciou acordo com a GE com o objetivo de duplicar a capacidade instalada da planta. Com a expansão, serão instalados na usina mais 6,9 mil painéis, totalizando 11.580 módulos solares. "A MPX é pioneira em energia solar no Brasil e investiu por acreditar no desenvolvimento dessa fonte no médio e longo prazo. Com a GE, impulsionamos o nosso empreendimento, previsto para chegar a 50 MW", afirmou o presidente da MPX, Eduardo Karrer. "O projeto foi concebido para contar com uma capacidade total de 50 MW", acrescentou Marcus Temke.
A Eletrosul, geradora e transmissora de energia do Grupo Eletrobrás, também está aderindo à geração fotovoltáica, com o projeto Megawatt Solar, que se encontra em fase de licitação.
O projeto prevê a construção de uma usina fotovoltáica com 1 MW de capacidade instalada na própria sede da empresa, cujos telhados serão cobertos por cerca de 10 mil metros de painéis fotovoltáicos.
No fim de agosto, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) aprovou a implementação de projeto piloto da Coelba, concessionária que atua no Estado da Bahia, para geração solar fotovoltáica no estádio de futebol Governador Professor Roberto Santos (Pituaçu), na capital baiana, que será o primeiro estádio do Brasil a contar com esse tipo de iluminação. A estimativa de geração anual é de 630 megawatts/hora e a entrada em operação comercial da usina está prevista para dezembro. Como a geração prevista é aproximadamente 75% superior à carga do estádio, a energia excedente poderá ser utilizada para abater o consumo de outras unidades consumidoras previamente cadastradas para esse fim.
(Fonte: Valor Econômico) |