A fabricante de origem francesa Alstom está planejando investir R$ 10 milhões nos próximos anos para iniciar a produção de veículos leves sobre trilhos (VLTs) no Brasil. O objetivo da empresa é que a fabricação atenda a demanda oriunda de contratos de fornecimento para o poder público. Atualmente, são estudados pelo menos cinco projetos do modal em grandes cidades no Brasil - Rio de Janeiro, Santos, Goiânia, Cuiabá e Vitória.
Entre os projetos de VLT, se destaca o idealizado pelo governo do Estado do Rio de Janeiro. O projeto do chamado Porto Maravilha, no Rio, que está sendo elaborado pela CCR (vencedora da concorrência pública de estudos em novembro do ano passado), tem previsão de início de operação para a Olimpíada de 2016.
De acordo com o diretor-geral de transportes da Alstom, Ramon Fondevila, a empresa tem boas perspectivas no segmento com as concorrências esperadas para os próximos anos.
O investimento no novo mercado poderia fazer a empresa ampliar a participação do faturamento no setor de transportes. Hoje, mesmo sem as receitas com VLT's, a companhia está alcançando um faturamento de R$ 1 bilhão por ano na área de transportes nos próximos anos. Em cinco anos, o impulso do setor ferroviário atingiu o índice de 20% das receitas totais da divisão da empresa.
Segundo Fondevila, mais de 90% dessas receitas são oriundas de contratos com o poder público. Um exemplo é o fornecimento da tecnologia de comunicação CBTC (sigla Communications-Based Train Control) para as linhas 1, 2 e 3 do metrô de São Paulo - sistema que reduz o intervalo entre um trem e outro.
Também forneceu a infraestrutura da linha 4, incluindo a alimentação de energia, telecomunicação e outros sistemas, como escadas rolantes, elevadores e ar-condicionado para as estações. Além do metrô paulistano, no Brasil a Alstom é fornecedora de equipamentos para os sistemas de metrô do Recife, do Rio e de Brasília.
A atenção ao segmento em expansão no Brasil coincide com um momento em que, globalmente, o primeiro semestre fiscal da companhia (de abril a setembro) registrou queda de 9% em relação ao mesmo período do ano passado, cerca de € 360 milhões. Nos últimos meses, as vendas permaneceram em níveis baixos. Segundo a companhia, a crise econômica reduziu o faturamento com pedidos em 10%.
Atualmente, os mercados emergentes são considerados os de maior importância para a companhia. Ao lado de vagões e equipamentos ferroviários, como materiais de sinalização, energia é um mercado com forte geração de resultados para empresa no Brasil. Até 2014, o faturamento total da companhia deve crescer entre 20% e 30% no Brasil - segundo Fondevila.
No último ano fiscal, a empresa já fez um investimento de R$ 3,9 milhões no Brasil, sendo R$ 2,8 milhões na unidade do bairro da Lapa, em São Paulo. Um dos últimos contratos da fábrica foi o fornecimento de 12 novos trens para o metrô de Brasília.
(Fonte: Valor Econômico 10/11/2011) |